sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Histórias do Pobre Velho... Racismo...


Enquanto uns lutam para ter a fama, outros lutam para ter o seu direito, serem alguém. Não são mais do que as onze horas da manha, quando o pobre velho vê algo que pensava que desde a sua infância não voltaria a ver. Ao ver aquilo o pobre velho relembra uma situação igual que tivera passado na sua infância. Passavam alguns meses do natal, quando a escola recomeça, naquele tempo não se chamava período mas sim segunda parte do ano lectivo, enfim. Eram por volta das catorze horas, quando depois de uma manha de trabalho nas terras do seu pai, a pequena criança vai para a escola. O seu grupo de amigos era sempre o mesmo, ou seja, nenhum. De facto desde o primeiro dia no primeiro ano, que a pobre criança continuava sempre sozinha, e de facto não havia volta a dar. Ele pensava que ele estava sozinho só pelo facto dos seus pais serem uns meros caseiros, enquanto alguns pais dos seus colegas eram engenheiros agrários ou algo parecido. Isso até era fácil de confirmar, mas preferia viver na ignorância, mas ser um idiota caseiro, como assim lhe chamavam. O tic tac do relógio apressava a entrada para a sala, enquanto uns entravam outros ficavam a porta a espera dele, para ser mais uma vez motivo de chacota. E assim acontece. Ele via por um lado uns a rir e outros que não mostravam quaisquer fisionomias na sua bela cara. De repente o pobre velho acorda daquelas recordações sobressaltado, e repara que ainda estava a acontecer aquilo para o qual não fazia sentido nenhum e ele tinha que fazer alguma coisa e é então que regressa as suas recordações. Por vezes a pobre criança era motivo de chacota dele mesmo, porque se ele não gostava de si como haveria os outros gostar dele? É fácil. Sempre que ele ouvia o tic tac o medo subia-lhe pelas pernas. Antes de entrar ele pensava em mil e uma soluções para entrar sem ser gozado e mal tratado. Ele sabia que havia motivos que justificavam os meios, como por exemplo faltar as aulas, mas ele não podia. Esta era a vida que ele tinha e era com ela que ele tinha que viver. De dia para dia as coisas agravavam-se chegando mesmo ao ponto de ele dar as suas coisas, as poucas que tinha, para que lhe deixassem em paz. Mas um dia, quase a chegar as férias, um senhor já de certa idade vê o que os seus colegas lhe estavam a fazer e diz-lhes: toda a verdade nasce como uma árvore, e toda a mentira morre como uma flor, a verdade é aquilo que somos e a mentira é aquilo que tentamos ser e é isso que vos acontece. Depois de isto cada um vai para a sua casa. Os dias foram passando e aquelas coisas que lhe estavam a acontecer continuavam. Por vezes havia socos na barriga, e por vezes outras coisas enfim. O tic tac acaba e com ele acaba estas agressões. Chegou o dia em que a pobre criança diz, não, e é não mesmo. Ele não tem mais nada que fazer. Falar estava fora de questão por isso pensou que tal passar a pratica, não era bater-lhes, mas mostrar-lhes a ele que com um simples gesto tudo se pode resolver. No inicio das férias a pobre criança leva-os a casa e mostra-lhes como era viver assim, e ao ver aquilo os seus colegas prometeram não voltar a gozar nem a meter-se com ele, porque eles pensavam que aquilo que eles estavam a ver era o oposto, ou seja, nem tudo o que eles pensavam que era existia na verdade. A partir daquele momento ele e os outros tornaram-se os melhores amigos. Com medo e com um pouco de receio o pobre velho volta a realidade e aquela situação continuava. Sem mais demoras o pobre velho dirige-se a eles e diz-lhes a forma como tu tratas alguém é digno de uma pessoa cobarde, mas a forma como ele recebe os teus insultos é digno de um vencedor. Tu vencedor o tic tac acaba quando tu conseguires ser mais forte que estes meros cobardes. Ouvindo aquilo aqueles pobre crianças receberam com amor aquelas palavras e agradeceram. E agora pensa, o pobre velho será verdade que eles receberam aquilo com amor? Acredito que sim... 

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