sábado, 31 de dezembro de 2011

Histórias do Pobre Velho... Lágrima...

Como não podia deixar de existir, desta vez, está o pobre velho sentado, mas não num lugar propriamente dito. Ele desta vez está sentado no seu belo e harmonioso jardim. Não existia nada naquela pequena aldeia que fascina-se mais os seus olhos que o seu belo jardim. Cada flor fora plantada com muito amor, porque alguém que longamente já teria partido. O cheiro daquelas flores leva o pobre velho a recordar a ultima lágrima que pode ver da sua bela mãe. Passava pouco mais do meio-dia, quando a sua bela mãe doente chama por aquela pobre criança. A tristeza era tão grande que nem sequer a pobre criança escapava ao derrame de uma lágrima. A saudade que dele provinha era imensa que fez com que aquela lágrima caí-se directamente no rosto da sua mãe doente. Já não era a primeira vez que ela estava doente, aquela doença era uma espécie de mar, tão depressa vem, como tão depressa vai, mas pelos vistos desta vez viera para ficar, pensava ele. De repente toca o telefone e o pobre velho acorda daquela recordação. O rosto velho e triste estava como um campo alagado em pleno inverno devido as cheias, contudo o pobre velho não ligou e continuou a recordar. Quando a sua mãe estava assim, não havia ninguém que lhe pudesse tocar pois, ela nessas alturas era como um pequeno bebé que acabara de nascer, tão frágil que uma pequena queda podia nunca mais voltar a si. Cada minuto do relógio era crucial para a melhora da mãe. A pobre criança com a sua inocência naquelas alturas nunca saía da sua beira. Cada contacto que ela tinha com a mãe era uma forma de ela se sentir mais viva. Mais uma vez o telefone volta a tocar, mas desta vez o pobre velho nem os olhos abriu, estava tão bem a recordar a sua mãe que nem um olho abriu. Assim continuou até largar horas, tal como a doença da mãe continuou por largar horas. O relógio toca, mas a pobre criança nem se deu a curiosidade de ir ver as horas, cada minuto em contacto com a sua mãe é importante. O cansaço era tanto que obrigou a pobre criança a dormir agarrada a sua bela mãe. O chilrear dos pássaros na manha seguinte acorda quer a mãe quer o filho. Naquele momento o rosto da criança enche-se de alegria ao ver que afinal a sua pobre mãe estava melhor e que no seu rosto já não corriam lágrimas de tristeza, mas sim de felicidade. Agora já não importava o som do relógio, mas sim a sua passagem. Cada  momento que passava era importante para a felicidade de ambos e é neste momento que pela força do destino o pobre velho acorda. Na sua cara reinava um sorriso inexplicável, pensava ele, cada memória da sua mãe fazia-lhe brilhar os olhos e agora o pobre velho diz, agora já percebi a questão das lágrimas, umas são de tristeza e outras de felicidade, mas todas provêm do mesmo lugar, do meu coração...

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Histórias do Pobre Velho… Fogueira…


