Vaguei-o numa noite de luar, em que a lua faz de mim a pessoa que
deveras existe! Sei que a verdade é a luz da lua e a mentira é a sua escuridão.
Tenho passos grande e destemidos, mas cada um deles esconde um grande segredo.
O meu coração bate como se fosse sair disparado do meu corpo. Agora ouço uma
maravilhosa voz vinda do longe, penso que seja do oriente onde tudo é
maravilho. Sinto-me só e desamparado. Sempre que sinto alguém caminhar no meu
interior, com o medo fujo. Porque não ouço nada? Eu sou como o sino que lá do
alto da torre toca, cada vez que toca transmite sempre uma melodia, mas eu não
transmito melodias, eu transmito sentimentos. Caminho por diversos caminhos uns
com um fim próprio, outros nem por isso, mas lá vou eu. Várias vezes ao longe
deste jogo, em que a força da vontade surge como um fruto, percorri caminhos
finitos, mas neste momento encontro-me num caminho infinito. Olho em meu redor
e não vejo senão árvores desfiguradas que tentam transmitir cada sentimento que
plantei. Umas sorriem outras choram e umas que são neutras. Neutro encontra-se
o meu coração neste caminho infinito, mas que pela tristeza do meu coração se
torna mais cruel. Não sei o que escrevo, tais palavras saem da minha boca, como
se fossem pequenas partículas de ar e que com o vento vão parar ao pensamento
de alguém. Por vezes esse caminho infinito escreve, transcreve e vive, mas as
vezes nem escrevem, nem transcreve, mas sim revive. Ao longe deste andar,
revivi imensas memórias que julgava esquecidas, mas que afinal se encontravam
na cave do meu cérebro. Como é que eu penso, com os sentimentos? Nem por
isso... Sou um ser em que os sentimentos são frutos para serem plantados neste
infinito caminho e que cada um colhe aquilo que pertence, mas eu o que colho?
Olho para uma pequena flor que pelo amor ao seu íntimo cresce lentamente, mas
com vontade. Ela abre-se e o que vejo? Nada. Olho cada pétala meticulosamente,
mas são todas iguais. Essas são as pétalas dos meus frutos plantados, são todos
iguais, como podem ser iguais sentimentos com frutos diferentes? A alma é
invadida por opositores que circulam dentro de mim, cada força e cada vontade
perdida são transformados em sentimentos iguais que nem sempre corresponde
aquilo que deveras sou... Olho para a frente e vejo uma luz forte e quente, o
que será? Começo a desistir e tristemente desisto e afogo as minhas mágoas em
sentimentos vás verdadeiros... Assim será....
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
domingo, 29 de janeiro de 2012
Caderno Amarelo...
Pego num caderno, coberto de teias de
aranha. Sempre que o abro, é como se dele viesse aquilo que outrora as
auto-estradas do meu corpo me tiraram. Vejo imagens e visualizo vídeos. Não sei
porque é que isso é assim. Corre no meu rosto lágrimas de tristeza por desejos
não compridos, mas o que será destes novos desejos? Não sei. Sei que tenho
força, para mim e para retirar aquelas teias de aranha daquele velho caderno.
Que nome lhe pode dar? Caderno dos desejos ou simplesmente caderno? Talvez um
nome simples lhe venha a dar mais gloria, que um nome mais complicado. Retorno
ao caderno depois de uma aventura triste. Vaguei-o folhas e inspiro-me nelas.
Cada folha é como se fosse um desejo por cumprir e para realizar. Se não posso
ser aquilo, tentarei com a força da minha alma ser outra coisa que não aquilo.
Toco nas folhas que no passado foram brancas e com um cheiro maravilhoso, agora
são amarelas e corroídas pelo cheiro a velho... Retorno ao passado e vejo o dia
em que pela força do destino as auto-estradas me atraiçoaram, não me recordo o
dia, nem a hora, mas neste caderno de desejos está tudo. Quero voar e descobrir
desejos por encontrar e fazer deles a força que neste caderno existente. Deles
quero formar o meu próprio mundo e viver nele, sei que por vezes a vontade desaparece,
mas a minha força é assim! Não sei que fala nem quem escreve, aquela pena que
dantes brotava tinta, brota agora desejos para este velho e amarelo caderno.
Tento voltar a tentar, mas quando olho para mim continuo a ver o passado.
