Estou em frente a um vidro que consegue pelo
seu carisma fraco ser baixo. Não tenho pena, simplesmente não sinto nada em
relação a isso! Percorri memórias, estradas e caminhos que pelo seu interior
querem ser vistos pela alma de um pobre pedinte. Olhei para o espelho e não vi
senão lágrimas, que foram perdidas pelas saudades de algo nunca conquistado. Os
meus olhos são as perolas que alguém as encontrou, mas depressa as deixou
fugir. Será que alguma vez as tentou conquistar? Deveras. Sempre atingi um objetivo,
e como posso ficar feliz? Está alma não se contenta com isso, é um circulo sem
vida e sem vida morrerá, mas porque é que esse alguém continua no meu caminho?
Não sei que dizer mais, mas sempre que olho para o espelho, os meus olhos falam
tristeza e escrevem tristeza no espelho do luar, que naquela noite partiu em
busca de algo, que nunca conseguirá! Porque me sinto cego, ou talvez
inexistente. Os meus olhos já caminharam muito e já viveram muito, mas a
verdade é que ninguém ainda os fez viver por isso é que eu nunca olhei para
futuro como sendo um lugar em que irei viver e ser vivido. Sinto que não
consigo ser nada e nunca poderei ser nada, sinto que sou mais um entrave no
mundo do que o mundo é um entrave para alguém. Ouço ao longe um piano a tocar e
tocam tão suavemente que as minhas lágrimas deixadas pelos olhos conseguem
embaciar o espelho... Serão quentes? Ou simplesmente especiais? Não sei porque
escrevo com lagrimas de alguém que quer ser ouvido, se a voz destas palavras
encontram-se na alma, que é minha, e que está presa no ventre da saudade? São
perguntas sem resposta, mas também respostas sem perguntas, a verdade da alma é que
ela é um ser normal e fantástico, enquanto a saudade e a tristeza não passam de
meras linhas que me ofuscam a alma e os olhos. O som do piano suavemente
desaparece, mas a saudade ferozmente cresce e a tristeza rapidamente se alastra
pelo meu pequeno corpo, que aquele pequeno espelho transmite, mas e agora corpo, que dizem os teus olhos? Nada, os meus olhos só dizem tristeza e saudade de algo
que foi vivido intensamente e que agora ninguém o consegue viver. Quero
desaparecer e procurar novos mundos onde os meus olhos possam dizer algo, algo
com verdade e carisma, já que aqui, eles não dizem nem ninguém diz nada
deles... Assim fala a alma dos seus olhos...
domingo, 26 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
O pequeno ser do espelho...
Nada mais
podia acabar com o olhar daquele espelho em pleno quarto, cuja divisão era tão
pequena que nem a própria vontade lá cabia. Foram horas, momentos e segundos
perdidos a olhar para algo que só refletia as mentiras. Não eram mentiras de
serem vistas ou clarificadas, mas mentiras de ego e sentimento. Não havia uma
só estrada que atravessava aquele espelho de um pequeno que o vê, era mais que
isso, era o mar perdido que alguém pelo orgulho de ser outra pessoa fazia
passar. O espelho só reflete aquilo que não queremos ver, e neste caso foi mais
do que isso. Foram memórias passadas e vividas de mágoa cura, foram mentiras
que alguém inventou vividas de mágoa fria, afinal foi o horror. Eram pouco mais
que setembro meio, quando a escola começara, e que mal começara de forma
verdadeira e digna, as memorias desses tempo são poucas, já que a vasta idade
que se possuía naquela altura era pouco, ou quase nenhuma. O espelho é manhoso
e não consegue transmitir aquilo que realmente passa na memória de uma pessoa,
mas vai passando flashes de algo que
se pode por em dúvida pelo menos que ouve, lê ou viu. Porquê então serem só flashes e não aquilo que na verdade se
vê? São perguntas que um espelho velho irá responder, não sei quando, mas irá.
