Caminho por caminhos que nunca pensei em caminhar. Tenho vergonha
de falar sem dizer a verdade, e tenho medo de não aguentar uma pressão que cai
sobre os meus ombros. Por vezes alguém me chama baixinho ao ouvido e toca-me no
meu corpo, mas não consigo descobrir quem é esse que toca em mim, e sinto o
receio de nunca saber quem é esse que me toca. Um dia disseram-me que uma
pessoa parte não é porque alguém assim o quis, mas sim porque alguém a deixou
de amar, e essa pessoa não é mais que a minha alma que no escuro do meu íntimo
sussurra ao meu ouvido. Palavras como estás saem de uma caixa que dentro de
mim, parece ser uma caixa forte onde todo o meu ouro está lá, uma caixa como
esta guarda as minhas melhores memórias, mas que acabam por ser tristes, que
pode fazer este corpo para apagar semelhante caixa? Busco nos caminhos da lua
uma nova criatura que me encaminhe, mas que me dê sobretudo amor, para
conquistar o meu íntimo. Acabaram-se as palavras amorosas que saem de um
coração algemado e que vive nos caminhos de uma lua sem amor. Cada motor e cada
estrada dentro de mim estão a morrer pouco a pouco por falta de amor que neles
circula, mas o que posso fazer? Quero acabar enjaulado para não me lembrar de
algumas coisas que outrora no meu passado construíram desilusões e tristezas,
agora o que posso fazer? Vou tentar inventar um nome para o qual eu possa ser
diferente e para o qual eu possa viver debaixo do receio de uma vida sem amor,
mas porque é que nunca me referi ao amor como um sentimento? Porque para mim o
amor não é um sentimento, mas sim uma forma de viver acompanhado por palavras
que saem de uma máquina a qual eu chamo de coração. Agora e para acabar um dia
disseram-me, nunca serás feliz enquanto viveres amarrado a uma alma que te
corroí o teu coração e nunca serás feliz enquanto pensares que és algo que não
tu, por isso acaba com as palavras e vive-as, em vez de as fazeres viver,
constrói linhas, e edifica muralhas para que elas nunca possam sair dentro de
ti, e para que possas aplica-las num lugar que não na cabeça de uma pessoa, mas
dentro da cabeça que é a tua vontade, foi isto que numa manha de outono alguém
me sussurrou depois de as lágrimas caírem desmazelas pelo meu rosto fora...
Assim fala os meus olhos depois da saudade de algo que nunca será
conquistado...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa os teus comentários, para eu os ler e responder...