quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Fantoche...

Ser diferente. Eu gostava de ser diferente e de poder tocar o mundo. Gostava de ser capa de revista, mas sou um simples adereço numa peça de teatro já esquecida e por vezes nem encenada. Estou preso num armário onde se guardam aqueles objectos mais feios e menos bonitos. Sou meteco, ou escravo, e já foi revoltado, já entrei em França e já visitei a Rússia, já foi um soldado agora sou apenas um desses fantoches com paus de madeira perdido num imenso armário, onde o meu consciente brota e a minha alma desaparece. Queria ser famoso e sair em caixas de bonecos, onde cada um pudesse brincar comigo e sentir aquilo que eu sinto. Sou como um pobre pássaro, que sem mãe se sente abandonado. Gostava de gostar das mesmas pessoas que são iguais e diferentes a mim. Elas vivas e eu? Passo dias e dias a criar sonhos a procurar amizades novas, mas neste armário que eu transporto as costas como se fosse uma tartaruga isso é meramente impossível. As vezes os meus lábios tentam-se mexer, mas como sou um fantoche nunca chego a abrir a boca. Cada palavra que eu dizia era como uma pétala de uma folha a nascer. Ninguém me vê, ninguém me fala e passo despercebido por onde vou e ando. Tenho folhas de papel onde eu escrevo os meus sonhos e onde os desenho. São surrealistas os meus desenhos, mas onde cada linha, cada cor, é como o desejo que eu gostaria ver realizado. As vezes quando eu me encosto na minha almofada, vêm a minha cabeça imagens de verdadeira felicidade, onde cada sequência finita de imagens é como um mundo exterior aquilo que vivo. Nada é igual tudo é diferente, como é diferente os desenhos que as águas da praia fazem aquando a sua aproximação do areal! Já não sou só um fantoche que está dentro de um armário, mas sou alguém que tenta tirar de si aquela imagem de um fantoche. Os meus lábios agora estão colados, as minhas mãos nem se mexem e o meu intima nem solta brados de alegria. Os montes do meu ser são pequenos, por isso é que os sentimentos e a vontade de fazer algo, as vezes nem existem. O mural que tenho em mim, é como se fosse uma mera fotografia com nomes. Sei que é difícil, mas este fantoche que vagueia pelo mundo fora e que trás nele um armário as costas, quer ser diferente. Quer conquistar o mundo e os corações, quer abrir caminho a felicidade e fazer felizes aqueles que são tristes! Mas será verdade? Não sei! Sei que ao meu ouvido a voz deste fantoche diz querer ser diferente...

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