sábado, 10 de dezembro de 2011

Monóculo...

Sou a face desse olho perdido. O meu olho está preso a um monóculo, é esse monóculo, não me deixa viver e ver o mundo como ele é... Sei que por vezes a verdade, mas porquê viver num mundo que não o verdadeiro. Vejo coisas que nem me apetece ver, mas vou olhando. Olhar não é um privilégio, mas sim uma virtude, para quê continuar a ver através de algo triste? Não sei. A vida as vezes parece ser estúpida e por mais musicas sentidas que escutamos nunca conseguiremos sair daquele sitio. É um sítio triste e húmido, em que nada ali é verdadeiro. Vejo que realmente não existo no mundo e que sou uma mera pessoa que vagueia sozinha neste cruel e triste mundo. Porque estou sentado? Por estou a ver coisas que não quero ver? O meu coração bate, tão depressa que parece que vais explodir. Há um eclodir de sentimentos sempre que escuto algo que me afecta o coração. Estou sentado e não sei porque. Ouço alguém a falar, mas vê-la nem por isso. Porque sou um monóculo? É porque não quero ver a verdade? Ou é porque não quero ser visto. Por vezes não quero ver nem ser visto, porque choro. Choro como chora o céu quando fica negro e sem vida. Eu não tenho vida, sou uma mera pessoa que livremente tenta ser algo que deveras é, uma pessoa, não sou nada, neste monóculo, obscuro e sem vida não sinto nada. Deveras sou ouvido e sentido, deveras sou sentido, tento parecer-me com alguém, mas esse algo nunca chega a existir. Tento viver como alguém, mas não vivo, nem sou vivido. Porque me sinto assim? Não sei! Sei sim que não sou ninguém. Por detrás disto tudo existe um lago pronto a inundar os meus olhos e a mata-los, sem vida eles não são nada, porquê? Nada existe sem força, o monóculo que trago a perder a minha visão é a razão dessa falta de força, é colocado como forma de ser uma pessoa que meramente vive e meramente é vivida. Tento lutar, mas em vão! Agora estou a caminho não sei bem para onde, mas ouço sino. Ao longe tento ver algo que se aproxima e por mais perto que esteja, dá-me a sensação que é um espelho, mas não desses que reflecte a imagem, mas sim aqueles que com força reflectem a tristeza pura e amargurada. Quero desfazer-me de tudo, não quero existir, não quero viver, quero ser o vento e o mar, quero ser a sensação e a verdade, quero viver com o mundo. Estás palavras acabam como acaba a minha visão. Não tenho mais palavras para aquilo que deveras sinto, apenas sou um monóculo que coloco no meu próprio olho, para não aquilo que me faz mergulhar na tristeza... Acabou...

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