Cada memória vivida é como se esfaqueassem no coração de alguém algo que de
cruel aconteceu. Não basta haver atos bons e até uma peça de teatro boa, mas
também haver quem os aprecie de forma critica e os resolva. Carrego nas minhas
costas o peso da consciência morta de infelicidade, ou simplesmente um fardo de
palha que possa ser a vida que ninguém quer. Era uma escola pequena pela sua
dimensão, mas grande no seu horror. Não passava de seis anos na altura, mas o
espelho dá mais idade a quem a verdade bateu a porta, numa manha de outono em
pleno ano cuja gravura mostra. Eram sons, como risos, choros e até toques da
campainha. Dias passam, anos passam e pela primeira vez, chega a altura em que
se atinge oito anos, numa forma de serem o seu dobro. Era uma pessoa pequena,
mas com uma largura extrema, e com uma fantasia extrema, mas será verdade. É
isso que o espelho quer mostrar. Foram papéis colados nas costas da alma, foram
pontapés dados ao íntimo e ele, sem fazer nada, ali permanecia em virtude das
suas pequenas pernas. Foram nomes, ou palavras que nem nomes são, que
intitularam e verbalizaram quem ali passava e estava. Talvez pudesse ali
existir uma escada para onde se pudesse subir e ser o controlador de tudo, mas
isso nunca existiu, pelo menos para aquele pequeno ser que ali circulava, nas
mágoas da manha e na virtude do sol. As salas que eram pequenas, com pequenas
mesas, não passavam de uma pequena caixa de bonecos em que o boneco maior era a
professora. Vindos do exterior o ale de entrada para as salas, eram mais um
lugar de convivo numa pequena cozinha, que um local para se lanchar. Aquele
pequeno ser nunca fora forte em inteligência, alias ele não era forte em nada,
era somente um pequeno ser que fugia a estrutura normal daquilo que era normal
ver. E agora que reflete o espelho, o espelho reflete apenas aquilo que a memória
não quer que alguém veja. Já o toque dá quando alguém se encontra na sala, aquele
tinha sido o dia em que a professora não aparecera para dar aulas e os pequenos
seres ficaram a navegar num mar de desejo e vontade. Aconteceram coisas que nem
a própria alma quer que seja visto, mas o espelho exige em mostrar. Foram jogos,
uns educativos outros nem por isso, mas a brincadeira continuou, sem que anda acontece-se.
Acontece, que parte-se um vidro, e este pequeno ser que depois de muita algazarra
decide ir-se embora, para o então ginásio. O medo era tanto que nem vontade havia
de comer, nem de ir lá para fora. Recorda-se o espelho de alguém ter ficado sentado
nuns bancos que lá existiam para quem estava doente, e de uma certa forma aquele
pequeno ser estava. Surgem várias recordações, umas mais nítidas, outras nem por
isso, mas a verdade que o espelho que traduzir está lá, basta imaginar. Os dias
foram passando e o medo aumentando, quando o pequeno ser desiste e acaba por pôr
fim aquele que era o seu maior tédio, viver fora do espelho… Assim recorda o espelho…
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Confuso...
A saudade. Será um sentimento?
O carisma. É o meu fio condutor.
Caminharei por lados opostos no radiar do sol. Atrás dele virá o
amor, que não passa para mim de um simples artefacto historio, encontrado
algures numa caverna, em pleno pilar do coração. Atrás do meu coração penso ser
alguém, mas quem serei eu?
Talvez o céu. Com as minhas memórias a flutuar!
Talvez o Horizonte. Com a tristeza a raiar!
Talvez o passado. Com a vivência perdida?
Não sei para onde caminho, se para a virtude se para o defeito!
Não sei de quem são estes caminhos que piso e passo, se serão do passado ou
futuro, ou se podem ser uns meros trilhos da tristeza. São perguntas, que as
respostas perderam, e são estas as perguntas que uma mágoa tem!
Tento ser a maré. Para transportar as mágoas para a superfície.
Tento ser eu mesmo. Para colocar a tristeza dentro de mim.
Tento ser o papel. Para dele escrever palavras que são a minha
alma.
São estas as palavras perdidas que uma alma deixa nestes trilhos
onde o íntimo caminha, onde a virtude nasce e onde a alma se perde. Sou piegas
em transbordar os sentimentos em forma de palavras e lagrimas, sou piegas em
ser quem sou, um simples acto sem actores.
Sou o som. Transmito as palavras que a minha alma deixa ao
coração.
Sou a felicidade. Mas apenas porque a alma transporta a
serenidade.
Sou apenas eu. Que tento escrever algo que me faça descobrir.
Descubro, mas não consigo decifrar, por isso vagueio pelo deserto
das palavras em busca de algo que me faça realizar, porque não sei o que
escrevo, nem o que sou, não sei para quem escrevo, nem que intuito.