Está o pobre velho sentado em frente da sua fogueira a aquecer os seus penantes, como já dizia o seu pobre pai. Cada palavra que vem a memória do pobre velho, faz-lhe voltar em pensamento as suas harmoniosas memórias. Recorda o pobre velho, a noite em que o seu pai chegara do trabalho. Eram sete horas da tarde e por essa hora o seu pai já deveria de ter chegado a um bom bocado. O nervosismo e a tenção frisavam a cara da sua mãe. A sua mãe era uma pessoa dócil e bonita, em tempos de chuva os seus olhos eram da cor da terra húmida e em tempos de sol os seus olhos eram da cor da terra seca. A demora do seu pai fez com que o maravilhoso momento de jantar fosse estragado. O tic tac do relógio era cada vez maior e sem a chegada do pai. Já não era a primeira nem a segunda vez que o seu pai tinha feito aquilo. O aconchego para o jantar chegara então. Eram as nove da noite e sem a chegada do pai. A preocupação não só crescia no íntimo da sua mãe como nele próprio. Acorda de repente o pobre velho com frio nos pés, e sem perder mais tempo, vai depressa buscar mais canhotas para aquecer os seus velhos pés. Essa demora foi pouca e não tardou a voltar a sonhar. A refeição tinha terminado e a chegada do pai nunca mais estava a vista. Ao canto do olho da sua mãe, a pequena criança podia ver uma pequena lágrima que com pressa queria sair do olho da sua mãe. Toca a badalada das onze horas, e o seu pai entra pela porta da casa adentro. A cara dele estava vermelha. Mais uma vez o pobre velho acorda da sua recordação, mas desta vez não por ter os pés frios, mas sim para ir buscar um guardanapo para limpar cada lágrima que escorria da sua velha cara. O cansaço que ele podia ver no seu pai era demasiado, continua-se recordando o pobre velho, por outro lado a cara de alívio da mãe inspirava confiança na pobre criança para perguntar ao pai onde ele tinha estado. A demora do seu pai fora tanta porque ele tinha estado a construir uma grande e bela lareira para quando o frio fosse a mais, todos sem excepção pudessem aquecer os seus pés. O que mais faz renascer estas lembranças ao pobre velho é o facto do seu humilde pai ter demorado horas a fio a construir esta grande e bela lareira e o facto de seu pai não dizer "pés frios", mas sim "penantes frios". Cada lembrança deste dia, faz com que o pobre velho fique ali horas a fio a ouvir os pequenos foguetes que saem daquela lareira que outrora aqueceu muitos penantes e que agora aquece aqueles pobres é velhos pés... Assim recorda o pobre velho...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Histórias do Pobre Velho... Saudade...

No jardim da sua humilde casa, está desta vez o pobre velho sentado num velho rolo de madeira que fora cortado ainda quando ele era criança. É talvez esta a recordação mais visível que o pobre velho pode ter. Tudo acontece numa noite de inverno em que o frio era tanto que conseguiu congelar a água límpida do tanque onde a sua querida mãe lavava a roupa. Era noite de lua cheia, e na sua casa não havia senão grandes paus de madeira para por na sua lareira. Sem mais demoras o seu pai, já com alguma idade, levanta-se e vai atacar uma grande árvore aquelas horas da noite, para levar para a sua casa uns rolos que pudessem aquecer mais a cozinha, já que aqueles humildes paus de madeira mal aqueciam a cozinha. Eram as onze horas da noite, quando o pai pega numa serra e vai em busca de uma grande e velha árvore para que possa tirar dela uns rolos de madeira. As horas vão passando e o seu pai sem vir. Então quem vai em busca dele é o seu próprio filho. As lágrimas estão a correr na pobre cara do pobre velho ao lembrar-se do seu pai, que partiu e não deixou recado. O pobre velho volta a olhar para o velho tronco e relembra outra vez essa passagem de saudade. Eram as duas da manha, via a pobre criança num relógio de bolso que o seu tio lhe tinha oferecido na noite do seu aniversário. Os gritos eram grandes enquanto chamava o seu pai. De longe se podia ouvir os gritos desta pobre criança que desesperada procura o seu pai. De repente alguém toca a campainha e o pobre velho com as lágrimas a formarem um rio na sua cara acorda desta passagem de saudade. Era a sua adorada filha, que simplesmente viera ver se o seu pai estava bem. A filha não tardou a ir embora, e a eterna passagem não tardou a vir ao de cima na cabeça do pobre velho. De repente a pobre criança ouve um imenso barulho naquele matagal imenso. Eram já as quatro da manha, voltava ele a olhar para o relógio. Tinham sido horas a fio a procura do seu pai, mas até que ao virar uma grande árvore tombada ele conseguiu visualizar a cara do seu pai assustada e cansada. A corrida foi imensa até a proximidade do seu pai, os olhos já estavam totalmente fechados, os dedos estavam branco, como está a neve ao término da sua caída. A pobre criança já juntamente com o seu pai, pensara que aquilo fora a sua maior e grande aventura que teve ao longo da sua vida. O regresso a casa com um carro de rolos fora impressionante a brincadeira e a vivacidade com que ali se via a alegria era um factor vivo. A chegada a casa fora bastante tarde, aquela hora os rolos já não eram precisos, mas só a aventura que a pequena criança valeu de tudo. Cansados sentam-se na cozinha ao quentinho, onde a sua queria mãe serve-lhe a ele uma chávena de leite quente e ao seu pai uma chávena de café quente... Não demorou muito a que a pequena criança acorda-se e a que o pobre velho saísse daquela eterna saudade. Agora olha o pobre velho para a lareira onde outrora depois de uma aventura acabou por adormecer no colo do seu pai... Assim é mais uma história de um pobre velho, que livremente chora esta eterna saudade... Adeus pai...

domingo, 25 de dezembro de 2011

Histórias do Pobre Velho... Suspiro...

