quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Saudade...

Manifestei opiniões, criei argumentos, mas tudo em vão. Cada acto, cada palavra, cada acção era só mais um mero teatro. Sim, podia inundar todo o mundo com palavras e construir casas com frases, mas em vez disso, cantei. Cantei para quem me deu ouvidos, cantei para quem ali estava. Compôs melodias, e escrevi pautas, toquei-as num rio e os peixes fugiram. Abri caminhos com as minhas notas e com o meu teatro, foi feliz, agora sou a melancolia que surge num aparte num mero e triste teatro. Tentei ser água, que ao bater nas rochas tocaria, mas em vez disso foi rocha, essa que produz o som de uma guitarra velha. Parei na praia e naveguei ao som do mar e do vento, mas na verdade, era o vento que me fazia tocar aquela melodia. Então voltei a por pés a Caminho, mais uma vez, e voltei a abrir caminho, o som que eu produzia conseguiu abrir montes e vales, oceanos e florestas, mas os ouvidos das pessoas ainda estavam fechado. Numa noite peguei no maravilhoso som dela, e dali compôs a mais bela harmonia agrafada numa pauta encantada, que não passava do brilho das estrelas. Era uma pauta furada e entristecida, mas cada nota, podia brilhar nos ouvidos de quem a ouvisse. Mais uma vez saí dali e andei mais um pouco, sem mais demoras e sem me dar conta, parei em baixo de um ninho pequeno, onde lá só caberiam uns dois pássaros e mais nenhum, peguei em paus e construí uma pequena e frágil escada, onde com a ajuda dos insectos cheguei ao ninho. Foi maravilhoso o meu espanto quando vi um abraço de um lindo pássaro a outro, foi maravilhoso quando ouvi o chilrar dos pássaros, mas com pena saí de lá e caí em mim. Abri os olhos e vi que a única musica que saía de mim era somente a música da saudade, cada nota, cada som, formavam lugares e animais que eu adorava, cada gesto feito e ouvido, era a saudade, quando me punha a caminho, os passos que eu ouvia não eram os meus, eram os passos daquele invulgar sentimento. Foi então que me virei e vi algo maravilhoso, a noite... Cada estrela a brilhar no céu é como se fosse uma memória minha que dava originava aquele sentimento... Então pairei sobre o ar e voei... Voei até ouvir o adeus de alguém que me amava... Voei até acabar aquela melodia agrafada... Voei até ser feliz… E depois irei transmitir esta felicidade, para que todos possam voar e a apagar deles este belo, mas triste sentimento, para que cada um possa ser feliz e possa transmitir esta bela felicidade, por isso vou voar até apagar a saudade e a encontrar a tristeza…Vou voar…

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa os teus comentários, para eu os ler e responder...