domingo, 26 de fevereiro de 2012

Os Olhos Falam...


Estou em frente a um vidro que consegue pelo seu carisma fraco ser baixo. Não tenho pena, simplesmente não sinto nada em relação a isso! Percorri memórias, estradas e caminhos que pelo seu interior querem ser vistos pela alma de um pobre pedinte. Olhei para o espelho e não vi senão lágrimas, que foram perdidas pelas saudades de algo nunca conquistado. Os meus olhos são as perolas que alguém as encontrou, mas depressa as deixou fugir. Será que alguma vez as tentou conquistar? Deveras. Sempre atingi um objetivo, e como posso ficar feliz? Está alma não se contenta com isso, é um circulo sem vida e sem vida morrerá, mas porque é que esse alguém continua no meu caminho? Não sei que dizer mais, mas sempre que olho para o espelho, os meus olhos falam tristeza e escrevem tristeza no espelho do luar, que naquela noite partiu em busca de algo, que nunca conseguirá! Porque me sinto cego, ou talvez inexistente. Os meus olhos já caminharam muito e já viveram muito, mas a verdade é que ninguém ainda os fez viver por isso é que eu nunca olhei para futuro como sendo um lugar em que irei viver e ser vivido. Sinto que não consigo ser nada e nunca poderei ser nada, sinto que sou mais um entrave no mundo do que o mundo é um entrave para alguém. Ouço ao longe um piano a tocar e tocam tão suavemente que as minhas lágrimas deixadas pelos olhos conseguem embaciar o espelho... Serão quentes? Ou simplesmente especiais? Não sei porque escrevo com lagrimas de alguém que quer ser ouvido, se a voz destas palavras encontram-se na alma, que é minha, e que está presa no ventre da saudade? São perguntas sem resposta, mas também respostas sem perguntas, a verdade da alma é que ela é um ser normal e fantástico, enquanto a saudade e a tristeza não passam de meras linhas que me ofuscam a alma e os olhos. O som do piano suavemente desaparece, mas a saudade ferozmente cresce e a tristeza rapidamente se alastra pelo meu pequeno corpo, que aquele pequeno espelho transmite, mas e agora corpo, que dizem os teus olhos? Nada, os meus olhos só dizem tristeza e saudade de algo que foi vivido intensamente e que agora ninguém o consegue viver. Quero desaparecer e procurar novos mundos onde os meus olhos possam dizer algo, algo com verdade e carisma, já que aqui, eles não dizem nem ninguém diz nada deles... Assim fala a alma dos seus olhos...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O pequeno ser do espelho...