De volta ao seu banco está o pobre velho, que outrora recorda a sua infância. A sua infância nunca fora a mesma, recorda-se o pobre velho, cada dia que passava era um inferno. Sempre que entrava naquela pequena escola, numa pequena aldeia, os seus pulmões suspiravam de tanto medo. O medo era de tal maneira grande que o seu suor era por dentro do seu formoso corpo, que suavemente crescia dia-a-dia. Por vezes o medo era disfarçado com uma cantarola que ele tivera ouvido num grande café mesmo ao lado da sua humilde casa. Sempre que ele ia naquele caminho de terra, os seus pés eram como pedras grandes e pesada, era por isso que ele os intitulava de pedregosos e pedregosos. Cada passo que ele dava, visualiza o pobre velho na sua memória acinzentada, era como menos uma hora de vida que ele tinha. Sabia que nem sempre tudo era a favor dele, no recreio daquela pequena escola existia um lugar inóspito, onde ninguém, mesmo ninguém tinha ido lá. Era esse o canto dele. Vem o vento e o pobre velho volta há realidade. Os tremores nas mãos e no seu debilitado corpo, fazem com que ele retome a casa pelo caminho mais longe. Enquanto caminhava, o pobre velho recorda-se de uma passagem que lhe fomentou um grande suspiro. Estava a tocar para fora, quando de repente dois amigos dele, pensava ele, se aproximaram e sem mais demoras ficaram com o seu pequeno e gostoso lanche, que tinha sido preparado pela sua querida avozinha no fim-de-semana anterior. O suspiro foi de tal maneira grande, que gera nele uma lágrima do tamanho de um cubo de gelo. Como a tristeza era grande ele retoma ao seu esconderijo para lá regar aquela terra com as suas salgadas lágrimas. Aqueles amigos, achava ele, já não era a primeira que se metiam com ele, ainda a uma semana atrás devido a chuva intensa, obrigaram-no a dar-lhes os seus sapatos, porque os deles estavam secos. E ali ficou no seu esconderijo à chuva e com os pés descalços. De repente para o pobre velho com a cara cheia de lágrimas, já esta a entrada daquela que em tempos fora uma humilde casa e que agora é a sua mansão. Tudo na vida do pobre velho mudou, desde a idade até ao pensamento. Agora suavemente, recorda o pobre velho, cada suspiro que pode ter dado em toda a sua vida. Pode ter sido, cada um deles, um respirar forte ou suave, mas todos eles com sentimento. Está sentado na sua sala em que em seu redor permanecem fotografia de uma pessoa que agora é um pobre velho, rodeado de recordações, mas que outrora foi um maravilhoso menino... Assim acaba a história do pobre velho... E suspirou...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

História do Pobre Velho...

Toca a guitarra ao longe de uma rua sem fim. Eu quando era mais pequeno sempre sonhei com o que não existe, mas agora que não passo de um velho contador de histórias vejo aquilo que deveras queria ver. Em tempos remotos a verdade era criada por todos aqueles que com alguma força assim a fariam, hoje aos meus olhos vejo que esta verdade é meramente instruída, como é que isso é possível? A verdade é que este velho homem que conta esta velha história está simplesmente sentado num banco de um jardim a ver aquilo que nunca queria ver. Este velho vê a revolução que nunca desejava ver, vê a cara de infelicidade que não queria ver, vê toda a humanidade igual em ideias, vida e preconceito, porque será assim? Nem sempre este caminho que eu fiz foi verdadeiro, por ele surgiram vários cruzamentos que pela intercepção da vida fizeram-me mudar de rumo! Cada tecla de um telemóvel é como uma letra desta imensa marcha, vejo que num caminho que rodeia esta vida de velho, não existe a felicidade. Apesar da virtude da vida, este velho que no jardim permanece, nunca pensou em refazer algo que já fora feito, o olhar humano. Cada olhar humano é como uma forma de construir esta nova vida, que não passa de nova, mas sim de uma vida usada. Aquele velho que está no jardim, conta algo que lhe fora contado pelos seus botões, cada botão daquele velho representa uma vitória, cada botão caído representa uma derrota. Ele nunca ouviu música, mas sabe dizer o que é, ele nunca leu, mas sabe retratar um livro, ele nunca escrever, mas sabe fazer a palavra amor, ele nunca foi nada, mas agora é tudo. Basta ser um velho que longamente permanece naquele jardim a falar de coisas que nunca pensava vir a falar. Por vezes refere-se a sua vida usada a uma outra vida que realmente existiu, mas quem lhe dá o devido valor? Ninguém, porque não há uma pessoa no mundo digna de ouvir este pobre velho. Cada palavra que saí da boca daquele velho é como uma folha que caí de uma árvore e todos passam e todos a pisam. Nada ali é real talvez tenha sido a história daquele pobre velho, que fizera o mundo assim, mas deveras foi. A virtude com que aquele pobre velho contou a história só fez com que este mundo abrisse os olhos. E agora escreve o pobre velho "Quem pensa constrói um mundo melhor, mas quem não pensa é como uma velha árvore corrompida pela doença, não faz nada senão degradar-se em mil pedaços... Assim é o pensamento..." E assim termina a história do pobre velho...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Nome...

