A nitidez é surda,
A verdade
é muda,
Mas o
olhar é verdadeiro.
Quando eu
olho para ti, o brilho nos olhos cai sobre a patena que guarda as minhas lágrimas
que pela saudade e pela tristeza são alvo de um coração partido em pedaços que
nem os dedos os contam. Penso que esta patena não é dourada pela sua forma, mas
sim pela riqueza das minhas puras lágrimas.
A saudade
é um fruto,
A Tristeza
é uma raiz,
Mas a alma
é verdadeira.
Consigo
olhar para ti com olhos de quem te rouba a cara, mas na verdade são olhos de
quem te deseja. Através dos dias que passam descubro quem tu és, mas sem os
dias és como uma flor sem água, ou seja, acabas por murchar.
O caminho
é cego,
Porque a
virtude assim o fez,
Mas os
buracos nele são as minhas caixas de recordação.
Quando
olho para ti, é como se a minha alma morre-se afogada de um desejo prematuro.
Sempre que caminho atrás ou ao teu lado, o meu coração não é um coração, é uma
máquina que transborda um sentimento que não consigo decifrar.
O meu
coração é um cadeado,
Guarda
tudo o que tenho,
Mas o
sentimento sou eu que o engenho.
Se olhar é
uma sensação, o que será então este sentimento? Vivo na realidade que não sei
se ele existe ou se não passa de uma pura invenção. Porque é que o som de um relógio
se parece com o meu coração?
Quando eu
olho para ti
O meu
coração sorri,
Mas a alma
desaparece.
Porque é
que olhar para ti, não me causa nenhum sentimento? Porque é que eu sonho em vez
de haver realidade? A nitidez é como um vidro bem limpo, sempre que eu quero
ver algo ele mostra-me, mas porque é que eu olho para ti? Não sei, olhar para
ti projecta no meu coração um sentimento, mas a alma esconde-o, porque é
demasiado mentiroso para ser verdadeiramente um sentimento.
Quando eu
olho para ti,
A alma não
responde,
E o
coração rompe de dor...
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