terça-feira, 11 de outubro de 2011

Canoa...

Impélo sobre algo, a minha alma destemida no fundo do mar. Esse mar perdido no deserto do meu ser. Tentei transformar esta canoa no transporte de mim mesmo e quis fazer dela um rumo no infinito lugar que ela tentava percorrer. É um pequeno barco que mana, magoas e sentimentos, emoções e suposições, mas que acima de tudo aguenta com algo e esse algo sou eu. Esta canoa e o reflexo de uma alma que alguém a perdeu e que nunca mais a foi buscar. Um sentimento brota de um pequeno orifício que ela nos seus forros, aos quais lá tem as nossas memórias carismáticas. São memórias flexíveis e descartáveis que eu larguei nesses forros que se aproximam a caixa que dentro de mim se esconde. Há um banho de água viva em volta desta canoa em alto mar de angustia, sempre que ele está agitado é como se essas memorias descartáveis fugissem dali e fossem para dentro do mar, de forma a tornar o mar mais angustiante. Tristemente está o meu interior derretido pela lava que corre ao fundo de um mar angustiante. Ela queima as minhas entranhas e reaquece as minhas emoções de forma a tira-las e a leva-las para um céu. Um céu onde esta canoa não chega nem onde nunca irá chegar. Fiz demasiada força para que esta canoa pudesse voar e chegar as minhas emoções ressequidas, que acabei por embater numa rocha forte e negra. Bati e a minha canoa como estava frágil acabou por afogar-se e com ela afogaram-se também as minhas poucas memórias descartáveis que lá tinha nos forros. Amargamente chorava ao mesmo tempo que as águas me levavam para o fundo do meu íntimo que residia no fundo naquele mar de angústia. Preso já no fundo do mar acabo por morrer com as minhas memórias descartáveis. As minhas lágrimas transformam-se em sal e os restos da minha canoa, juntam-se as areias do mar, que pelo seu carisma não apodrecem ficando lá para sempre. Aquele mar de angústia terá as minhas memórias, mas eu vivo. Vivo para apagar aquele mar, porque aquilo não é mar, é algo que me revolta e algo que me faz recear estar vivo. Sem mais demoras sairei dali, onde a minha alma pudera voar, mas o meu corpo e as minhas memorias lá ficam ao sabor daquele mar angustiante...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa os teus comentários, para eu os ler e responder...