Não foi a essência de um olhar naquela noite, não foi a pinga de
suor que caiu do rosto daquela e de outra pessoa, foi somente a vontade de
conquistar terras nossas ocupadas por outras pessoas que não têm o carisma de
ser português. Lutaremos contra a espada e venceremos contra a morte. Não passa
de palavras que os inimigos dizem que os outros transferem com raiva e sem
amor. Lutamos com vontade para termos o que era nosso, que já vinha das
gerações anteriores, conquistamos o Algarve, porque aquela terra e aquela areia
era nossa por amor. Mas porque é que agora perdemos o sorriso e deixamos as
terras? A virtude do olhar daquela conquista é igual ao choro da vontade de
conquistar o que hoje o povo moribundo deixa escapar. Já não existem mais odes,
nem mais pessoas, que as escrevam, agora existem sim, pessoas que dizem as
odes, com sentimentos próprios sem o verdadeiro amor a felicidade. Hoje, e não
ontem ou no passado, as pessoas divertem-se a conquistar o que já foi
conquistado sem deixar a sua marca, porque afinal aquilo que era do outro é
nosso por mal direito.
Antigamente passavam vales e montanhas, com a força de conquistar
mais valor dentro da sociedade, hoje, pisamos pessoas e magoa-mos outras
pessoas, só por puro egoísmo. Agora eu pergunto, sobre a forma de dúvida, será
esta a verdadeira conquista? No passado a conquista era saboreada com esperança
e com amor, hoje é saboreada com dinheiro e mais dinheiro, que nunca foi nosso
por direito. Hoje temos pessoas com mãos de ouro, e outras com mais de ferro, que
nem ferro é! É só mais um cartão que se emita de ferro para ninguém. Agora não
existem linhas para escrever o nome do rei que ajudou na conquista, agora
existe buracos que um ou outro deixou ficar, agora,
existe lágrimas de tristeza, mas antes exista lágrimas de
vitória, porque a vitória era a forma de as pessoas se alegrarem, hoje já não
existem carros de bois, existem pessoas que se encarregam de puxar os carros
com os seus pertences pelas encostas da saudade, porque não somos nos os
ocupantes, mas sim as nossas tristezas que ocupam aqueles carros, que no nosso
suar nasceram, e que no nosso suor andam. E porque é que nós, povo que
gloriosamente se apelidava de conquistador se deixou afundar no mar, que nasceu
nosso, por direito, mas que é dos outros, por não direito? A virtude é egoísta
assim como a forma de conseguir a virtude. Já não basta dizer, "eu
tenho", mas sim "quero ter", porque muitos dizem, "eu
tenho", mas muitos mais dizem, "eu quero ter, mas nunca poderei
ter". Que foi feito daquelas odes que residiam dentro de caixas fortes
protegidas dos ladrões? Que foi feito daquela vontade protegida numa palavra
que mal saía da boca sem parar? Nada se fez. Deixou-se ficar pela passiva, onde
cada um vive o que tem que viver e conquista o que quer para ele, porque agora,
está ode só interessa aquém tem um coração verdadeiro, e só esses é que
conseguiram ler verdadeiramente o que quer dizer esta ode. Não se trata de um
mero texto, mas sim de uma forma verdadeira de escrever a essência que
nos foi tirada pela vontade dos outros. Andar pelos passeios é desconfiar da
saudade, e andar pela estrada é desafiar o perigo. Hoje, já não existe um
sonho! Assim como também não existe a vontade de sonhar, da mesma maneira que
existem bilhetes perdidos nas caixas dos nossos desejos, porque, hoje, já não
há quem sonhe, mas sim quem pensa que sonha.
Vivemos num campo onde a terra já foi mais que lavrada, agora é
derrubada, pelos muros das tristezas que nelas assombram. Não se trata de um
simples choro de tristeza, trata-se de uma falta de olhar para os outros,
trata-se de uma falta de amar os outros, porque no passado, havia choro, pouca
comida, poucos sonhos, mas havia a esperança, agora não há comida para os
pobres, não há sonhos, nem há esperança, e aqueles que ainda têm esperança, são
o futuro do nosso acordar amanhã, porque ao olhar para os seus olhos, vemos a
vontade de conquistar algo que é nosso por direito, e mesmo que a estrada está
a pique, eles lutaram para guardar o que é nosso, porque podem ser nossos os
campos, as montanhas, e tudo o que existe na nossa terra, mas há algo que
ninguém nos vai tirar é a esperança daqueles em que os olhos brotam essa força...Assim
falou a ode da alma, na vontade da conquista...
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