quinta-feira, 28 de julho de 2011

Maresia...

Queria pegar na espuma do mar e guarda-la para mim, mas não consigo. Gostava de sentir o cheiro da maresia a bater de leve na minha face estragada, mas não dá. Não dá porque não tenho como ir ao mar e sentir tudo o que ele tem para me dar. Gostava de partilhar a espuma com alguém, mas não tenho com quem partilhar, porquê? Não sei porque não tenho com quem partilhar esta espuma que transborda da pele do mar, que liberta suor, porque esta espuma é sentimental. Sinto que o mar foge de mim, sempre que me aproximo a ele, não tenho como o abraçar, sempre que tento pegar nele, não tenho força suficiente para pegar nele, então choro. Choro lágrimas salgadas que irão salgar o mar ainda mais, irão fazer do mar, um pedaço de sal que foge de mim e que se torna alguma longe de mim, mas ele não chora, ele fica sentido, fica triste, porque ele não tem força, porque sempre que ele se chega a mim, há algo nele que o leva a fugir de mim. E eis que o cheiro a maresia desaparece e eu fico a toa num barco sem remos que me possa levar dali para um lugar seguro. Então eu não desisto e pego nas minhas mãos corrompidas do sal e bato no mar, bato tanto que ele começa a fazer força para eu ir embora dali, mas continuo sem desistir, e vou procurar o cheiro a maresia para que possa guarda-lo e partilha-lo. Irem partilha-lo com alguém, em que esse alguém irá também ele partilhar, mas não o irei desperdiçar, tentarei fazer um perfume com ele, para que não só eu possa ter esse cheiro, mas também uma outra pessoa o possa ter. Sinto-me alegre, procurei esse perfume e encontrei-o, consigo partilha-lo e o mar que antes se afastava de mim, agora dá-me abraços de alegria, devolvi aquilo que era do mar, mas tirei-lhe algo que era dele e meu. Esse cheiro belo e alegre, agora é meu e do mar, fico alegre por ele se sentir feliz e por ele ter de novo aquela espuma e aquele cheiro, são belos e alegres esse elementos do meu amigo mar, porque quando choro ele escreve o meu nome na sua areia com a sua espuma, mas quando ele está triste eu deito-lhe o cheiro a maresia que ele tanto gosta. O mar e eu somos como dois namorados, ele ama a espuma e eu amo o cheiro e sempre que me sinto triste chamo por ele e ele escreve algo para mim com a sua espuma e sempre que ele fica triste eu lanço o cheiro a maresia que ele gosta tanto. Mar é só meu como eu sou só teu...

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