segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sou o Olhar...

Sou o olhar de quem chora.  
Por vezes deparo-me a olhar para algo que nem sequer existe. Toda a verdade nunca surge de uma só vez. Gostava de amar alguém, mas tenho que desistir de tudo.
Sou o olhar do amor.
É verdade. Eu sou o olhar do amor que em noite de luar se ergue e transforma-me numa verdadeira pessoa apaixonada. Mas como posso amar alguém se o olhar está cego.
Sou o olhar do mundo.
As vezes tento disparar a verdade que o nosso pequeno globo sente, o nosso coração, mas não consigo, estou tão cego, que nem as lágrimas me limpam os olhos.
Sou o olhar de alguém.
Tento ver cada um pelo que é e não pelo o que mostra. Se essa pessoa é bonita, por embalagem, pouco me importa, o que interessa é o seu conteúdo.
Sou o olhar renegado.
Viro-me para o mundo e não vejo nada. Só vejo mentiras e mais mentiras. Se és verdadeiro, mostra-te senão adeus. Queres ver algo então vê!
Sou o olhar morto.
Sim não olho mas sinto. Sempre que esta invisível, a minha cabeça é como um farol a procura de alguém. Esse alguém só o olhar sabe quem é!
Sou o olhar derrotado.
Não sei procurar nada. Em vez disso fico a nora, como fica o navio depois de o vento parar. Se gosto de alguém, as minhas lágrimas irão descrever o seu nome.
Sou o olhar que não foça.
Sempre quis ter tudo e todos ao meu lado, mas acabei sozinho, como uma pequena flor no inicio da primavera. Luto, nem por isso. Não luto porque não foca.
Sou o olhar do poeta.
Ele é aquele que escreve, mas eu sou aquele que olha. Que importa ele escrever bem senão conseguimos ver aquilo que escreve-mos.
Sou o olhar de quem tenta escrever o que lhe vai na alma, mas em vão. Ao final eu não sou nada. Não passo de uma pessoa que com um carisma baixo e um entendimento podre, tenta dizer o que a alma sente. A alma sente, os olhos vêm e a boca descreve. Quero dar este olhar a uma pessoa, mas não consigo. Digo por directas palavras, não sou uma triste pessoa, sou uma pessoa triste.
Sou o olhar envenenado, que num copo penetra, mas que por medo não entra. Quero olhar e sentir. Que me adianta olhar se a pobre alma não sente? Desisto. De tudo o que fiz e farei a desistência é a melhor vitória. Queria a alma para sentir, os olhos para ver e a boca, para descrever, mas não consigo.  
Sou o olhar fechado, sem luz e sem esperança...

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