Detesto, mas sinto. Minto, mas acredito. Apago, mas alguém
escreve. Começo assim a sentir o medo. Caminho num lugar escuro, onde a única
luz é a verdade. Lá ao fundo está uma porta, mas não é uma porta normal! É a
porta dos sentimentos, dos quais eu nunca tive a oportunidade de sentir! Penso
que sou uma mentira, coberta pelo creme da verdade, porque digo que nunca
senti, mas é mentira. Eu sinto só uma coisa. O medo. Este sentimento é para
mim, um fruto com o qual eu tenho que lidar no dia-a-dia. Porquê ter medo?
Porquê senti-lo e vive-lo? Consigo ouvir uma bela melodia e tento encara-la,
mas o medo assombra-me. De repente começo a correr em direcção a um rio, que
transborda tristeza, pelas suas finas margens, mas não consigo! Eu sou a raiz
do medo e por isso não sou ninguém. Mas porque é que eu sou a raiz dele? Tenho
um caderno e com ele fiz linhas de memória para que nenhuma parte da minha vida
fosse esquecida, mas falta uma memória que tenho receio em escreve-la, que é a
memória sobre o amor. As lágrimas foram demais, a tristeza cresceu como uma
trepadeira e a saudade brotou. O amor para mim, é mais que amor, é medo. Nunca
tive a coragem de escrever sobre ele, mas porquê? Deveras senti o amor e quando
o senti, foi fracções de nem sequer poder aplicá-lo. Sei que o amor é o maior
medo de todos, mas na verdade como pode ser de todos se quase ninguém o encarou
como medo? A minha cronologia é um veneno mortífero, que quando afecta as
minhas veias, não há como escapar e o medo será o quê? São tantas as perguntas
que esta alma me faz, podendo até desconfiar das respostas dadas a ela, mas
como será o medo? O medo não é ninguém, é como o amor, para quem nunca o
sentiu, mas o medo em contrário ao amor é um veneno, tal como a minha
cronologia, ambos em grande força diariamente me afectam e diariamente põem-me triste.
Por vezes tenho medo de sentir o medo, mas o íntimo protegem-me, mas não me dá
a capacidade de o enfrentar, por isso sou a raiz dele, embora eu sem o meu
íntimo não sou nada. Nunca serei nada, serei apenas um alma, no limiar da
infelicidade e no limiar da pobreza sentimental. Que posso fazer para deixar de
ser a raiz do medo? Ser um sentimento, mas forte? Nunca poderei ser um
sentimento mais forte, porque eu não sou ninguém e nunca o serei... Assim fala
a alma...
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