sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Tatuagem...

Acabo de sair da escola, e o caminho a percorrer ainda é difícil. Viro a cara para o meu lado direito e vejo quem quero ver, mas a distância é grande. É então que urge no meu braço uma dor tremenda, como se alguém estivesse a cortar. Foi então que por força maior levanto a camisola, que por escolha dela, se apresenta justa ao meu corpo. Consigo visualizar uma tatuagem que ali está feita. É uma tatuagem esquisita, mas poderosa. Tatuado está o meu coração no meu próprio mural, que eu construí com as minhas mãos. Nunca estou bem, a força com que quero as coisas começa a corromper o meu ornado coração que das chamas tenta renascer, mas sem efeito. Sem efeito estão os meus sentimentos, que se encontram colados com uma espécie de cola nesse mural. É um mural intenso, onde a própria tatuagem, sobressai. Penso que por vezes gostava de ser como esse mural, sempre ileso a sentimentos, que por vezes urgem de uma caixa que no fundo mais longe do coração se encontra. Porque será? Nem eu sei! Eu sou uma espécie de pessoa criada, onde reina a bondade, mas a felicidade surge como um pêndulo que fica agarrado ao meu corpo. Talvez seja um pêndulo pontiagudo, tão forte que se espeta no meu coração, mas que não consigo tirar. Nunca sai dela, as vezes a demora chega a ser tão grande que o próprio pêndulo torna-se um instrumento de vida, para o qual, eu não tenho força de o controlar. Continuo a olhar para o lado direito, onde de repente o meu olhar apaga-se e dele faço o mundo. Faço o mundo no mural de quem quer vê-lo, ver é algo que a alma tenta assistir, fugir é algo que o coração faz. Não tenho coração que sinta, mas um coração que viva. Para quê ouvir badaladas que assistam a minha tristeza, onde em vez disso posso pinta-la. Esta tatuagem não passa mais que um espelho da minha tristeza, podia dizer como ela é, mas o olhar já está fechado. Sinto que podia ter feito mais alguma coisa, mas para isso a alma do mural tinha que vir ao meu encontro. Estou sentado e a minha cabeça, parece uma espécie de auto-estrada, onde a toda a velocidade passam os meus pensamentos. Quero que está dolorosa tatuagem se transforme numa dolorosa paixão, porque afinal como se pode sentir feliz, ao ter sentimentos... As vezes gostava de não sentir, ser neutro, porque afinal eu sou neutro, mas um neutro que sente e que ninguém tem uma grande capacidade para ver isso. Não queria sentir, nem gostava de existir... Sou como uma pedra pequena filtrada na tatuagem e como uma pedra grande que presa se encontra no mural, não queria sentir nem existir...

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