segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Caderno de Cordões...

Confuso. Não sei se é realidade ou ficção. Tenho um caderno de cordões que não é muito visitado. É o caderno onde coloco coisas que já não uso. Lá coloco sentimentos nunca revelados e verdadeiras vidas que nunca passaram a ser fabricadas, mas tem um mal, é que esse caderno de cordões está cheio e velho. As suas folhas que outrora eram douradas, agora são cinzentas, a sua capa que antigamente era felpuda e azul-marinho, agora é um verde musgo e a cair aos bocados. Muitas das memorias lá guardadas já foram perdidas e muitos dos sentimentos já escritos, já estão apagados. Os seus cordões já pouco ou nada existem. O seu verdadeiro significado está inscrito nas folhas que lhe rodeiam. Na contra capa podem-se ver pequenas gotas cristalinas que outrora eram lágrimas, agora não passam de pequenas pingas de tristeza. Sei que um caderno já existe, mas como este não há nenhum. Nele contem verdades que talvez nunca eu tivera contado a ninguém excepto ele. No meio dele está desenhado um desses espelhos velhos que guardamos nos nossos corações, mas verdade é que aquilo é mais um lugar de imaginação do que de visualização. Neste lugar onde estou sentado, podem-se ver pessoas a moverem-se e a perguntarem que caderno é aquele e eu que posso responder? É um caderno de cordões. Cada nó num cordão pode significar o inicio de uma vida que numa encruzilhada regressa ao mesmo ponto de partida. Cada nó representa a vida, onde podemos sorrir e acabar sorrindo, ou então onde cada nó representa a vida, onde podemos chorar e acabar chorar. Não se pode misturar os dois sentimentos. A inscrição desse caderno de cordão diz, ou se chora ou se ri. Cada sentimento é um sentimento e por mais que alguém esteja triste não se pode rir quando se está triste e por mais que uma pessoa esteja contente não se pode chorar, cada um na sua vez. Mas a verdade é que nenhuma das inscrições é verdadeira. Há quem seja só feliz e há quem seja só triste, e a momentos em que estes dois sentimentos se unem e é nesse momento em que as vezes desejaríamos ser outras pessoas que não as que somos agora, ser capa de revista ou até mesmo ser a vida de um jornal e indo mais além ser o sentimentos das flores dos nossos jardins. Este caderno é lugar de cordões, onde cada um e cada uma podem sentir o que quer e o que deseja, onde cada um ou cada uma cria o seu mundo. Tentarei restaurar este caderno de cordões de modo a que a sua vida se torne uma parte da minha e a minha vida se torne a vida inteira deste belo e triste caderno. Se tentar a vida vai-se transformar e se eu não tentar a vida fica estagnada como está estagnado o meu coração, onde para ele bater é necessário dar mais um nó e voltar-se a repetir tudo isto... 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa os teus comentários, para eu os ler e responder...