Deveras é prenunciado como tal deveria, deveras é amando como tal acontecia! A verdade é que esse é o nome em que a sua consistência é grande. Todas as vezes em que me surgiu esse mesmo nome, foi no olhar da noite! Todas as letras tentaram entrar em conflito, mas tu não deixas-te. O relógio toca o teu nome, como se fosse a glória dos últimos tempos. Cada letra e cada significo escondido, é como se fosse o decifrar de um código, que fora deixado para esse nome decifrar. Tenta olhar para dentro desse nome e vê a grandeza que ele mesmo transporta. Cada carruagem que ele acarreta é a forma vivida de um verbo escondido, cada curva feita por ele mesmo é uma acto que o amar dele mesmo, nunca fora tão real. Sei que parece não ter sentido cada palavra dita e escrita, mas esse nome é a pronúncia de algo glorioso. Tentei faze-lo um grande clube, e para que dele se fornecem adeptos, mas em vão. Em vão estão as minhas ideias que pela loucura do tempo foram esturricadas pela demora de um alguém que fosse capaz de pegar e ficar com ele. É simplesmente um grande nome, sei que nem todos os acham grande, mas só a primeira letra é a consistência deste nome. Quantos têm essa mesma letra? E serão grandes? Poucos são os que têm essa letra, e poucos são os grandes. Talvez exista um nome com essa música e dela se possa cantar. Toca a melodia de um inverno, em que o mesmo refrão se inicia com o “M” de maior, mas não é um maior qualquer é um maior consistente e vivido. Talvez seja assim que este nome tenha que ser tratado, com a sua verdadeira glória e acima de tudo com o seu verdadeiro amor! Por vezes não pronuncia com o seu devido valor, mas a metáfora da vida assim o quis tornar algo perdido. Tenta olhar para o mundo e vê como ele é maravilhoso e como a sua força é grande porque podes ser simples e meramente um nome perdido em algo que pela força não quer ser encontrado. És um grande nome, não só pelas letras, vogais ou meras consoantes, mas em ti reina a força de um ser forte…

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Hipótese...