Nada mais podia acabar com o olhar daquele espelho em pleno quarto, cuja divisão era tão pequena que nem a própria vontade lá cabia. Foram horas, momentos e segundos perdidos a olhar para algo que só refletia as mentiras. Não eram mentiras de serem vistas ou clarificadas, mas mentiras de ego e sentimento. Não havia uma só estrada que atravessava aquele espelho de um pequeno que o vê, era mais que isso, era o mar perdido que alguém pelo orgulho de ser outra pessoa fazia passar. O espelho só reflete aquilo que não queremos ver, e neste caso foi mais do que isso. Foram memórias passadas e vividas de mágoa cura, foram mentiras que alguém inventou vividas de mágoa fria, afinal foi o horror. Eram pouco mais que setembro meio, quando a escola começara, e que mal começara de forma verdadeira e digna, as memorias desses tempo são poucas, já que a vasta idade que se possuía naquela altura era pouco, ou quase nenhuma. O espelho é manhoso e não consegue transmitir aquilo que realmente passa na memória de uma pessoa, mas vai passando flashes de algo que se pode por em dúvida pelo menos que ouve, lê ou viu. Porquê então serem só flashes e não aquilo que na verdade se vê? São perguntas que um espelho velho irá responder, não sei quando, mas irá. Cada memória vivida é como se esfaqueassem no coração de alguém algo que de cruel aconteceu. Não basta haver atos bons e até uma peça de teatro boa, mas também haver quem os aprecie de forma critica e os resolva. Carrego nas minhas costas o peso da consciência morta de infelicidade, ou simplesmente um fardo de palha que possa ser a vida que ninguém quer. Era uma escola pequena pela sua dimensão, mas grande no seu horror. Não passava de seis anos na altura, mas o espelho dá mais idade a quem a verdade bateu a porta, numa manha de outono em pleno ano cuja gravura mostra. Eram sons, como risos, choros e até toques da campainha. Dias passam, anos passam e pela primeira vez, chega a altura em que se atinge oito anos, numa forma de serem o seu dobro. Era uma pessoa pequena, mas com uma largura extrema, e com uma fantasia extrema, mas será verdade. É isso que o espelho quer mostrar. Foram papéis colados nas costas da alma, foram pontapés dados ao íntimo e ele, sem fazer nada, ali permanecia em virtude das suas pequenas pernas. Foram nomes, ou palavras que nem nomes são, que intitularam e verbalizaram quem ali passava e estava. Talvez pudesse ali existir uma escada para onde se pudesse subir e ser o controlador de tudo, mas isso nunca existiu, pelo menos para aquele pequeno ser que ali circulava, nas mágoas da manha e na virtude do sol. As salas que eram pequenas, com pequenas mesas, não passavam de uma pequena caixa de bonecos em que o boneco maior era a professora. Vindos do exterior o ale de entrada para as salas, eram mais um lugar de convivo numa pequena cozinha, que um local para se lanchar. Aquele pequeno ser nunca fora forte em inteligência, alias ele não era forte em nada, era somente um pequeno ser que fugia a estrutura normal daquilo que era normal ver. E agora que reflete o espelho, o espelho reflete apenas aquilo que a memória não quer que alguém veja. Já o toque dá quando alguém se encontra na sala, aquele tinha sido o dia em que a professora não aparecera para dar aulas e os pequenos seres ficaram a navegar num mar de desejo e vontade. Aconteceram coisas que nem a própria alma quer que seja visto, mas o espelho exige em mostrar. Foram jogos, uns educativos outros nem por isso, mas a brincadeira continuou, sem que anda acontece-se. Acontece, que parte-se um vidro, e este pequeno ser que depois de muita algazarra decide ir-se embora, para o então ginásio. O medo era tanto que nem vontade havia de comer, nem de ir lá para fora. Recorda-se o espelho de alguém ter ficado sentado nuns bancos que lá existiam para quem estava doente, e de uma certa forma aquele pequeno ser estava. Surgem várias recordações, umas mais nítidas, outras nem por isso, mas a verdade que o espelho que traduzir está lá, basta imaginar. Os dias foram passando e o medo aumentando, quando o pequeno ser desiste e acaba por pôr fim aquele que era o seu maior tédio, viver fora do espelho… Assim recorda o espelho…

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Confuso...


O mar. Não sei o que é nem o que faz!
A saudade. Será um sentimento?
O carisma. É o meu fio condutor.
Caminharei por lados opostos no radiar do sol. Atrás dele virá o amor, que não passa para mim de um simples artefacto historio, encontrado algures numa caverna, em pleno pilar do coração. Atrás do meu coração penso ser alguém, mas quem serei eu? 
Talvez o céu. Com as minhas memórias a flutuar!
Talvez o Horizonte. Com a tristeza a raiar!
Talvez o passado. Com a vivência perdida?
Não sei para onde caminho, se para a virtude se para o defeito! Não sei de quem são estes caminhos que piso e passo, se serão do passado ou futuro, ou se podem ser uns meros trilhos da tristeza. São perguntas, que as respostas perderam, e são estas as perguntas que uma mágoa tem!
Tento ser a maré. Para transportar as mágoas para a superfície.
Tento ser eu mesmo. Para colocar a tristeza dentro de mim.
Tento ser o papel. Para dele escrever palavras que são a minha alma.
São estas as palavras perdidas que uma alma deixa nestes trilhos onde o íntimo caminha, onde a virtude nasce e onde a alma se perde. Sou piegas em transbordar os sentimentos em forma de palavras e lagrimas, sou piegas em ser quem sou, um simples acto sem actores.
Sou o som. Transmito as palavras que a minha alma deixa ao coração.
Sou a felicidade. Mas apenas porque a alma transporta a serenidade.
Sou apenas eu. Que tento escrever algo que me faça descobrir.
Descubro, mas não consigo decifrar, por isso vagueio pelo deserto das palavras em busca de algo que me faça realizar, porque não sei o que escrevo, nem o que sou, não sei para quem escrevo, nem que intuito.
Apenas sou um complexo de sentimentos, que a alma não suporta e por isso aborta... 
Apenas sou quem me quiser escutar...
Apenas nem sei se é alma que escreve ou o íntimo que dita. 
Apenas irei procurar...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Quando eu olho para ti...


