quarta-feira, 20 de junho de 2012

A forma do quarto da minha alma...


Esperei pelas formas, mas deveras existem. Então procurei as palavras, mas nunca existiram. Por fim fiz aquele desenho, naquela manha de verão. Procurei atentamente um lápis naquele que outrora era a minha secretária, mas agora não passa de um pedaço de madeira, naquele velho quarto. Foi então que lembrei daquele caderno que tinha no meu guarda-fatos, nome dado por aquele que nunca teve nome, mas também já não existia. Contudo escavei entre aqueles restos e encontrei pequenos pedaços daquele caderno de relíquias que o passado ainda conservava, mas poucos eram esses pedaços. Levemente e suavemente juntei aqueles pedaços como se fossem memórias que a minha cabeça perdera ao longo dos anos, e esses pedaços foram formando sonhos, vivências e pensamento e mensagens nunca ditas a ninguém. A primeira e única frase começavam dizendo, eu tenho um sonho, que é ser mais que uma pedra, é ser a rocha que sustenta a montanha, que elabora aquelas esculturas que a natureza tem, mas acima de tudo quero ser o amor da chuva e a felicidade do sol. Aparentemente o sonho era esquisito, mas linhas abaixo, penso eu, existia uma reflecção que não dizia mais que, gostava de ser o sol, que brilha pela manha, gostava de ser a agua que passa pelas margens como se fosse um pequeno fio que passa entre o buraco da agulha, porque eu apenas não de uma misere folha seca, pela alma da mentira, porque eu não passo daquele plantinha murcha que a falta de amor criou, porque eu apenas não sou ninguém. Tomara eu nunca ler aquilo, porque terminada a leitura a minha fronte varresse com um rio de lágrimas, que nem os poros que a minha cara tem consegue escoar aquela vontade de enorme de chorar pela vontade perdida de amar. As minhas memórias de longa data foram apagadas pelas miseres memórias de curto prazo, não me recordo porque aquele velho caderno possuiu semelhantes memórias, a única coisa que a alma guarda é uma imagem que não vai com a força da corrente que saí daquela fonte de água, que são os meus olhos, e porquê? Não passo de um olhar morto pela vontade daquele pensamento e porquê? São tantas as perguntas que eu não consigo encontrar naqueles escombros que a alma guarda dentro de mim, agora quero abandonar este quarto que o meu corpo guarda, para dar lugar a um que o íntimo possui... 

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