Porque será? Talvez seja eu um espelho do passado perdido e dos desejos não
concretizados? Sim. É isso mesmo. Sinto que sou um espelho de um caderno que
guarda os desejos que nunca foram concretizados, mas porque é que a luta desses
desejos não continua. Sou eu! Eu broto a vontade de que se cumpra ou não, mas
afinal pergunto-me. O que sou eu? Será que existo como aquela pena que largava
suavemente gotas de tinta e que fortemente penetravam na folha? Ou sou
meramente um caderno dos desejos que nunca fora valorizado? Não sei! Consegui
perder a vontade de procurar estes desejos pois, não sei quem sou, e como posso
saber? Tristemente desapareço, mas sorrindo vivo, porque tenho a consciência
que um dia tentei fazer glória aos meus desejos e se desses a glória foi em
vão, virão com mais força novos e grandes desejos… Assim vivo, na alegria de
ser como sou e na vontade de ser assim…
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Pena...
Pego numa pena afogada em tinta e escrevo uns versos que tais
querem ser visto. Após o tic tac do relógio e o triunfar do coração surge na
minha memoria uma inexistência verdadeiramente vivida. Estes são os
apontamentos de uma pena que deveras existiu. Algumas vezes ela tentou
escrever, mas em vão. Caminham por lagos e mares os meu sentimentos que morrem
afogadas na tinta preta que pinga da pena. O mundo começa assim que uma palavra
que saiu do meu coração é escrita. Sem tais apontamentos o verdadeiro sentido
da pena não existia somente no meu coração partido em alguns pedaços depois de
uma negação profunda. Já não sei o que escrever com a força desta maravilhosa
pena. Porque estou sentado? O que faço aqui? Não sei quem sou, nem o que faço.
Posso ser um escritor ou um simples e detestado sentimento. Pinga suavemente a
tinta da caneta e fortemente vai penetrando no papel. Volta o relógio a tocar e
com medo eu tremo. Treme fortemente a pena depois de escrever tais palavras e
que pela força do amor elas fazem-se ouvir, num infinito de palavras que
outrora em tempos mais distantes foram esquecidas. Posso ver o olhar das
palavras que tristemente largam ramificações a sua volta. Mais uma vez elas
interrogam-me sobre quem sou ou o que faço. Foram várias as vezes em que a
pena, por pena de eu não ter um destino escreveu por mim. Sei que são estes os
apontamentos de uma alma reconfortante que por via de algo, não sabe o que faz.
Sinto-me triste pois, nem sei que faço nem sei que digo, sou um conjunto de actos
mal feitos e inexistentes, sou a verdade camuflada pelo medo que está atrás de
uma grande parede, sou algo mais que uns meros apontamentos. O céu é para a
pena uma forma de glória, sabendo que foi dele que ela veio ao sabor e ao
carinho do vento, que numa noite de primavera a trouxe. Quero acabar e mudar o
rumo a esta pena que levemente escreve uns meros apontamentos numa folha já
amarela de tanto ser velha. E o que é feito do som do relógio? Não sei. Nada é
feito sem que a pena escreva, assim como nada é sentido sem que a pena assim
sinta. Olho agora em volta e o que vejo, nada. Dantas era o olho da pena e
agora sou o olho da alma que gloriosamente escreve tais palavras ao sabor do
movimento desta pena. Estas tais palavras são para serem saboreadas pela alma
de quem escreve, pode ser uma pena ou uma pessoa. Contudo, penas como as que
nascem numa noite de primavera nunca mais existiram, assim como sentimentos que
são escritos pela força da pena, sem ela não existiram na forma e no amor que a
pena transmite. Afinal quem sou eu?...
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Continua a aguentar!
Como posso aguentar!
Como posso acreditar!
Eu sei que não sou perfeito, mas
imperfeito deveras sou. Sou como o som que atormenta a alma do prisioneiro que
foge deste mundo cruel. Ele é que transporta a felicidade pois, pode ser um prisioneiro,
mas devora a prisão e vai em busca da liberdade!
Sei que nem sempre foi alguém e
que agora sou ninguém. Pode ser um verbo cruel, mas inexistente é o melhor para
caracterizar esta alma que se perde nas mágoas da noite e nas lágrimas que o
céu deixa cair!
Já não sei que escrever, porque
não aguento... Quero fugir e vaguear novas ruas e novos vales!
Como posso aguentar!
Como posso olhar!
Por vezes o olhar é mortífero e
mata tudo e todos, que ninguém como eu, a sua volta resiste! Por vezes falo e
todos se vão embora, ou então simplesmente não me ligam, porque não passo de
alguém que só ouve e nunca fala! Algumas vezes ou muitas vezes estas são
palavras que me tornam alguém que pela sua força e vivacidade, tentam ser
aquilo que eu nunca pude ser! Olho a volta e o olhar de uma pessoa penetra-me
no coração! É simplesmente um olhar perdido, de quem nunca quis entrar na minha
vida.
