sábado, 13 de julho de 2013

“Deus e “eu” abordado”

Estou com medo, passo na rua e nada vejo. Estou com medo, e olho para mim e sem mais demoras, descubro quem sou e por fim estou com medo porque não há uma força exterior a mim a ajudar-me. Percorro muitas vezes as ruas da cidade que me acolhe por obrigação e sem cessar fixo os olhos nos canteiros da rua, e vejo gentes sem vida e sem amor, e vejo gentes sem carinho e paixão. “Que posso eu então fazer para alegrar aquelas faces, onde reside o desamor das pessoas?” Corro sem parar para aquela que é a casa que me acolheu, formadas de tábuas e sem pregos, onde abunda o amor de Deus. Escorrem do meu rosto, pequenas pingas de falta de amor, não daquele que reside na Caixa Sagrada, mas sim dos seres por Ele criado, que sem força de vontade percorrem a cidade que me acolheu. Saio mais uma vez a rua e vejo com medo novamente as faces, que cada vez se vão degradando mais, que posso fazer eu? Penso assim Cristo, essência do meu olhar, abriu-me o céu para me acolher e com ele partilhar a vida eterna, os meus olhos fixam estupfactamente o seu rosto, procuram a beatitude da minha face, encontrei Deus no seu canto perdido, lá céu, onde reside o amor do grande pai, que Deus o colocou a sua direita. É nessa altura que navego dentro de mim e Navego por fotografias da memória, recordando quando Deus se mostrou a mim, mas lembro de outras coisas, que me deixam lágrimas no rosto, e acabo por molhar as páginas do grande livro. Regaram-me de algo, e sempre que assume a minha presença é como se fosse uma folha velha que ninguém gosta nem quer ver. É agora em que por causa da tristeza vivo afogado em problemas meus, que são Teus, porque se tu és o meu guia, porque me fazes sofrer ao ver aqueles rostos, aquela infelicidade. A beatitude reside em mim, mas quero que ela resida noutros, para que esses possam ver o que realmente há em mim para que eu seja eles. Dá-me força e tira-me este medo, nesse instante cerraram-me os olhos, mas Deus na sua divina providência, abriu-os e deixou a Sua luz entrar. A sua língua não fala, mas Deus a fez falar, com palavras e com as mesmas palavras demonstrei naquela pequena rua os meus verdadeiros sentimentos. Tapa-me as angústias e recorta-me o medo, mas sem parares fixa-me em Ti a minha vontade e sem medo dá-me forças.  Sem medo dirigi-me ao pobre senhor e com muito amor, dei-lhe aquilo que tinha, o meu amor por ela, e sem mais demoras descobri que os pequenos gestos são como um espelho pequeno, que mostra a verdadeira beleza do amor e o seu pequeno sorriso, foi a forma de olhar para mim e de me dizer obrigado, tristemente saio daquela pequena rua, e com a certeza de ter feito o melhor que podia, e numa expressão parecida a minha diz-me a pobre pessoa Doeu-me os olhos de te ver e furaram-se os tímpanos de te ouvir, quis saber um porquê, mas surge outro porquê, mas consola-me olhar e ver que os pequenos gestos são como um espelho pequeno, que mostra a verdadeira beleza do amor e, com lagrimas dei-lhe um grande beijo, na sua face enrugada, mas sempre com um sorriso. Mas onde será aquela pequena rua? É uma rua? Nada era rua, simplesmente era um lugar, chego ao meu lar e encosto-me a Sua imagem, perguntando se tudo o que fiz é correcto e nesse instante estou em frente ao espelho e num pequeno símbolo vejo o sorriso de Cristo, Nosso Senhor, que na sua forma maravilhosa, transborda-me o rosto de alegria.  Por fim, entendi que sem conseguir fazer o possível, nunca conseguirei fazer o impossível e que o impossível não é nada mais que o possível em ponto grande, por isso se começar pelo possível afirmando não o conseguir fazer chegarei ao impossível e serei capaz de dar mais de mim a quem olha para mim, esse foi o sorriso que fiquei depois de olhar para aquela pobre pessoa e perceber que ela é mais do que uma pobre senhora, é a força que dela brota. Numa tentativa de dizer adeus, sei que nada me faltará para ser aquele porque quem desejo ser, ser o eu que é mais que “tu”, sou momento “tu”, que alguém deseja.

                                                                                                               Afonso Tomás de Almeida

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