quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Pena...

Pego numa pena afogada em tinta e escrevo uns versos que tais querem ser visto. Após o tic tac do relógio e o triunfar do coração surge na minha memoria uma inexistência verdadeiramente vivida. Estes são os apontamentos de uma pena que deveras existiu. Algumas vezes ela tentou escrever, mas em vão. Caminham por lagos e mares os meu sentimentos que morrem afogadas na tinta preta que pinga da pena. O mundo começa assim que uma palavra que saiu do meu coração é escrita. Sem tais apontamentos o verdadeiro sentido da pena não existia somente no meu coração partido em alguns pedaços depois de uma negação profunda. Já não sei o que escrever com a força desta maravilhosa pena. Porque estou sentado? O que faço aqui? Não sei quem sou, nem o que faço. Posso ser um escritor ou um simples e detestado sentimento. Pinga suavemente a tinta da caneta e fortemente vai penetrando no papel. Volta o relógio a tocar e com medo eu tremo. Treme fortemente a pena depois de escrever tais palavras e que pela força do amor elas fazem-se ouvir, num infinito de palavras que outrora em tempos mais distantes foram esquecidas. Posso ver o olhar das palavras que tristemente largam ramificações a sua volta. Mais uma vez elas interrogam-me sobre quem sou ou o que faço. Foram várias as vezes em que a pena, por pena de eu não ter um destino escreveu por mim. Sei que são estes os apontamentos de uma alma reconfortante que por via de algo, não sabe o que faz. Sinto-me triste pois, nem sei que faço nem sei que digo, sou um conjunto de actos mal feitos e inexistentes, sou a verdade camuflada pelo medo que está atrás de uma grande parede, sou algo mais que uns meros apontamentos. O céu é para a pena uma forma de glória, sabendo que foi dele que ela veio ao sabor e ao carinho do vento, que numa noite de primavera a trouxe. Quero acabar e mudar o rumo a esta pena que levemente escreve uns meros apontamentos numa folha já amarela de tanto ser velha. E o que é feito do som do relógio? Não sei. Nada é feito sem que a pena escreva, assim como nada é sentido sem que a pena assim sinta. Olho agora em volta e o que vejo, nada. Dantas era o olho da pena e agora sou o olho da alma que gloriosamente escreve tais palavras ao sabor do movimento desta pena. Estas tais palavras são para serem saboreadas pela alma de quem escreve, pode ser uma pena ou uma pessoa. Contudo, penas como as que nascem numa noite de primavera nunca mais existiram, assim como sentimentos que são escritos pela força da pena, sem ela não existiram na forma e no amor que a pena transmite. Afinal quem sou eu?...

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