Como posso aguentar!
Sem saber onde procurar!
Sou procurado, pela minha alma que
derramada tentar penetrar no corpo de alguém! Mas sei que sou abandonado pela
falta de beleza aos olhos de uma humanidade que nem sabe olhar, mas sim
criticar! Estas e tais palavras poderiam fazer sentido, se a procura de algo
fosse simplesmente fácil! Contudo se fosse fácil, a vida não era uma vida, mas
sim um mero passatempo.
Como posso aguentar!
Se não sei viver sem apagar aquilo
que me mata!
Procurei algo que me foi negado,
por vezes que nem os dedos das minhas feias mãos chegam para contar! Sou alguém
que nem sabe o que quer deste jogo, que começa como um pequeno ser, mas que
acaba como um velho e curvado ser! Estou triste! Os olhos desta alma que pela
força da vontade está a escrever, e com o frio tenta vencer aquilo que deveras
está a mostrar.
Como posso aguentar!
Sem a alma para me amar!
Sei que estas frases nada fazem
sentido, mas cada dedo que eu tenho já fez um sentido. Se queres amar tens que
ser amado, senão acabas por olhar para o passado e verás que não foste nem
serás alguém!
O que posso fazer! Nada! Os meus
passos dizem e descrevem que a única coisa que eu posso fazer é continuar a
aguentar! E sem este sentimento que tento transmitir a alguém sou uma pedra no
meio deste caminho, porque simplesmente tenho que continuar a aguentar...
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Fim...
Não é uma palavra, mas sim um acto, ou não. Cada
momento com este fim parece uma atmosfera de verdade. Sei que existe um fim,
algures perdido no meio de uma selva de emoções, mas as minhas emoções têm um
fim. Sem falar mais em fim, as emoções começam a degradar-se a escreverem por
elas um fim para elas. Sei que estou num mau mundo, ou num mundo mal feito, mas
a verdade é que as emoções estão no seu término. Com elas vai o meu coração que
despedaçado pela virtude não vivida começa a desintegra-se. Sempre que tento
reencarna-lo há sempre uma rotunda que me faz voltar atrás. Para trás irei no
fim de tudo isto. Não sou eu que falo e escrevo, mas sim o meu íntimo. Tomou
controlo total sobre mim e cada palavra que tento escrever passa-me pela cabeça
e tento não escrevê-la, mas em vão. Neste momento percorre um caminho que julgo
ter um fim próximo, percorro-o com lágrimas e emoções reencarnadas, percorro-o
sozinho. Sei que sou só neste mau mundo, mas como será no outro mundo, onde
apenas existe o inicio e o fim é apenas uma profecia mal concebida? Não sei.
Tento rever a minha vida cheia de emoções para ver se elas não têm um fim, mas
será que é em vão? Não. Sem tentar reavivar estas emoções não serei a virtude
verdadeira, mas se tentar serei a virtude que a lenda do meu coração guarda.
Como posso ser a virtude sendo o intimo? É como um caminho que se junta depois
de uma recta que tentar emitir algo, basta ter vontade e emoção que não acabo e
consigo ser duas pessoas numa só! Já não sei que possa dizer, as palavras estão
a ter um fim, cada frase está a desaparecer, mas como posso voltar a
encontra-las? Será que elas já acabaram e o meu coração emitiu mais? Como posso
saber isso? São forma de eu procurar o fim e de acabar com ele, mas existe um
pequeno problema se o fim acaba eu acabarei com ele e se o inicio começar eu
começarei com ele. Quem tentar procurar algo talvez encontre, mas quem nem por
isso faz é como uma pétala de um dente de leão, vaguei-a pelo mundo a procura
da sua própria existência. Se o fim existe então não pode acabar e se o inicio
existe então também ele não pode acabar... Assim fala o intimo…
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Procura...
Mais uma vez encontro-me a navegar pelo mar
das minhas entranhas. São só perguntas que eu não consigo obter respostas.
