quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Quando eu olho para ti...


A nitidez é surda,
A verdade é muda,
Mas o olhar é verdadeiro.
Quando eu olho para ti, o brilho nos olhos cai sobre a patena que guarda as minhas lágrimas que pela saudade e pela tristeza são alvo de um coração partido em pedaços que nem os dedos os contam. Penso que esta patena não é dourada pela sua forma, mas sim pela riqueza das minhas puras lágrimas.
A saudade é um fruto,
A Tristeza é uma raiz,
Mas a alma é verdadeira.
Consigo olhar para ti com olhos de quem te rouba a cara, mas na verdade são olhos de quem te deseja. Através dos dias que passam descubro quem tu és, mas sem os dias és como uma flor sem água, ou seja, acabas por murchar.
O caminho é cego,
Porque a virtude assim o fez,
Mas os buracos nele são as minhas caixas de recordação.
Quando olho para ti, é como se a minha alma morre-se afogada de um desejo prematuro. Sempre que caminho atrás ou ao teu lado, o meu coração não é um coração, é uma máquina que transborda um sentimento que não consigo decifrar.
O meu coração é um cadeado,
Guarda tudo o que tenho,
Mas o sentimento sou eu que o engenho.
Se olhar é uma sensação, o que será então este sentimento? Vivo na realidade que não sei se ele existe ou se não passa de uma pura invenção. Porque é que o som de um relógio se parece com o meu coração?
Quando eu olho para ti
O meu coração sorri,
Mas a alma desaparece.
Porque é que olhar para ti, não me causa nenhum sentimento? Porque é que eu sonho em vez de haver realidade? A nitidez é como um vidro bem limpo, sempre que eu quero ver algo ele mostra-me, mas porque é que eu olho para ti? Não sei, olhar para ti projecta no meu coração um sentimento, mas a alma esconde-o, porque é demasiado mentiroso para ser verdadeiramente um sentimento.
Quando eu olho para ti,
A alma não responde, 
E o coração rompe de dor...

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