Foi no verão, quando pela natureza do sol eu te conheci. Eram umas dezassete horas e eu estava a beira-mar. O tictac do sol era a força do momento, assim como a verdade era a pilha do acto. Tocava o sino e a minha mão termia. Tentei passar a minha mão na tua, mas em vão. Em vão ficaria o meu sentimento por ti que nunca fora conhecido. Gostava de saber mais sobre ti, mas tu com essa força arrebatadora nunca me deste uma mera hipótese. Essa hipótese fora destruída no momento em que tu, pela boca, disseste não. Era uma hipótese e uma pergunta. Será que ouve alguma resposta? Ou simplesmente uma mera palavra? Esta hipótese talvez nunca existira ou então uma vida que nem uma verdade existe. Sinto que nunca tive hipóteses e as que tive foram algumas que de uma forma directa destruíram a minha vida. Porque sinto que não tenho vida? Porque é que esta palavra entra sempre numa hipótese? O mundo é uma hipótese mal acrescida e mal vivida. Sempre tive o sentimento que esta hipótese já existia numa outra vida e num outro lugar. Por vezes tentei ser verdadeiro, mas porque nunca quiseste? Porque sempre, mesmo sempre fugiste de mim. Esta hipótese várias vezes te foi lançada, mas para apanha-la é necessário atirar a rede, assim como para se apanhar um peixe é necessário lançar uma rede e assim ela o apanhará, assim foi esta hipótese. Porque será que existe uma música com este nome? A verdadeira música reside dentro de mim a tentação com que eu te tento ver, nunca passa de uma memória criada. A verdade é que tu, mesmo tu, és uma hipótese ontem, hoje e provavelmente amanhã. Sei que tentei falar contigo, mas tu como conseguis-te tudo o que querias depressa viras-te as costas. Tentei amar-te mesmo que alguém te amasse, sem que não te desses conta. Amei-te incondicionalmente, mas tu nunca me amas como eu te amei. Longas foram as vezes em que de mim fugiste. Gritei o teu nome para que te virasses para mim e me desses um olhar. Porque és uma hipótese que me destruiu? Nunca te esqueças que eu te amei incondicionalmente, mas por virtude do destino tu, hipótese, foste acabar num lugar que nem a própria mentira quer. Estou a morrer de tristeza, mas tu nem uma volta dás, simplesmente ficas onde estás. Sabes uma coisa, hipótese, vou desistir de te amar incondicionalmente e deixar-te de lado! Por isso adeus... Adeus hipótese... adeus...

sábado, 17 de dezembro de 2011

Manto branco...

Nunca estou como devia de estar. Nunca vivo como devia de viver. Porque fazes perguntas? Por vezes podias-te limitar somente a viver e a falar-me, mas nem isso fazes. Não cantes nem fales. A tua voz entra pela consciência e limita-se a destruí-la, sem qualquer meio de o fazer. Sinto que por vezes ainda sou uma criança, porque assim me fazes sentir...As vezes podias, somente tentar dizer algo animador e não apenas ficares ai parada nesse mero lugar. É sei que é o teu lugar predilecto e sei que o amas mais que a mim. Desisto de tudo que seja teu, desisto do teu respirar da tua forma de viver, de tudo, mas não desisto de uma coisa, do teu nome. Sei que parece estranho, mas a verdade é que nem te conheço, não te sei viver, nem tu me sabes viver. Vivemos os dois como dois objectos em qualquer lado parados, sem vida e sem sentimento, simplesmente parados. Existem linhas entre nós que se ligam a correntes mortas de tristeza e vivas de infelicidade. Mas afinal quem és tu, aquele que se esconde por detrás de um manto branco? Não consigo pensar em ninguém, nem nome, nem rosto. Quero limitar-me ao visível e fazer frente ao invisível. Este fogo que se agarra a mim começa desde algum tempo a corroer-me e a deixar-me fora de mim. Este fora de mim não é mais que uma verdade que alguém tenta fugir, na realidade é uma força perdida por alguém, talvez tu... Sempre pensei que esse manto branco viesse um dia mais tarde a sair de onde está e a dar lugar a uma imagem verdadeira. És uma mentira inventada por ti mesmo para fazer frente a algo que me queres dizer. Não sei com quem falo será provavelmente com a minha consciência perdida, em que a única forma de a encontrar, é tirando este manto branco. Sei que és verdadeira, mas a tua força não passa de uma mentira, assim como tu! Tentei remover-te de algo com todas as minhas forças, mas deveras consegui, não sei porque não consegui. De repente foste embora e o nosso contacto foi perdido e essa imaginação que eu tinha de ti perdia-a, mas sempre que olho para o mesmo sítio contínua lá o manto branco e uma imagem, que desfocada renasce da sombra de um sol perdido, ao sabor do anoitecer. Porque choro? Nem sei. Nunca sei, nem sei formar palavras e conjugar frases, porque esse manto branco é um mero entrave ao meu olhar, que selvagem penetra dentro de algo. Tira o manto branco e descobre-te, abre os olhos e reafirma-te, descobre o mundo e descobre-te a ti mesmo, mas acima de tudo que seja algo vivo, tira o manto, esse branco e essa sombra morta não te define, mas sim, define quem deveras sejas... Tira o manto...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Horas tristes...

