Estou com medo, passo na rua e nada vejo. Estou com
medo, e olho para mim e sem mais demoras, descubro quem sou e por fim estou com
medo porque não há uma força exterior a mim a ajudar-me. Percorro
muitas vezes as ruas da cidade que me acolhe por obrigação e sem cessar fixo os
olhos nos canteiros da rua, e vejo gentes sem vida e sem amor, e vejo gentes
sem carinho e paixão. “Que posso eu então fazer para alegrar aquelas faces,
onde reside o desamor das pessoas?” Corro sem parar para aquela que é a casa
que me acolheu, formadas de tábuas e sem pregos, onde abunda o amor de Deus.
Escorrem do meu rosto, pequenas pingas de falta de amor, não daquele que reside
na Caixa Sagrada, mas sim dos seres por Ele criado, que sem força de vontade
percorrem a cidade que me acolheu. Saio mais uma vez a rua e vejo com medo
novamente as faces, que cada vez se vão degradando mais, que posso fazer eu?
Penso assim Cristo, essência do meu olhar, abriu-me o céu para me acolher e com
ele partilhar a vida eterna, os meus olhos fixam estupfactamente o seu rosto,
procuram a beatitude da minha face, encontrei Deus no seu canto perdido, lá
céu, onde reside o amor do grande pai, que Deus o colocou a sua direita. É
nessa altura que navego dentro de mim e Navego por fotografias da memória,
recordando quando Deus se mostrou a mim, mas lembro de outras coisas, que me
deixam lágrimas no rosto, e acabo por molhar as páginas do grande livro.
Regaram-me de algo, e sempre que assume a minha presença é como se fosse uma
folha velha que ninguém gosta nem quer ver. É agora em que por causa da
tristeza vivo afogado em problemas meus, que são Teus, porque se tu és o meu
guia, porque me fazes sofrer ao ver aqueles rostos, aquela infelicidade. A
beatitude reside em mim, mas quero que ela resida noutros, para que esses
possam ver o que realmente há em mim para que eu seja eles. Dá-me força e
tira-me este medo, nesse instante cerraram-me os olhos, mas Deus na sua divina providência,
abriu-os e deixou a Sua luz entrar. A sua língua não fala, mas Deus a fez
falar, com palavras e com as mesmas palavras demonstrei naquela pequena rua os
meus verdadeiros sentimentos. Tapa-me as angústias e recorta-me o medo, mas sem
parares fixa-me em Ti a minha vontade e sem medo dá-me forças. Sem medo
dirigi-me ao pobre senhor e com muito amor, dei-lhe aquilo que tinha, o meu
amor por ela, e sem mais demoras descobri que os pequenos gestos são como um
espelho pequeno, que mostra a verdadeira beleza do amor e o seu pequeno
sorriso, foi a forma de olhar para mim e de me dizer obrigado, tristemente saio
daquela pequena rua, e com a certeza de ter feito o melhor que podia, e numa
expressão parecida a minha diz-me a pobre pessoa Doeu-me os olhos de te ver e
furaram-se os tímpanos de te ouvir, quis saber um porquê, mas surge outro
porquê, mas consola-me olhar e ver que os pequenos gestos são como um espelho
pequeno, que mostra a verdadeira beleza do amor e, com lagrimas dei-lhe um
grande beijo, na sua face enrugada, mas sempre com um sorriso. Mas onde será
aquela pequena rua? É uma rua? Nada era rua, simplesmente era um lugar, chego
ao meu lar e encosto-me a Sua imagem, perguntando se tudo o que fiz é correcto
e nesse instante estou em frente ao espelho e num pequeno símbolo vejo o
sorriso de Cristo, Nosso Senhor, que na sua forma maravilhosa, transborda-me o
rosto de alegria. Por
fim, entendi que sem conseguir fazer o possível, nunca conseguirei fazer o
impossível e que o impossível não é nada mais que o possível em ponto grande,
por isso se começar pelo possível afirmando não o conseguir fazer chegarei ao
impossível e serei capaz de dar mais de mim a quem olha para mim, esse foi o
sorriso que fiquei depois de olhar para aquela pobre pessoa e perceber que ela
é mais do que uma pobre senhora, é a força que dela brota. Numa tentativa de
dizer adeus, sei que nada me faltará para ser aquele porque quem desejo ser,
ser o eu que é mais que “tu”, sou momento “tu”, que alguém deseja.
sábado, 13 de julho de 2013
Eu sei que...
“Nada fazia esperar algo tão bom e tão belo. Assim alguém no
seu íntimo definia após uma aventura. Na
sensibilidade do amor, descobri que existe alguém que é mais forte que eu, essa
pessoa és tu, Cristo Jesus, não és uma pequena medida, mas uma grande medida,
que no teu íntimo, entraste na minha história e com amor acolhes-me. Que posso
dizer mais? Colocas-te no meu caminho pessoas belas, na sua essência e
existência, e pessoas com um íntimo forte e com uma força. Nestas palavras
poderia nomear alguns nomes, mas isso dar uso a algo que na sua forma não
passam de letras e formas que juntas formam uma palavra. Em frente a Ti estou
sentado, com um terço na mão, a rezar a tua mãe, nossa senhora, mas surge-me na
memória o sorriso daquela gente que é tua e que na minha vida colocas-te, e
agora que posso dizer mais, sobre ti e sobre essa gente? Quando fiquei a porta, com o sorriso
na cara, tu abriste-me a porta e com amor me acolhes, hoje quando passo por
essa gente, ela acolhe-me com um amor fraterno, embora não se confunda por um
amor de “Coeur”, porque esse faz parte de outro mundo que não é meu nem dessa
gente. Mas porque escrevo isto? Para dar a entender que neste mundo só existe
um Eu e um Tu, eu é este que ferverosamente escreve, e o Tu és esse que está
guardado numa caixa amarela com uma grande vela e com amor nos ouves, mas
pergunto mais uma vez porque escrevo isto? Na minha saudade de escrever decidi
professar estas palavras para poder agradecer a uma pessoa pela forma que me
acolheu, sabendo que as suas palavras são proferidas com amor, esse amor de
quem vive para o outro pela felicidade do outro, não se confunda com amor
carnal ou do “Coeur”, porque esse é para outras gentes, fazendo uso de umas
outras palavras, direi “ Não sou eu que quero Deus, Deus busca-me e Deus dá-me
o sorriso para eu viver na imensidão da sua força”. Por fim, Tu deste-me a conhecer uma
pessoa, que pela sua força deu-me sempre força e continuará a dar, não
interessa o que aconteça, de uma forma mais directa isto é uma mensagem de um
pequeno escritor, uma mensagem de agradecimento e não uma mensagem de amor,
esse objecto que só ele, o escritor, sente por Deus e seu Filho unigénito.”
* Afonso Tomás de Almeida
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