Apenas sou um complexo de sentimentos, que a alma não suporta e
por isso aborta...
Apenas sou quem me quiser escutar...
Apenas nem sei se é alma que escreve ou o íntimo que dita.
Apenas irei procurar...
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Quando eu olho para ti...
A nitidez é surda,
A verdade
é muda,
Mas o
olhar é verdadeiro.
Quando eu
olho para ti, o brilho nos olhos cai sobre a patena que guarda as minhas lágrimas
que pela saudade e pela tristeza são alvo de um coração partido em pedaços que
nem os dedos os contam. Penso que esta patena não é dourada pela sua forma, mas
sim pela riqueza das minhas puras lágrimas.
A saudade
é um fruto,
A Tristeza
é uma raiz,
Mas a alma
é verdadeira.
Consigo
olhar para ti com olhos de quem te rouba a cara, mas na verdade são olhos de
quem te deseja. Através dos dias que passam descubro quem tu és, mas sem os
dias és como uma flor sem água, ou seja, acabas por murchar.
O caminho
é cego,
Porque a
virtude assim o fez,
Mas os
buracos nele são as minhas caixas de recordação.
Quando
olho para ti, é como se a minha alma morre-se afogada de um desejo prematuro.
Sempre que caminho atrás ou ao teu lado, o meu coração não é um coração, é uma
máquina que transborda um sentimento que não consigo decifrar.
O meu
coração é um cadeado,
Guarda
tudo o que tenho,
Mas o
sentimento sou eu que o engenho.
Se olhar é
uma sensação, o que será então este sentimento? Vivo na realidade que não sei
se ele existe ou se não passa de uma pura invenção. Porque é que o som de um relógio
se parece com o meu coração?
Quando eu
olho para ti
O meu
coração sorri,
Mas a alma
desaparece.
Porque é
que olhar para ti, não me causa nenhum sentimento? Porque é que eu sonho em vez
de haver realidade? A nitidez é como um vidro bem limpo, sempre que eu quero
ver algo ele mostra-me, mas porque é que eu olho para ti? Não sei, olhar para
ti projecta no meu coração um sentimento, mas a alma esconde-o, porque é
demasiado mentiroso para ser verdadeiramente um sentimento.
Quando eu
olho para ti,
A alma não
responde,
E o
coração rompe de dor...
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Fruto Proibido...
Permaneço com ele, eu acabo com ele. Escrevo
o seu nome no meu íntimo, ou apago-o. Assim começa a nova história. Não é uma
nova história, mas sim uma história antiga. Cada data e cada vida por ela
vivida é uma forma de exprimir o que esta alma descreve e sente. Após o tic tac
do relógio, o meu coração condena um segredo. Não é um segredo qualquer, é o
seu fruto proibido. Percorro uma estrada onde o íntimo é alvo do pó dos carros
e este corpo miserável é o centro da ignorância. Nas minhas costas e no meu
peito, está o verdadeiro e único fruto proibido. Já não sei se é um segredo, ou
se é uma omissão. Cada palavra cantada no meu íntimo releva uma mentira que não
foi revelada. Não consigo continuar a suportar este fruto proibido que assombra
o meu coração e corroí a minha alma. A guitarra do meu mundo acaba com as
cordas que ainda restam, assim como eu acabo com as linhas que me unem ao fruto
proibido. A tentação da minha virtude é divulgar isto pelas ruas e ruelas,
pelas vilas e cidades, mas a ironia do destino não a permitiu. Como posso fazer
sentir se eu não consigo sentir este fruto? A cada minuto que passa a minha
alma, tornasse escrava dele e ele rei do meu corpo. A coroação começou desde
que o íntimo perdeu a vitória e ganhou a derrota, mas afinal o que é este
fruto? Este fruto não é mais nem menos que o fulgor de uma pessoa que caminha
só e vive só. É algo que a vontade não explica e que a virtude da alma não
sente como sente o vento a passar nos meus finos cabelos. Penetra nas minhas
auto-estradas o verdadeiro momento em que o fruto foi e é revelado. Contudo
este fruto sou só eu. Sou eu que penetro em mim mesmo e que gero este fruto,
sou eu que fujo e que permaneço com ele, sou eu que escrevo o seu nome e que
vivo na ignorância de o dizer, ou então sou eu que não sou ninguém. Este fruto
por várias vezes tentou ser quem não podia ser, uma pessoa feliz, tentou
enveredar pela mentira, mas com a força da vontade foi sempre cair no patamar
da verdade. Este fruto é um fracasso e com ele vai este corpo incorrupto que o persegue
diariamente. Afinal quem ou o que é este fruto? Simplesmente sou eu. Eu sou o
fruto proibido que com as minhas ramificações torna outras pessoas também elas
frutos proibidos e porquê? Porque atrás deste fruto proibido está um segredo,
que pela virtude do medo e da insegurança nunca será revelado... Assim fala a
alma...