Porquê? Não sei. Não são dúvidas, nem incertezas, são simplesmente ruas em que
não existem pessoas para que alguém me possa dar uma resposta. Posso ouvir o
tic tac ao longe e talvez seja dele que surgem as respostas, mas é algo que é incógnito
pois, como posso perguntar algo a um relógio que nem sentimentos possui? A
verdade é que a procura não quer ser encontrada, várias vezes antes da luz
deste grande quarto se apagar eu deito a minha cabeça na almofada. Consigo
ouvir imensas coisas, mas o que quero ouvir, não se faz ouvir. Sei que por
vezes a resposta a essas perguntas está dentro de mim e que tenho que procurar
a fundo para a encontrar, mas não consigo. As auto-estradas do conhecimento
estão cheias de tráfego e nem mais uma palavra cabe nelas. Porque será então
que não consigo procurar algo que nem a luz do grande quarto encontra? A
certeza é que eu não sou ninguém eu sou a alma que é tua, mas que vive dentro
de mim. Sou mais uma alma cheia de perguntas retóricas que ninguém tem resposta
para elas, eu sou a alma problemática que faz de uma pequena gota de água no
olho, um oceano no meu coração. Não é um oceano qualquer é talvez o oceano da
resposta, porque qualquer alma que seja alma tem uma resposta, é como o som do
vento ele existe porque assim as arvores existem. E como seria o som do vento
sem as árvores? É como eu seria sem uma alma retórica. Sei que parece bárbaro,
mas cada palavra que eu aqui escrevo tenta entrar no coração de alguém que pelo
seu sentimento, as transforme em grandes palavras. Já não ouço o tic tac do relógio,
mas ouço-me a mim mesmo. Esta alma está a aborrecer-me e entupir as auto-estradas
que por mim se ramificam. Sei que não sou ninguém sem esta alma e sem que ela
sem mim não é ninguém, mas porque é que a procura se esconde? É fácil a procura
esconde-se porque o que há a ser procurado já esta encontrado, as respostas que
eu quero já o intimo as tens, mas para eu ficar com elas é necessário eu ver
com olhos de ver e sentir com o coração e não com a falsidade. Por isso esta
alma esta cansada e farta de procurar algo que já foi encontrado, por isso é
que esta deixa de ser a alma retórica e passa a ser a alma verdadeira, por isso
é que eu sou a alma, o intimo, mas não passo de uma pessoa que fala pela alma e
que descreve pelo intimo do seu olhar e do seu ser... Assim fala a alma...
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
A Carta que ninguém leu...
Esta é a carta que ninguém leu. Escondida em
escombros de memória, numa mala perdida numa floresta de coisas. É assim o sótão
onde se encontra esta carta. Fora escrita já a muitos anos, em que escrever era
uma arte, como pintar. Nela continha uma mensagem verdadeira que ninguém a
queria ler. O seu envelope estava amarelado, velho e rasgado. Quem for a tocar
nessa carta, vai reparar que o seu aspecto não é o mais bonito, como o pôr-do-sol.
A sua cor e textura também não mudam muito, aquela cor douradas nas bordas e
amarelada no centro, faz dele a carta mais velha que reside por debaixo
daqueles escombros todos. Cada monte de escombros que se encontra em cima é
como um monte de pedras que ficou em cima de algo muito valioso. As palavras
que residem dentro dela, não sei como são, a sua data é imprevisível, porque
fora apagada com o tempo. O tempo por sua vez, fez com que ela fosse perdendo
harmonia e ganha-se força pois, não se vê um único rasgo nem uma única dobra.
Será que a carta é verdadeiramente forte? O tempo não sabe contar, quem conta é
o contador, que com uma pequena folha de papel escreve o tempo por cima da
carta. Porque será que cada vez que alguém tenta ler a carta, ninguém consegue?
Será que as suas palavras são demasiado reais para alguém as ver? Não sei, sei
que naquela mala perdida naquela floresta de coisas, mora uma carta que ninguém
leu. Ninguém leu também os seus sentimentos, porque aquela é uma carta com
sentimentos, cada letra escrita no envelope fora escrita em tempos em que o
amor residia não só como sentimento, e no coração, mas como palavras e na boca.
É uma carta perdida no tempo e no lugar, porque a verdade é que nem sempre
esteve debaixo daqueles escombros. Em tempos viajou e voou, viveu e sorriu,
cresceu e voltou a crescer, ficou seca e molhada, é uma carta que já viu o
mundo, mas porque será que nunca foi vista? A verdade é que aquela carta são os
olhos dos sentimentos e de uma forma nunca fora lida, porque os olhos dos
sentimentos residem em cada um de nós, assim como as palavras surgem de dentro
de nós pois, o que seria de uma pessoa sem palavras? Nada, seria como um jardim
sem flor. Pode ser uma carta que ninguém leu, mas é uma carta que já viveu e
continua a viver dentro de cada um de nós, por isso é uma carta que ninguém
leu, porque nós já somos essa carta...
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Momento...
