quarta-feira, 28 de março de 2012

Alguém me escreveu...


Não queria, mas sou. Não tentei, mas acabei por ser. Não escrevi, mas alguém escreveu. Eu não sou nada, sou meramente um pedaço de alguém que pelo solo caminha. Foi escrito por alguém me deu a devida atenção, mas foi negado por sentimentos adversos ao meu coração. A minha alma não sente, por alguém assim a escreveu, mas o meu coração chora, porque alguém assim o fez ter lágrimas. Corre pelo universo de formas e frases de atos e teatros em que eu sou um mero personagem secundário, em que só sirvo para tapar os buracos que alguém deixou. Vivo num lugar onde a minha virtude é posta de lado em detrimento de outras virtudes que se assemelham a minha, mas que alguém acha-as melhor. Sinto que foi escrito por alguém sem coração, por uma máquina irracional, que o veneno a matou, mas por vezes sinto-me o rei de um reino sem futuro, onde a alma é o castelo e o íntimo é a porta desse mesmo castelo. Volto atrás no tempo para descobrir quem me escreveu assim, mas sem sucesso porque o sucesso não se mede, mas constrói-se sem favor de uma alma que o amor aceita. Parece confuso, mas sinto-me a cola que tudo junta a favor da sua força. Pego em papéis e escrevo aquilo que o íntimo pede e dobro conforme a alma aceita. Eu sou o paraíso deste cume que a alma pede, mas sinto-me o intermédio de um caminho que o amor em forma de pedaços constrói. Ser paraíso ou não é uma questão que a alma não quer responder pela saudade de uma bem perdido. Esse bem perdido é a sua inspiração que num dia de primavera decidiu partir e deixar de ser escrito por alguém. Já desisti de tudo que o intimo pede e de tudo que a alma conquista, já desisti de conquistar este mundo que outrora fora de todos e que numa tentativa de gloria eu tentei arrecada-lo para mim. Após vários papéis escritos e dobrados eu fico a nora, como um barco desamarrado se encontra em pleno oceano depois do término da tempestade. Sou as ondas que alguém criou, sou a forma do barco que alguém detestou, sou a escritura que alguém enterrou, mas simplesmente eu sou tudo e não consigo ser nada, porque a alma é conquistadora e o íntimo é construtor e porque eu sinto-me perdido no meio do mundo que não consegui conquistar. Assim sinto que alma escreve após a morte da sua inspiração que o íntimo afogou...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa os teus comentários, para eu os ler e responder...