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Raiz do medo...
Detesto, mas sinto. Minto, mas acredito. Apago, mas alguém
escreve. Começo assim a sentir o medo. Caminho num lugar escuro, onde a única
luz é a verdade. Lá ao fundo está uma porta, mas não é uma porta normal! É a
porta dos sentimentos, dos quais eu nunca tive a oportunidade de sentir! Penso
que sou uma mentira, coberta pelo creme da verdade, porque digo que nunca
senti, mas é mentira. Eu sinto só uma coisa. O medo. Este sentimento é para
mim, um fruto com o qual eu tenho que lidar no dia-a-dia. Porquê ter medo?
Porquê senti-lo e vive-lo? Consigo ouvir uma bela melodia e tento encara-la,
mas o medo assombra-me. De repente começo a correr em direcção a um rio, que
transborda tristeza, pelas suas finas margens, mas não consigo! Eu sou a raiz
do medo e por isso não sou ninguém. Mas porque é que eu sou a raiz dele? Tenho
um caderno e com ele fiz linhas de memória para que nenhuma parte da minha vida
fosse esquecida, mas falta uma memória que tenho receio em escreve-la, que é a
memória sobre o amor. As lágrimas foram demais, a tristeza cresceu como uma
trepadeira e a saudade brotou. O amor para mim, é mais que amor, é medo. Nunca
tive a coragem de escrever sobre ele, mas porquê? Deveras senti o amor e quando
o senti, foi fracções de nem sequer poder aplicá-lo. Sei que o amor é o maior
medo de todos, mas na verdade como pode ser de todos se quase ninguém o encarou
como medo? A minha cronologia é um veneno mortífero, que quando afecta as
minhas veias, não há como escapar e o medo será o quê? São tantas as perguntas
que esta alma me faz, podendo até desconfiar das respostas dadas a ela, mas
como será o medo? O medo não é ninguém, é como o amor, para quem nunca o
sentiu, mas o medo em contrário ao amor é um veneno, tal como a minha
cronologia, ambos em grande força diariamente me afectam e diariamente põem-me triste.
Por vezes tenho medo de sentir o medo, mas o íntimo protegem-me, mas não me dá
a capacidade de o enfrentar, por isso sou a raiz dele, embora eu sem o meu
íntimo não sou nada. Nunca serei nada, serei apenas um alma, no limiar da
infelicidade e no limiar da pobreza sentimental. Que posso fazer para deixar de
ser a raiz do medo? Ser um sentimento, mas forte? Nunca poderei ser um
sentimento mais forte, porque eu não sou ninguém e nunca o serei... Assim fala
a alma...
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Escalada...
Como posso saber de algo, que na minha vida foi uma assombração.
Toquei em mãos e senti caras. Vivi vidas que nunca pensava em viver, mas morri
com elas ao fim de uma longa-metragem. Sempre tentei subir algo, que fosse para
além do meu entendimento, mas a minha alma nunca me deixou. Vaguei no deserto
de mágoas a procura de uma estrada que me transporte para aquilo que realmente
eu queria sentir, mas foi impossível. Olhem para trás e vi a assombração
continuamente atrás de mim, sem que eu pudesse fazer algo. Então subi mais um
bocado, com a força das minhas mãos a esgotar-se. Consigo ver ao longe um
bocado de uma pedra que sai da barriga daquela encosta que serve de apoio as
minhas emoções perdidas, e lá me sento eu. Sinto que passam minutos, horas e
até dias, e eu ali, como se fosse uma flor em que a raiz se penetrou na rocha e
que não quer sair. O que faço? Volto a minha fronte para trás e vejo algo que
nunca vi, um reflexo verdadeiro estampado num riacho que estava atrás de mim.
