sábado, 17 de dezembro de 2011

Manto branco...

Nunca estou como devia de estar. Nunca vivo como devia de viver. Porque fazes perguntas? Por vezes podias-te limitar somente a viver e a falar-me, mas nem isso fazes. Não cantes nem fales. A tua voz entra pela consciência e limita-se a destruí-la, sem qualquer meio de o fazer. Sinto que por vezes ainda sou uma criança, porque assim me fazes sentir...As vezes podias, somente tentar dizer algo animador e não apenas ficares ai parada nesse mero lugar. É sei que é o teu lugar predilecto e sei que o amas mais que a mim. Desisto de tudo que seja teu, desisto do teu respirar da tua forma de viver, de tudo, mas não desisto de uma coisa, do teu nome. Sei que parece estranho, mas a verdade é que nem te conheço, não te sei viver, nem tu me sabes viver. Vivemos os dois como dois objectos em qualquer lado parados, sem vida e sem sentimento, simplesmente parados. Existem linhas entre nós que se ligam a correntes mortas de tristeza e vivas de infelicidade. Mas afinal quem és tu, aquele que se esconde por detrás de um manto branco? Não consigo pensar em ninguém, nem nome, nem rosto. Quero limitar-me ao visível e fazer frente ao invisível. Este fogo que se agarra a mim começa desde algum tempo a corroer-me e a deixar-me fora de mim. Este fora de mim não é mais que uma verdade que alguém tenta fugir, na realidade é uma força perdida por alguém, talvez tu... Sempre pensei que esse manto branco viesse um dia mais tarde a sair de onde está e a dar lugar a uma imagem verdadeira. És uma mentira inventada por ti mesmo para fazer frente a algo que me queres dizer. Não sei com quem falo será provavelmente com a minha consciência perdida, em que a única forma de a encontrar, é tirando este manto branco. Sei que és verdadeira, mas a tua força não passa de uma mentira, assim como tu! Tentei remover-te de algo com todas as minhas forças, mas deveras consegui, não sei porque não consegui. De repente foste embora e o nosso contacto foi perdido e essa imaginação que eu tinha de ti perdia-a, mas sempre que olho para o mesmo sítio contínua lá o manto branco e uma imagem, que desfocada renasce da sombra de um sol perdido, ao sabor do anoitecer. Porque choro? Nem sei. Nunca sei, nem sei formar palavras e conjugar frases, porque esse manto branco é um mero entrave ao meu olhar, que selvagem penetra dentro de algo. Tira o manto branco e descobre-te, abre os olhos e reafirma-te, descobre o mundo e descobre-te a ti mesmo, mas acima de tudo que seja algo vivo, tira o manto, esse branco e essa sombra morta não te define, mas sim, define quem deveras sejas... Tira o manto...

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