A nitidez é surda,
A verdade é muda,
Mas o olhar é verdadeiro.
Quando eu olho para ti, o brilho nos olhos cai sobre a patena que guarda as minhas lágrimas que pela saudade e pela tristeza são alvo de um coração partido em pedaços que nem os dedos os contam. Penso que esta patena não é dourada pela sua forma, mas sim pela riqueza das minhas puras lágrimas.
A saudade é um fruto,
A Tristeza é uma raiz,
Mas a alma é verdadeira.
Consigo olhar para ti com olhos de quem te rouba a cara, mas na verdade são olhos de quem te deseja. Através dos dias que passam descubro quem tu és, mas sem os dias és como uma flor sem água, ou seja, acabas por murchar.
O caminho é cego,
Porque a virtude assim o fez,
Mas os buracos nele são as minhas caixas de recordação.
Quando olho para ti, é como se a minha alma morre-se afogada de um desejo prematuro. Sempre que caminho atrás ou ao teu lado, o meu coração não é um coração, é uma máquina que transborda um sentimento que não consigo decifrar.
O meu coração é um cadeado,
Guarda tudo o que tenho,
Mas o sentimento sou eu que o engenho.
Se olhar é uma sensação, o que será então este sentimento? Vivo na realidade que não sei se ele existe ou se não passa de uma pura invenção. Porque é que o som de um relógio se parece com o meu coração?
Quando eu olho para ti
O meu coração sorri,
Mas a alma desaparece.
Porque é que olhar para ti, não me causa nenhum sentimento? Porque é que eu sonho em vez de haver realidade? A nitidez é como um vidro bem limpo, sempre que eu quero ver algo ele mostra-me, mas porque é que eu olho para ti? Não sei, olhar para ti projecta no meu coração um sentimento, mas a alma esconde-o, porque é demasiado mentiroso para ser verdadeiramente um sentimento.
Quando eu olho para ti,
A alma não responde, 
E o coração rompe de dor...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Fruto Proibido...


Permaneço com ele, eu acabo com ele. Escrevo o seu nome no meu íntimo, ou apago-o. Assim começa a nova história. Não é uma nova história, mas sim uma história antiga. Cada data e cada vida por ela vivida é uma forma de exprimir o que esta alma descreve e sente. Após o tic tac do relógio, o meu coração condena um segredo. Não é um segredo qualquer, é o seu fruto proibido. Percorro uma estrada onde o íntimo é alvo do pó dos carros e este corpo miserável é o centro da ignorância. Nas minhas costas e no meu peito, está o verdadeiro e único fruto proibido. Já não sei se é um segredo, ou se é uma omissão. Cada palavra cantada no meu íntimo releva uma mentira que não foi revelada. Não consigo continuar a suportar este fruto proibido que assombra o meu coração e corroí a minha alma. A guitarra do meu mundo acaba com as cordas que ainda restam, assim como eu acabo com as linhas que me unem ao fruto proibido. A tentação da minha virtude é divulgar isto pelas ruas e ruelas, pelas vilas e cidades, mas a ironia do destino não a permitiu. Como posso fazer sentir se eu não consigo sentir este fruto? A cada minuto que passa a minha alma, tornasse escrava dele e ele rei do meu corpo. A coroação começou desde que o íntimo perdeu a vitória e ganhou a derrota, mas afinal o que é este fruto? Este fruto não é mais nem menos que o fulgor de uma pessoa que caminha só e vive só. É algo que a vontade não explica e que a virtude da alma não sente como sente o vento a passar nos meus finos cabelos. Penetra nas minhas auto-estradas o verdadeiro momento em que o fruto foi e é revelado. Contudo este fruto sou só eu. Sou eu que penetro em mim mesmo e que gero este fruto, sou eu que fujo e que permaneço com ele, sou eu que escrevo o seu nome e que vivo na ignorância de o dizer, ou então sou eu que não sou ninguém. Este fruto por várias vezes tentou ser quem não podia ser, uma pessoa feliz, tentou enveredar pela mentira, mas com a força da vontade foi sempre cair no patamar da verdade. Este fruto é um fracasso e com ele vai este corpo incorrupto que o persegue diariamente. Afinal quem ou o que é este fruto? Simplesmente sou eu. Eu sou o fruto proibido que com as minhas ramificações torna outras pessoas também elas frutos proibidos e porquê? Porque atrás deste fruto proibido está um segredo, que pela virtude do medo e da insegurança nunca será revelado... Assim fala a alma...