Porquê o toque daquele som? Não sei. Estas são as horas tristes que eu passo sem cessar. Por vezes penso que sou um mero obstáculo que é obrigado a permanecer naquele imenso lugar, onde a tristeza banha as margens de alguém triste. Sinto que estou perdido e que nunca me irei encontrar são estas as horas em que por numerosa tristeza eu desapareço. A minha cara é como um como um cubo de gelo que pela força do sol é obrigado a derreter. Estou triste e estou sentado numa cadeira, num deserto de árvores. Ao longe vejo um mero relógio, que com o seu toque acorda tudo e todos que ali habitam. Sou o único! Talvez seja  ali naquele deserto de árvores o único a habitar. Sinto as pernas presas e o coração a desistir. Tento cantar para alegrar algo, mas não consigo. A mão falha-me, e agora que reparo vejo um letreiro proso ao meu pescoço. Não tenho vontade de sentir, nem de escrever, porque sempre pensei que o entendimento fosse medido aos palmos e a vontade medida a força. A cabeça começa-me a doer e os olhos a tremer. Sinto que vou arrebentar de tanta tristeza. Algumas palavras e pontos não fazem um mero sentido neste texto. São palavras trocadas de quem não se sente ninguém neste momento. Grandes e pequenas discussões passam por mim o dia todo. Tenho a palpitação que aquele deserto pouco vai durar. Este sentimento é em demasia, e parece que vai acabar por destruir tudo ali naquele lugar. Algo me está a levantar, o que será? É  a minha alma que fraca, tenta imanar um caminho que nunca existirá. O letreiro que outrora tinha no meu pescoço, fora-se embora com um forte entusiasmo. Porque é que isto são horas tristes e porque estou triste? As Lágrimas acumulam-se naquele sítio, já existe um lago que reflecte o meu rosto estragado e feio. O relógio começa a parar e o seu timbre a morrer, como ele está a morrer este deserto, as árvores caem e as flores secam, e eu? Que será deste algo perdido nestas horas tristes, porque canto? Porque não sinto? Será que sou mesmo um objecto. De facto sim! Nunca saí de onde estou nem de onde pertenço. Há palavras iguais e meramente repetidas, sons que nunca entraram e nunca saíram, sentimentos nunca sentidos. É assim que eu passo as horas tristes, não quero viver assim, quero morrer, na glória de ter vivido. Nada está bem! Tudo está confuso assim como está confusa a minha alma nestas horas tristes! Quero morrer na glória, e não viver na tristeza! Adeus...Horas tristes...

sábado, 10 de dezembro de 2011

Monóculo...

Sou a face desse olho perdido. O meu olho está preso a um monóculo, é esse monóculo, não me deixa viver e ver o mundo como ele é... Sei que por vezes a verdade, mas porquê viver num mundo que não o verdadeiro. Vejo coisas que nem me apetece ver, mas vou olhando. Olhar não é um privilégio, mas sim uma virtude, para quê continuar a ver através de algo triste? Não sei. A vida as vezes parece ser estúpida e por mais musicas sentidas que escutamos nunca conseguiremos sair daquele sitio. É um sítio triste e húmido, em que nada ali é verdadeiro. Vejo que realmente não existo no mundo e que sou uma mera pessoa que vagueia sozinha neste cruel e triste mundo. Porque estou sentado? Por estou a ver coisas que não quero ver? O meu coração bate, tão depressa que parece que vais explodir. Há um eclodir de sentimentos sempre que escuto algo que me afecta o coração. Estou sentado e não sei porque. Ouço alguém a falar, mas vê-la nem por isso. Porque sou um monóculo? É porque não quero ver a verdade? Ou é porque não quero ser visto. Por vezes não quero ver nem ser visto, porque choro. Choro como chora o céu quando fica negro e sem vida. Eu não tenho vida, sou uma mera pessoa que livremente tenta ser algo que deveras é, uma pessoa, não sou nada, neste monóculo, obscuro e sem vida não sinto nada. Deveras sou ouvido e sentido, deveras sou sentido, tento parecer-me com alguém, mas esse algo nunca chega a existir. Tento viver como alguém, mas não vivo, nem sou vivido. Porque me sinto assim? Não sei! Sei sim que não sou ninguém. Por detrás disto tudo existe um lago pronto a inundar os meus olhos e a mata-los, sem vida eles não são nada, porquê? Nada existe sem força, o monóculo que trago a perder a minha visão é a razão dessa falta de força, é colocado como forma de ser uma pessoa que meramente vive e meramente é vivida. Tento lutar, mas em vão! Agora estou a caminho não sei bem para onde, mas ouço sino. Ao longe tento ver algo que se aproxima e por mais perto que esteja, dá-me a sensação que é um espelho, mas não desses que reflecte a imagem, mas sim aqueles que com força reflectem a tristeza pura e amargurada. Quero desfazer-me de tudo, não quero existir, não quero viver, quero ser o vento e o mar, quero ser a sensação e a verdade, quero viver com o mundo. Estás palavras acabam como acaba a minha visão. Não tenho mais palavras para aquilo que deveras sinto, apenas sou um monóculo que coloco no meu próprio olho, para não aquilo que me faz mergulhar na tristeza... Acabou...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Grades...

