Mas porquê olhar para o passado? Porquê continuar num caminho
devastado de um sentimento morto. Quando me olho ao espelho, vejo uma alma
vazia, sem ser vivida ou sem ser vista. Atrás de mim ouço um relógio que com
força dá sete badaladas, serão estas as badaladas da vida? Ou será apenas uma
melodia para se ouvir. Caminho numa estrada onde não se distingue qual o espaço
do peão e do condutor. Consigo, com dificuldade, visualizar os carros brancos
que se aproximam de mim, mas serão realmente carros brancos? Não sei. Escrevo
poemas tendo em conta a badalada das sete vidas. Tocando uma, duas...até sete
vezes, mas são badaladas não sentidas. A primeira percorreu as auto-estradas do
meu íntimo, mas não chegou ao coração, a segunda foi simplesmente uma
metamorfose de um sentimento falso, a terceira, nem me tocou na alma e por fim
a sétima que pela sua forma fez doer algo. Doeu de uma tal forma que nem o
coração aguentou e acabou por parar. Estou numa vida em que este som nada
interfere em mim. Passam-se páginas, livros e bíblias de poemas sobre a vida e
em nenhum deles se encontra os meus. Cada ponto e cada som, é como uma flor,
tanto depressa cresce como a seguir morre, assim é este som. Estou num lago,
congelado, em que a virtude do perdão está congelada e a sensação do amor, nem
se quer permanece no gelo... Que posso fazer, que não sinto, mas vejo, que
posso acrescentar a estas emoções? Faço laços com o sabor deste som, acrescento
divas e notas a este som, mas fica sempre imperfeito. Ao fundo consigo avistar
um livro, que pela sua força me atraí para ele. Tente folheá-lo, mas em vão.
Cada folha passada, era como uma pequena flor de amêndoa que suavemente caía,
mas estas pelo contrário eram suavemente passadas pelos meus grossos dedos.
Após ter-me perdido neste mundo das sete badaladas da vida, sinto-me perdido,
como se sente a pequena flor ao sabor do vento... Já não ouço mais nada e
contínuo sem sentir mais nada, mas aquele som será sempre modificado assim que
a minha vontade o preveja. Agora e perdido neste mundo, vou continuar a folhear
este livro e a sentir-me perdido, sem resposta a estas meras e tristes
emoções... Assim será...
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