Será uma palavra ou meramente um acto. O momento não sabe viver, o
momento não sente o momento é como a alma. Sempre que o tic tac do relógio é
ouvido pela alma o momento foge como foge uma pequena criatura em situação de
perigo. A alma não sabe o que vive nem onde vive. Ela não sabe se a primavera é
verdadeira ou se o amor é falso, porque ela só sabe que o momento é algo forte
demais para o seu verdadeiro lugar. Tem vezes em que o momento e o som do
relógio são o mesmo e por isso não passam de uma ilusão vivida pela alma. O som
do relógio do momento não passava de uma mera ilusão, cada imagem vista naquele
lugar não passava de uma ilusão. Mas afinal o que era o momento e a verdade?
Ela não conseguia encontrar nenhuma solução, e é então que chora incessantemente
porque não consegue encontrar o momento. Tenta gloriosamente procurar o que era
o momento e para o que servia, mas a alma nada encontrava. Sempre que o relógio
dava os segundos, o momento estava estagnado, mas sempre que o relógio dava as
horas o momento mexia tão depressa, como mexe o leão quando corre velozmente.
Ela sabia que por vezes o momento omitia a verdade e que nem sempre aquilo que
via era a verdade, por isso tentava viver como se fosse o ultimo momento por
ela vivida. Está a alma manipulada, vive sempre em função de alguém que não ela
mesma, porque sempre que o relógio para ela para e sempre que o relógio avança
ela avança. Por vezes parece uma espécie de ligação que não cede aquele momento
e nem sempre está disponível. Este momento é mentira e mente de tal maneira que
acaba por magoar a alma. Ela sem ele não vive, mas ela sem ela também não.
Porquê arranjar soluções de vivencia em algo que já não quer viver? Ela sabe
que em algumas vezes não há forma de procurar o que não há, mas o momento
existe, agora é necessário procura-lo com olhos de quem procura, porque se o
procurarmos com olhos de quem não procura, ele acaba por desistir de se deixar
encontrar, porque pode ser o momento, mas é algo que necessita de alguém para
viver. Mas a alma está confusa não sabe se o som do grande relógio é o seu
próprio som ou então é o momento que se passa por ele para emitir um som
verdadeiro. Ela não sabia por isso procura esconder-se e fugir, pois quando a
alma se sente assim, confusa, só quer é desaparecer…
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Outra Vida...
Será que é realidade ou irrealidade. Sempre que olho para o lado
vejo alguém que não eu. Sempre que olho em frente sinto alguém que não eu. Mas
porque olho para a frente e não olho para trás? Numa outra vida era a luz, aqui
vou a escuridão, noutra vida eu era a alegria e aqui sou a tristeza e noutra
vida eu era a alma e aqui sou o intimo. Eu sou um buraco negro que abre
violentamente para poder chamar alguém, eu sou a alma enfraquecida pelo íntimo
que, fortemente suga esta harmoniosa alma, mas o que sou afinal? Eu sou a vida
que é tua e a alma que é minha, sou o olhar deste íntimo perdido noutra vida
que suavemente tenta transformar-se em algo forte e estrondoso que é capaz de
acabar com esta vida cruel. Eu sou a flor triste que lentamente vai desaparecendo
para se formar outra nova, mas triste flor. Porque tudo é tristeza? Porque sou
um íntimo escuro e triste? Na outra vida eu sou a criança das crianças e a
felicidade do amor, nesta vida em fico ao sabor do mar, como se fosse uma
alga perdida numa imensidão de gotas de água. Sempre que ouço o tictac do
recordo-me de uma vida que não esta, tento lembrar de algo que não a tristeza,
tento viver o que vivia. Sei que conheci alguém que no meu dia de anos não só
me transformou, mas como também me amou. Não falo desse sentimento, porque o
intimo não sente, enquanto a alma sente e vive. Tentei fugir desta vida, mas a
outra impediu-me. Por vezes o meu coração falou-me e dizia-me para ser forte,
mas como posso ser forte se eu sou um coração avariado. Nenhuma das engrenagens
funciona, nenhuma bomba bombeia o sangue é um coração sem vida. Sem vida
permanece a minha alma que numa outra vida teve momentos de gloria e agora nem
por isso. Acabo de ter um acidente, não sei onde estou, nem sei que é um mero
acaso de ter um acidente. O relógio não tocou mais, o meu coração não bateu
mais, mas afinal onde estou agora? Não estou em lugar nenhum, vivo e permaneço
no mesmo. Sou as raízes da outra vida e a verdade nasce quando eu descobrir
quem sou eu. Sei que procurei nas auto-estradas do meu corpo para saber quem eu
sou, mas em vão. Em vão serão estas palavras que deixam o coração, em vãos será
o sentimento da alma, em vão serei eu. Eu sou o coração da alma, sou em que
vivo e faço viver, mas acima de tudo sou eu que tento fazer com que o intimo
seja a alma e a alma seja alguém. Não sei porque digo isto ou porque o faço.