Porquê? Estou num lado que nem sei se é de fora ou de dentro. Tenho o coração partido. A consistência com que vejo rosto é grande, mas do meu próprio rosto caem as lágrimas de quem deveras é ouvido. O meu rosto é agora o lado da tristeza, nele mergulham os sentimentos, que afogados, nunca mais retornam a superfície. Tenho grades, não sei bem se eu sou as grades ou se elas é que são eu. Tento tocar no rosto de alguém que e devagar se aproxima, mas sem sucesso. As palmas da minha mão estão secas, secas de agarrar fortemente aquelas grades que se infiltram no meu corpo. Já não tenho corpo, nunca o tive senão em sonhos acordados. Sou um barra de grade, sem amor, sem felicidade, sou apenas uma barra. Tento ser forte porque as minhas mãos estão fracas, assim como, o meu coração está. Estas grades que depressa penetram em mim, são o folgo de algo que está sempre em mim. Mas porquê? Nunca sei o porque de estar ali, nunca sei se estou de fora ou de dentro, nunca sei porque não consigo tocar em alguém e nunca sei se sou as grades, sou algo, sem definição alguma. Penso que seja mais uma peça a estorvar o caminho de outrem que por ali tenta passar, sou um pedaço de papel que todos espezinham e nem liga. Por vezes, sinto que sou a mensagem que as grades têm e que ninguém lhe dá algum significado, mas afinal o que sou eu? Sou as grades. Sou aquelas grades que impedem o amor de entrar, que impedem a verdade de sair, que impedem a felicidade de entrar, mas sobretudo, sou as grades que prendem a alma. A minha alma é apenas algo que sem definição está preso aquelas grades, que insignificantes ali ficam presas. Eu sou algo insignificante que todos ignoram, apenas sirvo de segurança e de apoio, afinal não sou nada. Como a minha alma é nada assim o meu corpo também o é! Sempre achei e acho que não passo de grades que meras, servem de apoio a algo, que meras disputam a liberdade e que meras sentem tudo que há a sentir. Revejo imagens nunca vividas e sentimentos nunca sentido, sinto o coração a parar e a alma a sair. Para que serve ser algo que não se é? Nada. O mesmo acontece comigo, eu sou as grades de algo, que tenta constantemente tornar-se algo, nunca recorro a força, mas chega a uma certa parte desta história em que há uma morte, essa morte chega agora, está morte não é mais que uma desistência, de quem se sente nada, porque afinal sou umas barras, a quem chamam de grades, sou as grades e sou alguém que nada sente, sou esquecido no horizonte longe, que depressa de apaga e morre... Sou o nada e vivo no nada! Não sou ninguém... Sou as grades...

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Tatuagem...