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Raiz do medo...


Detesto, mas sinto. Minto, mas acredito. Apago, mas alguém escreve. Começo assim a sentir o medo. Caminho num lugar escuro, onde a única luz é a verdade. Lá ao fundo está uma porta, mas não é uma porta normal! É a porta dos sentimentos, dos quais eu nunca tive a oportunidade de sentir! Penso que sou uma mentira, coberta pelo creme da verdade, porque digo que nunca senti, mas é mentira. Eu sinto só uma coisa. O medo. Este sentimento é para mim, um fruto com o qual eu tenho que lidar no dia-a-dia. Porquê ter medo? Porquê senti-lo e vive-lo? Consigo ouvir uma bela melodia e tento encara-la, mas o medo assombra-me. De repente começo a correr em direcção a um rio, que transborda tristeza, pelas suas finas margens, mas não consigo! Eu sou a raiz do medo e por isso não sou ninguém. Mas porque é que eu sou a raiz dele? Tenho um caderno e com ele fiz linhas de memória para que nenhuma parte da minha vida fosse esquecida, mas falta uma memória que tenho receio em escreve-la, que é a memória sobre o amor. As lágrimas foram demais, a tristeza cresceu como uma trepadeira e a saudade brotou. O amor para mim, é mais que amor, é medo. Nunca tive a coragem de escrever sobre ele, mas porquê? Deveras senti o amor e quando o senti, foi fracções de nem sequer poder aplicá-lo. Sei que o amor é o maior medo de todos, mas na verdade como pode ser de todos se quase ninguém o encarou como medo? A minha cronologia é um veneno mortífero, que quando afecta as minhas veias, não há como escapar e o medo será o quê? São tantas as perguntas que esta alma me faz, podendo até desconfiar das respostas dadas a ela, mas como será o medo? O medo não é ninguém, é como o amor, para quem nunca o sentiu, mas o medo em contrário ao amor é um veneno, tal como a minha cronologia, ambos em grande força diariamente me afectam e diariamente põem-me triste. Por vezes tenho medo de sentir o medo, mas o íntimo protegem-me, mas não me dá a capacidade de o enfrentar, por isso sou a raiz dele, embora eu sem o meu íntimo não sou nada. Nunca serei nada, serei apenas um alma, no limiar da infelicidade e no limiar da pobreza sentimental. Que posso fazer para deixar de ser a raiz do medo? Ser um sentimento, mas forte? Nunca poderei ser um sentimento mais forte, porque eu não sou ninguém e nunca o serei... Assim fala a alma...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Escalada...