Cada acto é uma verdade e será que serei um coração verdadeiro? Assim é...
sábado, 7 de janeiro de 2012
Sou fraco...
Estou numa sala que outrora fora uma grande
sala. Ouve música, teatro e até revista, mas o que é agora? É um espaço amplo e
vazio, onde o tic tac do relógio influência quem lá esta. Eu sou fraco... Tenho
medo desse tic tac, tenho medo deste silêncio e tenho medo deste triste lugar.
Como pode agora uma sala voltar a nascer? Eu sou a sala que outrora teve o seu
momento de glória, eu sou a música nela tocada, eu sou o repique do relógio a
tocar, eu sou o barulho de um bom teatro e de uma boa revista, mas acima de
tudo eu sou a alma desta sala. Sei que por vezes ouve altos e até mesmo baixos
que ninguém conseguiu evitar, porque quando uma alma é fraca a sua sala é
assim. Já não se ouve música, somente o tocar morto de um relógio. No passado
havia poesia, agora há letras perdidas no tempo. Alguns dos sonhos que lá foram
construídos, agora sentem-se perdidos no tempo. Eu sou um desses sonhos.
Sonhava conhecer algo, e não conheci nada, sonhava viver e ser vivo, e não fui
vivido. E agora? Volta outra vez o tic tac do relógio e o meu medo renasce. Sei
que dentro desta sala está a verdade e a que a mentira, não passa apenas de um
aparte. Todo o repique de um som dado pelo relógio de sala transforma a minha ânsia
de descobrir em medo puro. Fraco... Fraco...É este o som que o relógio
diz. Percorre todos os caminhos desta sala e só vejo pessoa que deveras estão
lá, ou estão e não falam. Consigo ver através de um banco todos os teatros e
musicais aqui feitos, todas as glorias conquistadas e todas as verdades ditas,
mas tudo isto não passam de meras ilusões. Ilusões que sobreviveram ao longe
deste tempo todo, algumas ainda perduram nos camarins e outras simplesmente
navegam como se estivessem num mar agitado. Neste momento o meu coração ouve o
som do relógio, que perdurando tenta furar o meu motor principal. Consigo
visualizar pequenos humanos, que numa doçura tentam representar uma peça e a
minha alma com uma figurada está lá no meio. Tenho medo, diz a minha alma...és
fraco, diz o relógio, e eu o que digo? Nada. Eu sou as paredes fracassadas que
ainda sobrevivem ao fim deste tempo todo, eu sou a tinta que depressa cai, eu
sou o candeeiro velho e sem luz, eu sou todo que naquela sala existe. Tento
ouvir o som do mar, que daquele alçapão saí, mas é simplesmente mais uma das
mentiras que ficaram por revelar, nos tempos de glória. Mais uma vez estou
sentado e volto a ter medo, medo de não ser ouvido e de não ser escutado, medo
de ser mais uma mentira perdida, medo de ser tudo e não ser nada ao mesmo
tempo... Afinal o que sou eu? Eu sou esta sala fraca no corpo de alguém que por
gestos faciais tenta dizer que é forte e feliz, eu sou uma sala abandonada
porque quem pensa que tem a glória, mas só tem a derrota... Eu sou esta sala
fracassa...
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Histórias do Pobre Velho... Racismo...
Enquanto uns lutam para ter a fama, outros
lutam para ter o seu direito, serem alguém. Não são mais do que as onze horas
da manha, quando o pobre velho vê algo que pensava que desde a sua infância não
voltaria a ver. Ao ver aquilo o pobre velho relembra uma situação igual que
tivera passado na sua infância. Passavam alguns meses do natal, quando a escola
recomeça, naquele tempo não se chamava período mas sim segunda parte do ano
lectivo, enfim. Eram por volta das catorze horas, quando depois de uma manha de
trabalho nas terras do seu pai, a pequena criança vai para a escola. O seu
grupo de amigos era sempre o mesmo, ou seja, nenhum. De facto desde o primeiro
dia no primeiro ano, que a pobre criança continuava sempre sozinha, e de facto
não havia volta a dar. Ele pensava que ele estava sozinho só pelo facto dos
seus pais serem uns meros caseiros, enquanto alguns pais dos seus colegas eram
engenheiros agrários ou algo parecido. Isso até era fácil de confirmar, mas preferia
viver na ignorância, mas ser um idiota caseiro, como assim lhe chamavam. O tic
tac do relógio apressava a entrada para a sala, enquanto uns entravam outros
ficavam a porta a espera dele, para ser mais uma vez motivo de chacota. E assim
acontece. Ele via por um lado uns a rir e outros que não mostravam quaisquer
fisionomias na sua bela cara. De repente o pobre velho acorda daquelas
recordações sobressaltado, e repara que ainda estava a acontecer aquilo para o
qual não fazia sentido nenhum e ele tinha que fazer alguma coisa e é então que
regressa as suas recordações. Por vezes a pobre criança era motivo de chacota
dele mesmo, porque se ele não gostava de si como haveria os outros gostar dele?