Então corro velozmente para ver e sentir esse rosto. Olho para o riacho e
consigo sentir a felicidade a brotar da minha fronte. Volto a subir com a força
das minhas mãos e com o medo do meu íntimo. O meu relógio, já não toca e o meu
coração já pouco bate. Aquela que era a encosta das minhas emoções é agora a
encosta que me carrega, mas porque subo? Com medo olho para baixo, e vejo
memórias esquecidas a saírem daquela encosta. Será que elas têm um destino virtuoso,
ou simplesmente são memórias triste que desejam encontrar o seu lugar? Não sei
porque subo, nem muito menos o que subo. Para lá da encosta encontram-se aquilo
que de bom tem o meu entendimento, a verdade. Estou na divisão entre a minha
alma e as minhas memórias e entre o meu entendimento e intimo. Que faço agora?
A minha frente a direcção é irregular, e a subida é tremenda, mas o meu coração
ainda aguenta mais uma subida. Estou confuso como se de mim nascesse algo
glorioso para me dar força... Mas o que faço? As minhas memórias estão a
desaparecer e o meu íntimo com medo, também desaparece, o que me resta é o
entendimento que continua a brotar flores em todos os lugares do meu corpo e a
alma continua a dar-me força e medo, então o melhor será subir? Deveras. A
solução é parar com esta escalada e viver aquilo que de bom tem esta encosta,
que é simplesmente viver aquilo que me faz feliz... Assim fala a alma...
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Sete Badaladas da Vida...
Mas porquê olhar para o passado? Porquê continuar num caminho
devastado de um sentimento morto. Quando me olho ao espelho, vejo uma alma
vazia, sem ser vivida ou sem ser vista. Atrás de mim ouço um relógio que com
força dá sete badaladas, serão estas as badaladas da vida? Ou será apenas uma
melodia para se ouvir. Caminho numa estrada onde não se distingue qual o espaço
do peão e do condutor. Consigo, com dificuldade, visualizar os carros brancos
que se aproximam de mim, mas serão realmente carros brancos? Não sei. Escrevo
poemas tendo em conta a badalada das sete vidas. Tocando uma, duas...até sete
vezes, mas são badaladas não sentidas. A primeira percorreu as auto-estradas do
meu íntimo, mas não chegou ao coração, a segunda foi simplesmente uma
metamorfose de um sentimento falso, a terceira, nem me tocou na alma e por fim
a sétima que pela sua forma fez doer algo. Doeu de uma tal forma que nem o
coração aguentou e acabou por parar. Estou numa vida em que este som nada
interfere em mim. Passam-se páginas, livros e bíblias de poemas sobre a vida e
em nenhum deles se encontra os meus. Cada ponto e cada som, é como uma flor,
tanto depressa cresce como a seguir morre, assim é este som. Estou num lago,
congelado, em que a virtude do perdão está congelada e a sensação do amor, nem
se quer permanece no gelo... Que posso fazer, que não sinto, mas vejo, que
posso acrescentar a estas emoções? Faço laços com o sabor deste som, acrescento
divas e notas a este som, mas fica sempre imperfeito. Ao fundo consigo avistar
um livro, que pela sua força me atraí para ele. Tente folheá-lo, mas em vão.
Cada folha passada, era como uma pequena flor de amêndoa que suavemente caía,
mas estas pelo contrário eram suavemente passadas pelos meus grossos dedos.
Após ter-me perdido neste mundo das sete badaladas da vida, sinto-me perdido,
como se sente a pequena flor ao sabor do vento... Já não ouço mais nada e
contínuo sem sentir mais nada, mas aquele som será sempre modificado assim que
a minha vontade o preveja. Agora e perdido neste mundo, vou continuar a folhear
este livro e a sentir-me perdido, sem resposta a estas meras e tristes
emoções... Assim será...
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Cidade...
