domingo, 23 de outubro de 2011

Vinte e quatro horas...

São vinte e quatro horas tristes...Tudo começa de manha, quando a crueldade ainda paira no ar e tudo acaba quando a crueldade volta a voar para o ar. As vezes penso que desaparecer seria a melhor solução, mas não. Fugir não adianta, quando as horas estão contra ti. Paro em frente a um parque, antes de ir para o meu lugar habitual. Observo como brincam as crianças e como no ar há o cheiro de crianças a brincar, consigo ver um cão livremente a roer um osso, mas eu. Eu sou uma espécie de estátua ali parada num banco, que acaba por sair. Estou novamente sentado num relvado seco, onde de perto posso ver os pequenos seres a brincarem com chocalhos, e alguém a dizer: eu gosto muito de ti... Aqueles pequenos movimentos ora levanta, ora cai, são simplesmente divinais... Retorno a estar sentado, agora acompanhado com uma pessoa cujo nome não sei, mas lembra-me alguém. Essa pessoa é a minha consciência, que está perdida, tanta confusão na minha cabeça, diz ela eu por mim estou aqui parado sem fazer nada digo eu, mais tarde volto a olhar para o meu lado e vejo ao longe um grande ser que necessita da minha ajuda, e eu foi. Na verdade o grande ser que necessitava de ajuda era eu... Assim que cheguei ao lugar pude ver que as flores choravam lágrimas que o próprio céu as tinha chorado, eram lágrimas intensas e grandes, cada gota daquela flor e daquelas árvores, conseguiam purificar o meu coração e espantado vejo um pequeno animal e vaguear-me e a sussurrar-me ao ouvido, estas lágrimas são tuas, dizia ele, mas eu não as senti cair do meu rosto, dizia eu, mas a tua consciência demorou a mostrar-se mas finalmente ela chorou aquilo que tu guardas para ti as vinte e quatro horas, disse ele e foi-se embora. A facilidade com que estas lágrimas saíram dentro de mim é um facto, mas a verdade é que eu começo a desaparecer, os sentimentos são meras cócegas na minha barriga, as vontades são meros obstáculos no meu ser e as vinte e quatro horas, são a realidade do meu entendimento. Não são vinte e quatro horas normais, são um espelho reflectido no meu olhar. Eu posso ter visto muita coisa, mas e a mim, eu não me consigo ver, cada palavra que digo, cada acto que faço, cada posição que tomo, são apenas meras sombras que o meu corpo projecta por isso choro, por isso a minha alma chora, porque são vinte e quatro horas tristes...

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