É fácil. Sempre que ele ouvia o tic tac o medo subia-lhe pelas pernas. Antes de
entrar ele pensava em mil e uma soluções para entrar sem ser gozado e mal
tratado. Ele sabia que havia motivos que justificavam os meios, como por
exemplo faltar as aulas, mas ele não podia. Esta era a vida que ele tinha e era
com ela que ele tinha que viver. De dia para dia as coisas agravavam-se
chegando mesmo ao ponto de ele dar as suas coisas, as poucas que tinha, para
que lhe deixassem em paz. Mas um dia, quase a chegar as férias, um senhor já de
certa idade vê o que os seus colegas lhe estavam a fazer e diz-lhes: toda a
verdade nasce como uma árvore, e toda a mentira morre como uma flor, a verdade
é aquilo que somos e a mentira é aquilo que tentamos ser e é isso que vos
acontece. Depois de isto cada um vai para a sua casa. Os dias foram passando e
aquelas coisas que lhe estavam a acontecer continuavam. Por vezes havia socos
na barriga, e por vezes outras coisas enfim. O tic tac acaba e com ele acaba
estas agressões. Chegou o dia em que a pobre criança diz, não, e é não mesmo.
Ele não tem mais nada que fazer. Falar estava fora de questão por isso pensou
que tal passar a pratica, não era bater-lhes, mas mostrar-lhes a ele que com um
simples gesto tudo se pode resolver. No inicio das férias a pobre criança
leva-os a casa e mostra-lhes como era viver assim, e ao ver aquilo os seus
colegas prometeram não voltar a gozar nem a meter-se com ele, porque eles
pensavam que aquilo que eles estavam a ver era o oposto, ou seja, nem tudo o
que eles pensavam que era existia na verdade. A partir daquele momento ele e os
outros tornaram-se os melhores amigos. Com medo e com um pouco de receio o
pobre velho volta a realidade e aquela situação continuava. Sem mais demoras o
pobre velho dirige-se a eles e diz-lhes a forma como tu tratas alguém é digno
de uma pessoa cobarde, mas a forma como ele recebe os teus insultos é digno de
um vencedor. Tu vencedor o tic tac acaba quando tu conseguires ser mais forte
que estes meros cobardes. Ouvindo aquilo aqueles pobre crianças receberam com
amor aquelas palavras e agradeceram. E agora pensa, o pobre velho será verdade
que eles receberam aquilo com amor? Acredito que sim...
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Histórias do Pobre Velho... Outrora...
Hoje o pobre velho caminha. E caminha para onde, nem ele sabe.
Todos os dias para o pobre são uma monotonia que o assombra dia e noite, sendo
que a única coisa que quebra esta monotonia ao pobre velho é ver crianças a brincar.
Sim crianças a brincar, seja num parque, numa rua ou até mesmo em sua casa.
Cansado e de já caminhar ele senta-se num banco de pedra que encontra e as suas
recordações captam a sua atenção. Talvez fosse no verão, quando a pequena
aldeia daquela pobre criança chegava um novo casal. Inicialmente eles vivam
sozinhos, pensava ele, mas não era verdade. A verdade ali é que mais cedo ou
mais tarde surgiria dali uma grande e duradoura amizade. Cada dia que passava,
ele tentava a todo o custo manter e fazer amizade com aquele rapazito, como
assim ele lhe chamava. O tic tac de relógio todas as noites parecia não
existir. É então que alguém pensa que o pobre velho está a dormir e chama por
ele. Ele acorda daquela bela recordação e reponde não estar a dormir, mas sim a
lembrar-se dos seus tempos de criança. E sem mais incómodos volta a recordar.
