Para quê sentir... Para quê amar... E para
quê tentares amares e sentires... Olha para o teu lado e quem vês? Ninguém.
Estou sentado num banco de um jardim nas profundezas de um mero e longo oceano,
na minha cabeça surgem filmes criados por ela, mas sem sentido algum. Sinto
linhas a atravessarem os meus olhos, como se fossem meros olhos e não sentissem
o que este coração amargurado sente. As flores que outrora eram novas e radiantes
são agora um pedaço de nada, assim como a minha alma é... Se olho para cima
vejo um azul tão claro, que só me faz criar mais filmes na minha cabeça. Agora
estou a pairar num lugar onde a vista por ele atravessado esfaqueia o meu
coração. É uma vista enorme assim como os caminhos da solidão que cada vez mais
crescem no meu interior. Não o tenho. Não o dei, simplesmente alguém me roubou
e fez dele caminho de silvas que penetram afogadamente o meu corpo. Agora
durmo, com medo de acordar porque sinto que não consigo ser nada e para quê?
Transformo os sentimentos em pura ficção para o meu frágil coração não os
sinta, na medida que eu nunca os possa sentir. Vivo apagado o real e acrescido
do irreal, porque os meus sentimentos são irreais, assim como o meu coração é
irreal. Agora que faço ou sinto? Será que basta apenas escreve-lo, ou simplesmente
admira-la pelas suas fisionomias que a sua fronte mostra ao raiar do sol de uma
manhã, em que a virtude consegue acabar com a sua própria morte? Não sei. Eu sou
a pergunta que ninguém respondeu, sou a resposta perdida que ninguém a prendeu,
eu não sou nada, sou mais um porquê que uma alma quebrada. Por fim morro, com a
saudade de nunca ter sido ninguém, com a fama de não ter sentido alguém, mas
morro sobretudo pela tristeza de um bem perdido que numa fogosa manha foi
abandonado em detrimento de um. Já não sei que diga, simplesmente porque nem eu
sei se sou uma resposta... E tudo isto para quê? Para que no ato de uma leitura
naquela que foi a peça mais vista, a do amor, alguém com a virtude pura consiga
ver o que esta alma morta tenta transmitir ao intimo afogado na vergonha de não
ser ninguém, basta de mais palavras e acabem-se as peças que esta alma morta já
não quer mais dizer nem sentir, já não quer mais amar nem ser amada, porque do
nada cresceu e do nada ade acabar, numa tentativa de ser alguém que sem saudade
não foge… Assim vivo por não sentir nada, nem ser sentido e para quê?...
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