Estou em frente a um vidro que consegue pelo
seu carisma fraco ser baixo. Não tenho pena, simplesmente não sinto nada em
relação a isso! Percorri memórias, estradas e caminhos que pelo seu interior
querem ser vistos pela alma de um pobre pedinte. Olhei para o espelho e não vi
senão lágrimas, que foram perdidas pelas saudades de algo nunca conquistado. Os
meus olhos são as perolas que alguém as encontrou, mas depressa as deixou
fugir. Será que alguma vez as tentou conquistar? Deveras. Sempre atingi um objetivo,
e como posso ficar feliz? Está alma não se contenta com isso, é um circulo sem
vida e sem vida morrerá, mas porque é que esse alguém continua no meu caminho?
Não sei que dizer mais, mas sempre que olho para o espelho, os meus olhos falam
tristeza e escrevem tristeza no espelho do luar, que naquela noite partiu em
busca de algo, que nunca conseguirá! Porque me sinto cego, ou talvez
inexistente. Os meus olhos já caminharam muito e já viveram muito, mas a
verdade é que ninguém ainda os fez viver por isso é que eu nunca olhei para
futuro como sendo um lugar em que irei viver e ser vivido. Sinto que não
consigo ser nada e nunca poderei ser nada, sinto que sou mais um entrave no
mundo do que o mundo é um entrave para alguém. Ouço ao longe um piano a tocar e
tocam tão suavemente que as minhas lágrimas deixadas pelos olhos conseguem
embaciar o espelho... Serão quentes? Ou simplesmente especiais? Não sei porque
escrevo com lagrimas de alguém que quer ser ouvido, se a voz destas palavras
encontram-se na alma, que é minha, e que está presa no ventre da saudade? São
perguntas sem resposta, mas também respostas sem perguntas, a verdade da alma é que
ela é um ser normal e fantástico, enquanto a saudade e a tristeza não passam de
meras linhas que me ofuscam a alma e os olhos. O som do piano suavemente
desaparece, mas a saudade ferozmente cresce e a tristeza rapidamente se alastra
pelo meu pequeno corpo, que aquele pequeno espelho transmite, mas e agora corpo, que dizem os teus olhos? Nada, os meus olhos só dizem tristeza e saudade de algo
que foi vivido intensamente e que agora ninguém o consegue viver. Quero
desaparecer e procurar novos mundos onde os meus olhos possam dizer algo, algo
com verdade e carisma, já que aqui, eles não dizem nem ninguém diz nada
deles... Assim fala a alma dos seus olhos...
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