segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Banco da Tristeza...

Estou sentado num banco no jardim que reside mesmo em frente da minha humilde casa. Passam pessoas e eu ouço os seus comentários, ouço frases completas e frases por completar, ouço murmúrios, lamentações e frustrações e outras coisas mais. De repente cai no meu nariz um pequeno floco de neve, era tão pequeno que os meus grandes olhos faziam chorar esse pequeno floco. Depois dele veio outros mais, e o que nuns instantes era um jardim verde, agora era um jardim branco. Cada floco atraia mais um, alguns não chegavam aquele jardim, porque iam chorando durante a sua viagem, e acabavam por derreter. Passaram várias horas desde que eu estou ali sentado, e os flocos continuamente caiam. Aquilo era como um arraial de espuma. As lágrimas escorrem-me pelo rosto e a minha emoção ferve como ferve a água quente. A minha força é quase nenhuma. Estou com medo. Talvez tanto floco estivesse a retrair-me e a deixar-me ficar pequeno. Volto a minha cabeça para cima e os flocos caem nos meus olhos e formam novas lágrimas. O sentimento vigora no meu coração, a tristeza reino naquele reino branco, onde a única população é aquele campo branco. Ao longe posso ouvir o canto do lago que congelado, tenta fazer-se ouvir. Dentro dele o meu reflexo parece uma pedra forte e espinhosa, que nem com um pé ela parte. Sentia o lago triste como sentia os flocos tristes. Se eu chorava naquele grande campo branco, os flocos choravam fortemente e o lago também. A certa altura o lago triste, começou a mexer-se e as pequenas folhas queimadas também. A neve começou a derreter, e os seus choros foram com ela. Naquele momento, aquilo já não era nada, era apenas um campo sem nada. O lago não estava lá, os flocos de neve desapareceram e eu estava ali. Estava congelado e o meu íntimo frio. Todas as lágrimas que largara vinham do meu escrupuloso íntimo. Dentro de mim o medo lutava contra a força e a tristeza contra a felicidade. Eu era como um rolo de lá, onde cada linha passa por cima de outra e onde cada uma luta por si. Sem mais demoras caio para o lado... O meu coração parara e eu ficara ali naquele banco e naquele jardim. Agora é noite e eu não me consigo mexer. O medo ganhou e a tristeza triunfou e o meu íntimo desapareceu, porque não era o lago e a neve que desapareceram, mas sim o meu íntimo. Agora o que sou, meramente nada, sou um corpo vazio e uma alma desfigurada...

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