Deixei de colocar formas nas palavras. Passei
a escrever-lhes as formas. Cada palavra é uma vida, assim com a saudade é
a partida. Sei que é um ser amado, mas por vezes não é
conquistado. Já não consigo viver sem formas nas palavras, já não consigo
estar alegre com o olhar delas. Consigo ver a sua força na luta de cada
dia, mas por mais que eu seja valente a força se desvia. Como se desvia a maré
com medo que a alma se apodere daquele lugar sem ledo. Viro as costas e as
formas vão ganhando força, mas se procuro dentro de mim é como a desventura,
que o coração larga como forma de saudade. Para quê inventar forma se as
palavras são fracas no eterno da saudade elas se desmontam. Como o íntimo
se desmonta como força de ajuda de um alma que a fome de conquista apaga
ao renascer do sol depois da morte escura. As palavras não se fazem,
escrevem-se. Elas não se amam, creem-se. Elas vivem, não tentam
viver, mas na noite elas simplesmente tentam amar, algo perdido por um coração
morto. Basta de forças e de palavras que querem viver. Elas não podem querer
viver, mas sim querer ser lidas, por olhos que vêm o que o coração nunca quer
ver, porque a maravilha está escondida ao sabor dos olhos. Os olhos são o sabor
do conjunto de palavras que o intimo forma para a luta da verdade que sai pelas
entranhas da verdade que ofuscada tenta brilhar na luz da madrugada. O tic tac
ouvido por elas é diferente do que eu ouço pelo íntimo. Ele é mentiroso e insensível,
escrupuloso e orgulhoso, mas é lutador. Navego num mar de ilusões onde as
palavras se tornam trovões de um som a conquistas pelas palavras do oceano. Quero
formar novas e grandes palavras com a ajuda do íntimo, elas deixam de ter
formas e passam a ser simplesmente palavras amadas por um coração forte e
amado. Quero dizer-lhes toda a verdade que nem sempre foram palavras, mas sim
formas mortas pela escuridão perdida ao sabor da madrugada. E o som agora? Vai
morrer? Não vai permanecer nas entranhas de cada palavra, para que depois seja
tirado e amado e ouvido, como se ouve as palavras em pelo renascimento depois
de uma morte literária. Assim fala o íntimo…
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