Pego num caderno, coberto de teias de
aranha. Sempre que o abro, é como se dele viesse aquilo que outrora as
auto-estradas do meu corpo me tiraram. Vejo imagens e visualizo vídeos. Não sei
porque é que isso é assim. Corre no meu rosto lágrimas de tristeza por desejos
não compridos, mas o que será destes novos desejos? Não sei. Sei que tenho
força, para mim e para retirar aquelas teias de aranha daquele velho caderno.
Que nome lhe pode dar? Caderno dos desejos ou simplesmente caderno? Talvez um
nome simples lhe venha a dar mais gloria, que um nome mais complicado. Retorno
ao caderno depois de uma aventura triste. Vaguei-o folhas e inspiro-me nelas.
Cada folha é como se fosse um desejo por cumprir e para realizar. Se não posso
ser aquilo, tentarei com a força da minha alma ser outra coisa que não aquilo.
Toco nas folhas que no passado foram brancas e com um cheiro maravilhoso, agora
são amarelas e corroídas pelo cheiro a velho... Retorno ao passado e vejo o dia
em que pela força do destino as auto-estradas me atraiçoaram, não me recordo o
dia, nem a hora, mas neste caderno de desejos está tudo. Quero voar e descobrir
desejos por encontrar e fazer deles a força que neste caderno existente. Deles
quero formar o meu próprio mundo e viver nele, sei que por vezes a vontade desaparece,
mas a minha força é assim! Não sei que fala nem quem escreve, aquela pena que
dantes brotava tinta, brota agora desejos para este velho e amarelo caderno.
Tento voltar a tentar, mas quando olho para mim continuo a ver o passado.
Porque será? Talvez seja eu um espelho do passado perdido e dos desejos não
concretizados? Sim. É isso mesmo. Sinto que sou um espelho de um caderno que
guarda os desejos que nunca foram concretizados, mas porque é que a luta desses
desejos não continua. Sou eu! Eu broto a vontade de que se cumpra ou não, mas
afinal pergunto-me. O que sou eu? Será que existo como aquela pena que largava
suavemente gotas de tinta e que fortemente penetravam na folha? Ou sou
meramente um caderno dos desejos que nunca fora valorizado? Não sei! Consegui
perder a vontade de procurar estes desejos pois, não sei quem sou, e como posso
saber? Tristemente desapareço, mas sorrindo vivo, porque tenho a consciência
que um dia tentei fazer glória aos meus desejos e se desses a glória foi em
vão, virão com mais força novos e grandes desejos… Assim vivo, na alegria de
ser como sou e na vontade de ser assim…
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