Deram as cinco horas da tarde, e eu estou em frente ao mar a visualizar o seu fundo no horizonte e a contemplar o cheiro a maresia. No meu lado esquerdo estou num parque abandonado a olhar em redor e a ver as folhas secas a correrem com a ajuda do vento e a ver as árvores a chorarem por terem perdido as suas folhas. No meu lado direito contemplo a montanha nevada que eu vejo ao longe onde pairam os flocos de neve e onde esfriam as arvores. São cinco e meia e eu ali a espera de alguém que nem aparece. Dei por mim a escrever na areia gelada o nome de alguém que me pedira, para lhe fazer uma homenagem, mas em vez disso mergulhei e no fundo do mar busquei uma concha e dele fiz um colar para colocar no pescoço de alguém. São sem demoras cinco e cinquenta da tarde e o vento frio bate-me na cara, as lágrimas congeladas caem-me pelo rosto abaixo, e o sorriso que eu tinha ficou congelado. Estava sozinho num lugar belo, onde se cruzam os cheiros com o desejo de viver e amar, onde se cruzam os sentimentos e a tristeza, mas estava sozinho. Foram horas a fio, com ninguém naquele inóspito e frio lugar, talvez chegasse a hora de eu sair dali e ir-me embora, e então fiz isso. Foi embora e no longo caminho que eu tinha de percorrer para chegar a um lugar, cruzei-me com as minhas belas e grandes memórias que eram como um slide a passar constantemente na minha cabeça e sempre que esse slide acabava as horas paravam. Os meus pés estavam parados como se debaixo deles estivesse cola, não conseguia tirar dali os meus pés. Foi então que ao fundo surgiu uma figura turva que nem parecia nada! Era mais uma sombra que ali se manifestará do que propriamente um ser humano. Eram seis e meia e eu ali parado a ver as horas passar por mim, como passa o comboio na sua linha, a saudade voltava apertar e as lágrimas voltavam a cair. Naquele caminho era só eu, as horas e as memorias. Este mero caminho belo, cheirava a saudade e esse cheiro penetrava em mim e fazia-me entrar numa melancolia e que por musica de fundo não havia outro som senão o som das ondas. Dei por conta que nunca sairá do sitio onde as cinco e meia estava, porque o meu corpo estava ali no caminho, as memorias também, mas essa melancolia transportou-me para aquele lugar e ali voltei a derramar lágrimas, e o mar voltou a bater-me nos pés. Ali fiquei e ali derramei lágrimas, tristemente e sozinho...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa os teus comentários, para eu os ler e responder...