Hoje o pobre velho caminha. E caminha para onde, nem ele sabe.
Todos os dias para o pobre são uma monotonia que o assombra dia e noite, sendo
que a única coisa que quebra esta monotonia ao pobre velho é ver crianças a brincar.
Sim crianças a brincar, seja num parque, numa rua ou até mesmo em sua casa.
Cansado e de já caminhar ele senta-se num banco de pedra que encontra e as suas
recordações captam a sua atenção. Talvez fosse no verão, quando a pequena
aldeia daquela pobre criança chegava um novo casal. Inicialmente eles vivam
sozinhos, pensava ele, mas não era verdade. A verdade ali é que mais cedo ou
mais tarde surgiria dali uma grande e duradoura amizade. Cada dia que passava,
ele tentava a todo o custo manter e fazer amizade com aquele rapazito, como
assim ele lhe chamava. O tic tac de relógio todas as noites parecia não
existir. É então que alguém pensa que o pobre velho está a dormir e chama por
ele. Ele acorda daquela bela recordação e reponde não estar a dormir, mas sim a
lembrar-se dos seus tempos de criança. E sem mais incómodos volta a recordar.
Certa tarde o rapazito decide ir ao lago, aquele lago onde todos tinham a
oportunidade de se banharem. E assim foram. As horas, os minutos e os segundos
passavam, como passava a água daquele rio em pleno verão. Ele sabia que mais
cedo ou mais tarde toda aquela vida de amizade ia acabar, mas enquanto não
acabasse ele iria desfrutar ao máximo. O rapazito sabia imensos jogos, desde
jogos com pedras até mesmo um jogo de agua. O problema ali é o tão inesperado
dia chegara. Ele já sabia que esse dia ia chegar mais cedo ou mais tarde, mas
nunca contava que chega-se tão cedo. Bem a despedida foi imensa e o choro
entre aquelas duas crianças foi grande, mas ele pensava, ele vai embora, mas
vai voltar um dia. É então que ele se vai embora e a pobre criança não tem mais
nada do que ir atrás do carro, como corre as ovelhas quando o cão pastor vai
atrás delas. Mas eis que o carro para e a pobre criança começa a fugir com medo
que eles lhe viessem ralhar por ele vir atrás do carro, mas era totalmente o
contrário. Depois de tanto choro, tristeza e correria, os pais do rapazito
decidiram ficar até sempre. Talvez fosse ali que a sua felicidade reinava, mas
o que é certo é que não foi ali onde a sua felicidade reinou. O pobre velho
acorda com os olhos num oceano e as crianças interrogam-no perguntando o que
ele tinha e o pobre velho responde, nunca é tarde para se reviver bons
momentos, o pior é quando esses bons momentos nem existem ou apenas uma pequena
parte deles existem, mas digo-vos apostem nesses bons momentos, porque eu estou
a viver um agora. As crianças ficaram tão comoventes que sempre que o pobre
velho passa ali, aquelas criancinhas pedem-lhe sempre para ele contar mais
histórias da sua vida... E assim ele faz com um sorriso nos olhos e na cara...
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