Será que é realidade ou irrealidade. Sempre que olho para o lado
vejo alguém que não eu. Sempre que olho em frente sinto alguém que não eu. Mas
porque olho para a frente e não olho para trás? Numa outra vida era a luz, aqui
vou a escuridão, noutra vida eu era a alegria e aqui sou a tristeza e noutra
vida eu era a alma e aqui sou o intimo. Eu sou um buraco negro que abre
violentamente para poder chamar alguém, eu sou a alma enfraquecida pelo íntimo
que, fortemente suga esta harmoniosa alma, mas o que sou afinal? Eu sou a vida
que é tua e a alma que é minha, sou o olhar deste íntimo perdido noutra vida
que suavemente tenta transformar-se em algo forte e estrondoso que é capaz de
acabar com esta vida cruel. Eu sou a flor triste que lentamente vai desaparecendo
para se formar outra nova, mas triste flor. Porque tudo é tristeza? Porque sou
um íntimo escuro e triste? Na outra vida eu sou a criança das crianças e a
felicidade do amor, nesta vida em fico ao sabor do mar, como se fosse uma
alga perdida numa imensidão de gotas de água. Sempre que ouço o tictac do
recordo-me de uma vida que não esta, tento lembrar de algo que não a tristeza,
tento viver o que vivia. Sei que conheci alguém que no meu dia de anos não só
me transformou, mas como também me amou. Não falo desse sentimento, porque o
intimo não sente, enquanto a alma sente e vive. Tentei fugir desta vida, mas a
outra impediu-me. Por vezes o meu coração falou-me e dizia-me para ser forte,
mas como posso ser forte se eu sou um coração avariado. Nenhuma das engrenagens
funciona, nenhuma bomba bombeia o sangue é um coração sem vida. Sem vida
permanece a minha alma que numa outra vida teve momentos de gloria e agora nem
por isso. Acabo de ter um acidente, não sei onde estou, nem sei que é um mero
acaso de ter um acidente. O relógio não tocou mais, o meu coração não bateu
mais, mas afinal onde estou agora? Não estou em lugar nenhum, vivo e permaneço
no mesmo. Sou as raízes da outra vida e a verdade nasce quando eu descobrir
quem sou eu. Sei que procurei nas auto-estradas do meu corpo para saber quem eu
sou, mas em vão. Em vão serão estas palavras que deixam o coração, em vãos será
o sentimento da alma, em vão serei eu. Eu sou o coração da alma, sou em que
vivo e faço viver, mas acima de tudo sou eu que tento fazer com que o intimo
seja a alma e a alma seja alguém. Não sei porque digo isto ou porque o faço.
Cada acto é uma verdade e será que serei um coração verdadeiro? Assim é...
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