Como posso saber de algo, que na minha vida foi uma assombração. Toquei em mãos e senti caras. Vivi vidas que nunca pensava em viver, mas morri com elas ao fim de uma longa-metragem. Sempre tentei subir algo, que fosse para além do meu entendimento, mas a minha alma nunca me deixou. Vaguei no deserto de mágoas a procura de uma estrada que me transporte para aquilo que realmente eu queria sentir, mas foi impossível. Olhem para trás e vi a assombração continuamente atrás de mim, sem que eu pudesse fazer algo. Então subi mais um bocado, com a força das minhas mãos a esgotar-se. Consigo ver ao longe um bocado de uma pedra que sai da barriga daquela encosta que serve de apoio as minhas emoções perdidas, e lá me sento eu. Sinto que passam minutos, horas e até dias, e eu ali, como se fosse uma flor em que a raiz se penetrou na rocha e que não quer sair. O que faço? Volto a minha fronte para trás e vejo algo que nunca vi, um reflexo verdadeiro estampado num riacho que estava atrás de mim. Então corro velozmente para ver e sentir esse rosto. Olho para o riacho e consigo sentir a felicidade a brotar da minha fronte. Volto a subir com a força das minhas mãos e com o medo do meu íntimo. O meu relógio, já não toca e o meu coração já pouco bate. Aquela que era a encosta das minhas emoções é agora a encosta que me carrega, mas porque subo? Com medo olho para baixo, e vejo memórias esquecidas a saírem daquela encosta. Será que elas têm um destino virtuoso, ou simplesmente são memórias triste que desejam encontrar o seu lugar? Não sei porque subo, nem muito menos o que subo. Para lá da encosta encontram-se aquilo que de bom tem o meu entendimento, a verdade. Estou na divisão entre a minha alma e as minhas memórias e entre o meu entendimento e intimo. Que faço agora? A minha frente a direcção é irregular, e a subida é tremenda, mas o meu coração ainda aguenta mais uma subida. Estou confuso como se de mim nascesse algo glorioso para me dar força... Mas o que faço? As minhas memórias estão a desaparecer e o meu íntimo com medo, também desaparece, o que me resta é o entendimento que continua a brotar flores em todos os lugares do meu corpo e a alma continua a dar-me força e medo, então o melhor será subir? Deveras. A solução é parar com esta escalada e viver aquilo que de bom tem esta encosta, que é simplesmente viver aquilo que me faz feliz... Assim fala a alma...


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sete Badaladas da Vida...


Mas porquê olhar para o passado? Porquê continuar num caminho devastado de um sentimento morto. Quando me olho ao espelho, vejo uma alma vazia, sem ser vivida ou sem ser vista. Atrás de mim ouço um relógio que com força dá sete badaladas, serão estas as badaladas da vida? Ou será apenas uma melodia para se ouvir. Caminho numa estrada onde não se distingue qual o espaço do peão e do condutor. Consigo, com dificuldade, visualizar os carros brancos que se aproximam de mim, mas serão realmente carros brancos? Não sei. Escrevo poemas tendo em conta a badalada das sete vidas. Tocando uma, duas...até sete vezes, mas são badaladas não sentidas. A primeira percorreu as auto-estradas do meu íntimo, mas não chegou ao coração, a segunda foi simplesmente uma metamorfose de um sentimento falso, a terceira, nem me tocou na alma e por fim a sétima que pela sua forma fez doer algo. Doeu de uma tal forma que nem o coração aguentou e acabou por parar. Estou numa vida em que este som nada interfere em mim. Passam-se páginas, livros e bíblias de poemas sobre a vida e em nenhum deles se encontra os meus. Cada ponto e cada som, é como uma flor, tanto depressa cresce como a seguir morre, assim é este som. Estou num lago, congelado, em que a virtude do perdão está congelada e a sensação do amor, nem se quer permanece no gelo... Que posso fazer, que não sinto, mas vejo, que posso acrescentar a estas emoções? Faço laços com o sabor deste som, acrescento divas e notas a este som, mas fica sempre imperfeito. Ao fundo consigo avistar um livro, que pela sua força me atraí para ele. Tente folheá-lo, mas em vão. Cada folha passada, era como uma pequena flor de amêndoa que suavemente caía, mas estas pelo contrário eram suavemente passadas pelos meus grossos dedos. Após ter-me perdido neste mundo das sete badaladas da vida, sinto-me perdido, como se sente a pequena flor ao sabor do vento... Já não ouço mais nada e contínuo sem sentir mais nada, mas aquele som será sempre modificado assim que a minha vontade o preveja. Agora e perdido neste mundo, vou continuar a folhear este livro e a sentir-me perdido, sem resposta a estas meras e tristes emoções... Assim será...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Cidade...


