Que adianta escrever sobre a forma de palavras, se nem o
entendimento ou o íntimo das pessoas as consegue reproduzir. E como posso fazer
sentir, se nem dão oportunidade as minhas palavras? Agora escrevo as linhas e
não as palavras, por essas estão reservadas a corações fortes e grandes que
conseguem guardar as palavras que são minhas... O hábito costuma-nos
corroer a alma, porque habituamos o nosso íntimo a fazer sempre a mesma coisa e
para quê? Se a virtude fosse contra o hábito, a vitória seria a maior. Por
vezes sentimos que caminhos em caminhos separados, mas no final juntamo-nos
para uma gloriosa vitória em que quem sai vencedor é a dor de ser o hábito que
nos cultiva e não a vontade que nos faz crescer. E as linhas que outrora eram
guia do meu entendimento que são agora? Se pudesse mudar, deitava o habito fora
e criava em mim uma nova vontade de ser outra pessoa que não aquele que
pelas entranhas do seu interior escreve aqui. Viro as linhas e tento
fazer delas uma corda que me leva ao céu e que me deixe cair. Sim... Prefiro
cair e desligar para sempre que ter comigo o hábito. Quero deitar fora as
formas de viver e de fazer sentir, porque já têm a forma do meu coração e do
meu íntimo já sabem correr as minhas estradas do meu coração, já sabem onde são
as minhas proezas e as minhas desgraças e já conhecem quem eu sou e porque sou
assim. Despeço-te e quero que saias de mim para acabar com tal sofrimento que
atormenta o meu coração e que agonia o meu interior... Quero escrever uma nova
música e apagar a velha, quero escrever uma nova história e quero que todos a
sintam como eu a sinto agora... Quero deixar de ser a tua sombra em vez de ser
eu a tua sombra. Após vários anos deve ser esta a primeira e única vez em que o
meu corpo e o meu íntimo anseiam com o término deste hábito que me assombra e
que corrói as linhas que eu construir como forte a uma dignidade morta. Morto
estou eu que nem sei o que escrevo, morto estou eu porque choro e nem sei o
porquê desse choro, morto estou eu porque não sei se tudo na minha vida foi
verdade ou mentira... Quero fugir daqui e deixar este hábito de lado... Não se
trata de um fato que pessoas maiores que eu usam, mas sim uma forma de sentir,
caracterizo o hábito como uma forma de sentir continua... Sabes o que digo,
hábito? Corroí-te a ti, e deixa-me construir uma nova vida, porque quero
distancia de ti pois, quero ser feliz... Assim fala o coração...
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