Acabo de sair da escola, e o caminho a percorrer ainda é difícil. Viro a cara para o meu lado direito e vejo quem quero ver, mas a distância é grande. É então que urge no meu braço uma dor tremenda, como se alguém estivesse a cortar. Foi então que por força maior levanto a camisola, que por escolha dela, se apresenta justa ao meu corpo. Consigo visualizar uma tatuagem que ali está feita. É uma tatuagem esquisita, mas poderosa. Tatuado está o meu coração no meu próprio mural, que eu construí com as minhas mãos. Nunca estou bem, a força com que quero as coisas começa a corromper o meu ornado coração que das chamas tenta renascer, mas sem efeito. Sem efeito estão os meus sentimentos, que se encontram colados com uma espécie de cola nesse mural. É um mural intenso, onde a própria tatuagem, sobressai. Penso que por vezes gostava de ser como esse mural, sempre ileso a sentimentos, que por vezes urgem de uma caixa que no fundo mais longe do coração se encontra. Porque será? Nem eu sei! Eu sou uma espécie de pessoa criada, onde reina a bondade, mas a felicidade surge como um pêndulo que fica agarrado ao meu corpo. Talvez seja um pêndulo pontiagudo, tão forte que se espeta no meu coração, mas que não consigo tirar. Nunca sai dela, as vezes a demora chega a ser tão grande que o próprio pêndulo torna-se um instrumento de vida, para o qual, eu não tenho força de o controlar. Continuo a olhar para o lado direito, onde de repente o meu olhar apaga-se e dele faço o mundo. Faço o mundo no mural de quem quer vê-lo, ver é algo que a alma tenta assistir, fugir é algo que o coração faz. Não tenho coração que sinta, mas um coração que viva. Para quê ouvir badaladas que assistam a minha tristeza, onde em vez disso posso pinta-la. Esta tatuagem não passa mais que um espelho da minha tristeza, podia dizer como ela é, mas o olhar já está fechado. Sinto que podia ter feito mais alguma coisa, mas para isso a alma do mural tinha que vir ao meu encontro. Estou sentado e a minha cabeça, parece uma espécie de auto-estrada, onde a toda a velocidade passam os meus pensamentos. Quero que está dolorosa tatuagem se transforme numa dolorosa paixão, porque afinal como se pode sentir feliz, ao ter sentimentos... As vezes gostava de não sentir, ser neutro, porque afinal eu sou neutro, mas um neutro que sente e que ninguém tem uma grande capacidade para ver isso. Não queria sentir, nem gostava de existir... Sou como uma pedra pequena filtrada na tatuagem e como uma pedra grande que presa se encontra no mural, não queria sentir nem existir...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Existência...

Tenho o passado omitido, nas entranhas daquelas linhas azuis. Ele está entrelaçado com um futuro e com um presente destruídos. Serei infeliz? O meu passado criado deveras existiu. Foi arruinado com a minha própria existência. Eu existo nas linhas de uma folha que guardada no meu coração, fere-me com a sua força. Gostava de soar como o piano e ser forte como essa folha, mas é impossível. Eu existo, porque o caderno existe. Percorro o comboio em busca de algo que me fala existir. Sinto que sou como o lápis que no vazio do meu entendimento tenta escrever. Este meu entendimento é fraco, assim como o carisma que possuo é desastrosamente triste. Gostava de existir como o mar existe e ter a sua cor. Essa é a cor da existência, quem existe transborda de si, uma cor intensa que ataca o meu coração. A verdade de eu ainda existir reside na forma como encaro o vento e a força dele mesmo. Gostava de ser o vento e ser a sua força. Se alguma vez fosse ele, era porque estava forte e existia. Estou agora sentado, aos meus ouvidos escuto a música da triste, é uma música suave que me faz retomar ao meu passado criado que deveras existe, sei que parece confuso, mas sinto-me um relógio de areia, que aquando o fim da areia, vira-se o relógio de modo a ela cair outra vez. Sei que essa areia deriva de mim e eu dela, e que o meu passado não é mais uma história, em que eu sou a personagem principal... Contar para quê? Nada nem ninguém está a viver o meu passado neste momento, e a areia? A areia é a forma como a minha existência é construída. As lágrimas que agora derramo, são a fonte de energia, para quem se sente como um relógio de areia... Estou agora numa página, em que a verdade é revelada, e eu fico de fora. Sim fico de fora, é uma verdade tão forte que acaba com a minha existência. O piano que transportava, partiu-se, a minha força é agora apagada, assim como é apagado o meu coração. Triste é a pauta cuja nunca foi tocada, mas porque será? Percorro agora um caminho, em que a verdade da vida é revelada e a sua força é vivida. Tento fazer com que valha a pena estar onde estou. Gostava de partilhar esta sensação de existente, gostava de vive-la com alguém! E de facto vivo-a. Vivo esta sensação de existência, com a minha pobre e fraca alma, mas e agora porque existo eu? Não sei, sou mais um trapo no fundo daquele armário velho e corrompido, onde os desejos de existir acabam quando alguém abre aquela porta...