Certa tarde o rapazito decide ir ao lago, aquele lago onde todos tinham a
oportunidade de se banharem. E assim foram. As horas, os minutos e os segundos
passavam, como passava a água daquele rio em pleno verão. Ele sabia que mais
cedo ou mais tarde toda aquela vida de amizade ia acabar, mas enquanto não
acabasse ele iria desfrutar ao máximo. O rapazito sabia imensos jogos, desde
jogos com pedras até mesmo um jogo de agua. O problema ali é o tão inesperado
dia chegara. Ele já sabia que esse dia ia chegar mais cedo ou mais tarde, mas
nunca contava que chega-se tão cedo. Bem a despedida foi imensa e o choro
entre aquelas duas crianças foi grande, mas ele pensava, ele vai embora, mas
vai voltar um dia. É então que ele se vai embora e a pobre criança não tem mais
nada do que ir atrás do carro, como corre as ovelhas quando o cão pastor vai
atrás delas. Mas eis que o carro para e a pobre criança começa a fugir com medo
que eles lhe viessem ralhar por ele vir atrás do carro, mas era totalmente o
contrário. Depois de tanto choro, tristeza e correria, os pais do rapazito
decidiram ficar até sempre. Talvez fosse ali que a sua felicidade reinava, mas
o que é certo é que não foi ali onde a sua felicidade reinou. O pobre velho
acorda com os olhos num oceano e as crianças interrogam-no perguntando o que
ele tinha e o pobre velho responde, nunca é tarde para se reviver bons
momentos, o pior é quando esses bons momentos nem existem ou apenas uma pequena
parte deles existem, mas digo-vos apostem nesses bons momentos, porque eu estou
a viver um agora. As crianças ficaram tão comoventes que sempre que o pobre
velho passa ali, aquelas criancinhas pedem-lhe sempre para ele contar mais
histórias da sua vida... E assim ele faz com um sorriso nos olhos e na cara...
domingo, 1 de janeiro de 2012
Histórias do Pobre Velho… Passado…
Hoje o pobre velho não quer recordar os factos maravilhosos,
tristes ou outros. Hoje o pobre velho quer mostrar como é que o futuro pode ser
um produto incerto e o presente pode ser um acto… Por isso e sem mais demora começa
o pobre velho. "Como é que podemos olhar o passado, se muitas vezes
esquecemos que tivemos um passado. Cada dia que passo dou-me conta, sem contar,
que vivo num mundo muito injusto. Cada acto ou cada palavra que tento dizer,
por vezes são criticados. Ninguém sabe olhar para ninguém, porque cada um olha
para o seu próprio umbigo. Quantos de nós, já parou para reviver o seu passado?
Alguns talvez. Eu sou uma pessoa imperfeita! E perguntam porquê? Pois bem, eu
tenho momentos que não olho para o presente nem olho para o futuro,
simplesmente dou-lhes umas vistas de olhos, com olhos de ver aproveito para ver
o passado cruel que talvez eu possa ter tido. A minha cabeça é uma caixa de
dúvidas metódicas que persistem e existem, porque algumas vezes tenho a sensação
que certas pessoas, nesta sociedade materialista, nunca tiveram passado, ou
então simplesmente não o viveram. Cada minuto que passa, diz o pobre velho, é
uma forma de todos nós tentarmos construir um mundo puramente justo. Sei que
são raras as vezes em que batemos com a cabeça e dizemos " não aquilo que
fiz está errado" e também sei que são muitas as vezes em que dizemos
" não aquilo que eu fiz está bem, o que ele fez é que pode estar
mal..." Eu sei que não passo de um pobre velho e que nem sequer uma vida
inteira viveu, somente duas décadas de vida persistem na minha cara. Hoje não
venho com histórias meramente visíveis em cada palavra ou em cada frase, hoje
venho com uma realidade que é escondida aos olhos de alguém. Mas quem será esse
alguém? Será que existe mesmo? Essa pessoa existe e está dentro de todos nós,
essa pessoa expressa-se por palavras, actos e até por sentimentos, que são
escondidos numa cara sem emoções, essa pessoa é a verdade… Eu sou um pobre
velho que se senta num banco, num jardim de uma pequena aldeia e que as únicas
pessoas ou seres que ouvem as minhas palavras, ou são os pequenos insectos que
andam pelo ar, ou então são os pequenos seres que carregamos nos nossos colos
até a um certo período de idade. A única coisa que este pobre velho que está
sentado num banco, em pleno inverno, pode dizer é que não olhem somente para o
futuro, olhem também para o passado pois, muitas das nossas vidas existem
porque tivemos um passado que perdurou e perdura até aos dias de hoje, não
olhem só para o futuro pois, o futuro é um lugar de ganância e tristeza,
costumo dizer: O presente é um acto, o futuro é um produto incerto e o passado
é um facto. Eu sei que só sou um pobre velho, mas sou alguém que vive com a
ajuda do passado e com receio do futuro, porque o presente é o acto, se eu não
o representar agora como irei viver mais tarde sem ter representado esta
personagem?"
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