Era noite, noite cheia de pequenos brilhos, ou era simplesmente
dia. Cruzei pessoas e cruzei emoções, vivi novas vidas e novas emoções, mas
tudo brotava um sentimento desconhecido. Conseguia ouvir no meio de uma ponte o
som do badalar de um relógio, que fazia brilhar o meu coração. Se tenho um
desejo, sim... Percorri caminhos desconhecidos e aventurei-me. Vi cores, formas
e sentidos diferentes, por vezes tão diferentes que nem o próprio olhar os
conseguia distinguir. Entrei e vaguei no meu barco a remos, já destruídos de tanto
andar, novas estradas e novos caminhos, e porquê? Dentro do meu coração
conseguiu surgiu um sentimento, que só não brotou de lágrimas, porque a fonte
estava seca. Como posso desenhar este sentimento? Já não tenho lápis de carvão,
nem tintas a óleo para fazer belas pinturas, então como faço? Tenho a memória
da minha cabeça a esgotar, e por defeito de fabrico, poucas são as coisas que
eu me recordo agora. Foram minutos, dias e horas a passar como passava o gelado
do vento na minha cara. Tinha minutos e horas em que a minha boca não se mexia,
os lábios estavam encolhidos do frio e as mãos geladas como cubos de gelo, mas
que sentimento foi aquele. Vi gravuras e pessoas fora do comum, como aquele
sentimento, mas não obtive nenhuma reposta. Em detrimento da própria alma, pôs
de lado o conhecimento que tinha e parti para a aventura, cheio de sonhos ainda
por realizar. É então que as tais palavras me saem da alma. As reticências me
surgiam na cabeça, são agora pontos e parágrafos, os pontos de interrogação são
agora certezas bem tomadas e bem vividas, mas continuo a duvidar deste
sentimento. Não tem título, a menos que alguém com a sua alma pura lhe dê um.
As lágrimas que outrora estavam secas, agora são húmidas, como as flores de um
parque vivido em pleno inverno. Sem mais tempo dá a costa o nome desse
sentimento, não é difícil de prenunciar, mas sim difícil de encontrar e por
vezes quando se encontra já é tarde para ser vivo. Nas estradas dos meus
sentimentos, umas fechadas por falta de sentimentos que as ocupem, percorre velozmente
este sentimento. Agora e ao fim deste tempo todo, já sabe qual é o sentimento é
a felicidade...
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Livro...
Sou como a fronte de um livro! Só tenho a
cor, a vida já se extinguiu e o coração? Foi parar a uma página onde o amor é
reservado para ele! Apenas me sinto no intervalo criado entre os capítulos
penetrados. Este intervalo tem força própria e é ele que sempre que me sinto só
faz virar as páginas pequenas e brilhantes. Existem capítulos que por eles só,
não teriam vida. Pode haver muitas palavras, parágrafos ou até mesmo capítulos,
mas senão soubermos virar a páginas, é como um cubo de gelo que desaparece
depressa, assim é este livro, senão o virar a página depressa ele acaba por
desaparecer. Ele está num canto dum quarto gigante, mas a sua força é
rudimentar. Ele possuiu um relógio, que com a sua força, faz virar o livro. Mas
que tipo de livro é este que esconde a sua fronte? Sempre que pego nele ele
esconde-se e sempre que o pouso ele permanece no mesmo lugar. Posso cantar e
falar para ele, que ele toma a atitude de me ignorar. Sei que algumas vezes eu
ajo como se ele não existisse, mas é de natureza minha... São várias as
perguntas que permanecem nestes parágrafos e capítulos, como também é pequeno o
seu lugar para guardar estas informações todas. Tento tocar nele e abrir o
último capítulo que ele transporta, mas é impossível. No acto de abrir o meu
coração salta, como se quisesse fugir dali, mas permaneço no meu lugar a torcer
para que ele se abra. Então escrevo com uma célebre pena, que com o seu pequeno
bico, acaricia o livro. Será de todo em vão? Procuro um sorriso no livro, ele
consta um capítulo antes de acabar este teimoso livro. Não é um sorriso normal,
é a verdadeira felicidade que o meu coração abriga, mas porque será que o livro
não se quer abrir? Tento mais uma vez voltar a sua fronte para cima, e consigo.
Olho fixamente para essa fronte e vejo uma inscrição, eu sou o livro que é teu
e tu és o meu conteúdo. Após a leitura desta inscrição fico a pensar e vejo a
foto da minha alma, na fronte deste livro. Não consigo chegar a nenhuma
conclusão, porque o incremento deste livro em mim, é como se a morte fosse um
monte de folhas dentro do meu coração, então o que posso fazer, ficar a olhar o
livro, ou simplesmente procurar a força onde ela exista? Só tenho uma resposta,
se eu sou o conteúdo do livro, é porque eu sou o livro. Sim sou aquele livro
que orgulhoso permanece dentro de mim...
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