Era noite, noite cheia de pequenos brilhos, ou era simplesmente dia. Cruzei pessoas e cruzei emoções, vivi novas vidas e novas emoções, mas tudo brotava um sentimento desconhecido. Conseguia ouvir no meio de uma ponte o som do badalar de um relógio, que fazia brilhar o meu coração. Se tenho um desejo, sim... Percorri caminhos desconhecidos e aventurei-me. Vi cores, formas e sentidos diferentes, por vezes tão diferentes que nem o próprio olhar os conseguia distinguir. Entrei e vaguei no meu barco a remos, já destruídos de tanto andar, novas estradas e novos caminhos, e porquê? Dentro do meu coração conseguiu surgiu um sentimento, que só não brotou de lágrimas, porque a fonte estava seca. Como posso desenhar este sentimento? Já não tenho lápis de carvão, nem tintas a óleo para fazer belas pinturas, então como faço? Tenho a memória da minha cabeça a esgotar, e por defeito de fabrico, poucas são as coisas que eu me recordo agora. Foram minutos, dias e horas a passar como passava o gelado do vento na minha cara. Tinha minutos e horas em que a minha boca não se mexia, os lábios estavam encolhidos do frio e as mãos geladas como cubos de gelo, mas que sentimento foi aquele. Vi gravuras e pessoas fora do comum, como aquele sentimento, mas não obtive nenhuma reposta. Em detrimento da própria alma, pôs de lado o conhecimento que tinha e parti para a aventura, cheio de sonhos ainda por realizar. É então que as tais palavras me saem da alma. As reticências me surgiam na cabeça, são agora pontos e parágrafos, os pontos de interrogação são agora certezas bem tomadas e bem vividas, mas continuo a duvidar deste sentimento. Não tem título, a menos que alguém com a sua alma pura lhe dê um. As lágrimas que outrora estavam secas, agora são húmidas, como as flores de um parque vivido em pleno inverno. Sem mais tempo dá a costa o nome desse sentimento, não é difícil de prenunciar, mas sim difícil de encontrar e por vezes quando se encontra já é tarde para ser vivo. Nas estradas dos meus sentimentos, umas fechadas por falta de sentimentos que as ocupem, percorre velozmente este sentimento. Agora e ao fim deste tempo todo, já sabe qual é o sentimento é a felicidade...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Livro...


Sou como a fronte de um livro! Só tenho a cor, a vida já se extinguiu e o coração? Foi parar a uma página onde o amor é reservado para ele! Apenas me sinto no intervalo criado entre os capítulos penetrados. Este intervalo tem força própria e é ele que sempre que me sinto só faz virar as páginas pequenas e brilhantes. Existem capítulos que por eles só, não teriam vida. Pode haver muitas palavras, parágrafos ou até mesmo capítulos, mas senão soubermos virar a páginas, é como um cubo de gelo que desaparece depressa, assim é este livro, senão o virar a página depressa ele acaba por desaparecer. Ele está num canto dum quarto gigante, mas a sua força é rudimentar. Ele possuiu um relógio, que com a sua força, faz virar o livro. Mas que tipo de livro é este que esconde a sua fronte? Sempre que pego nele ele esconde-se e sempre que o pouso ele permanece no mesmo lugar. Posso cantar e falar para ele, que ele toma a atitude de me ignorar. Sei que algumas vezes eu ajo como se ele não existisse, mas é de natureza minha... São várias as perguntas que permanecem nestes parágrafos e capítulos, como também é pequeno o seu lugar para guardar estas informações todas. Tento tocar nele e abrir o último capítulo que ele transporta, mas é impossível. No acto de abrir o meu coração salta, como se quisesse fugir dali, mas permaneço no meu lugar a torcer para que ele se abra. Então escrevo com uma célebre pena, que com o seu pequeno bico, acaricia o livro. Será de todo em vão? Procuro um sorriso no livro, ele consta um capítulo antes de acabar este teimoso livro. Não é um sorriso normal, é a verdadeira felicidade que o meu coração abriga, mas porque será que o livro não se quer abrir? Tento mais uma vez voltar a sua fronte para cima, e consigo. Olho fixamente para essa fronte e vejo uma inscrição, eu sou o livro que é teu e tu és o meu conteúdo. Após a leitura desta inscrição fico a pensar e vejo a foto da minha alma, na fronte deste livro. Não consigo chegar a nenhuma conclusão, porque o incremento deste livro em mim, é como se a morte fosse um monte de folhas dentro do meu coração, então o que posso fazer, ficar a olhar o livro, ou simplesmente procurar a força onde ela exista? Só tenho uma resposta, se eu sou o conteúdo do livro, é porque eu sou o livro. Sim sou aquele livro que orgulhoso permanece dentro de mim...