Quem sou eu? Como ainda existo? Porque ainda vivo? Onde estou?
Faço estas perguntas meramente fracas a quem diz que o passado é como uma folha
de jornal, que atestada de negro, cinzento e branco, onde algumas cores
sobressaem numa pagina de fotos tristes que contão a vida de outrem. Navego com
os meus dedos velhos, como se fosse um velho que as folheia. Já não sei se sou
esta folha ou esta folha “eu”. Existem fotografias meramente mortas pelo
passado que o tempo apagou sem vergonha nem ressentimentos. Umas folhas pensam
que são a glória do passado, ou pensam que são a vitória do futuro. Vitória do
futuro são aqueles maravilhosos textos que o jornal imprime como forma de
crónica a uma e a outra pessoa, que nos motivos dos quais é geral. Existem
letras que não passam de mera figurinhas que alguém com uma pequena máquina de
escrever as ditou ao leitor que lê este jornal que sou eu, ou ele é que é meu!
No momento da verdade não sou aquelas imagens que alguém pintou com amor e
carinho, que sobressaem no momento, mas sim são aquelas notícias tristes que
alguém as redigiu de forma a transforma-las num sentimento e não numa notícia.
Estes dedos que escrevem numa leve e fina folha doem como pode doer a vontade
de amar, mas não tem ninguém para amar, estes dedos redigem como se de uma
pessoa criativa se trate. Mas porque fazer destas palavras ou imagens
sentimentos vivos? Olhando para a data deste velho e já rasgado jornal vemos a
idade do mesmo como se fosse uma pedra já com uns quilos de anos, e não com uma
produção literária recente que alguém escreve. Não se trata de um romance, nem
de drama, porque drama é as noticias que no seu íntimo se encontram, e romance
é a vontade de serem amadas por verdade e não por esquemas, como aqueles que
encontramos no término desta verdadeira aventura. Percorri caminhos, que a
mentira deixou, como forma de encontrar a verdadeira e pura verdade, mas sem
medo eu morri, porque as folhas estavam rasgadas. As cores nelas, de velhas que
eram deixaram de pairar sobre o meu coração falso e foram para as entranhas das
minhas velhas auto-estradas, que na vontade de encontrarem um rumo, perderam-se
na sua própria vida. Quem não tem vida, passa a tentar procurá-la como este
escravo das palavras que aqui redige a folha do jornal. Não são as notícias que
dão vida ao jornal, mas quem as lê é que dá vida ao jornal, elas não foram
escritas com amor, foram escritas para dar amor, e se no fim da vida deste
jornal não existir ninguém para ama-las então o jornal morre e com ele vão as
imagens das mais variadas cores e feitios e as verdadeiras palavras que se
encontram no meio que o jornal tem. Passear as folhas neste jornal, incentiva a
ouvir musica, que pela alma do jornal sintoniza-se dentro de cada um de nós,
mas sem a vontade de descobri-la passa-se mais a procura de que a encontrar.
Olhando para a sua largura, não vejo senão uns míseros milésimos de espessura
que, em cada milésimo de milésimos centímetros, encontra-se uma história, uma
pergunta, uma verdade. A história é a vitória sobre o futuro e a gloria do
passado, que nas tormentas da vida, alguém com mais força que este escrevo
escreveu falando da vitória de um futuro mais próximo que o amanha nascente, a
pergunta é a sinceridade em igualdade com a sentimentalidade, que numa
conjugação transformam-se na verdade da pura verdade, a verdade não é mais nada
que a simples saudade de um bem que já se foi e nunca irá voltar, porque o
passado pode ser a gloria sobre algo, o futuro a vitória, mas e o presente? Aí
está a pergunta, o que é o presente? Esse tempo que confunde a saudade é mais
uma vitória, mas de cada uma destes que lê o jornal, porque se olharmos para o
passado vemos pequenos seres, que agora são velhos mas pequenos seres, mas se
olhares para o futuro tens os pequenos seres do presente, que mais tarde se
tornaram os velhos e pequenos seres, por isso, o presente é a linha que divide
a vontade de folhear o jornal e a cega sinceridade de procurar a mais bela e
pura melodia do sentimento, que é o bater da nossa alma, porque o bater do
coração no jornal, já a muito que deixou de bater pela derrota de ser arrumado
num armário sem sentimento. Quem folheia as folhas, pelo toque e pela vontade
de descobrir depara-se com a sua histórias pelas rugas que o jornal tem, não
são rugas normais, são sentidas e vividas, porque o jornal é uma pessoa em
forma de papel, não sente, mas faz sentir, não mente, mas diz a verdade e acima
de tudo não ama por palavras, ama por imagens ou gestos, porque cada folha
folheada, pelas mãos deste escravo ou de outro, são a vitória de ser sentido
por imagens ou gestos. Na sua capa encontra-se o resumo da sua vida e na sua
fina contracapa, encontra-se a sua conclusão de uma vida cheia de sentimento
verdadeiros, nunca sentidos pelo coração, mas sim por imagens ou gestos. E
porque gestos? Por vezes deixar cair uma fina folha de um jornal que suavemente
cai no chão, mostra que por mais que aquele jornal seja deixo cair no chão, tem
sempre a glória de ser um jornal puro, que não se desencanta por gestos, mas
que os aproveita para fazer deles uma forma linda de sentir. Agora as noticias
terminam com lágrimas de quem as sentiu, mas que a verdade foram mais sentidas
por quem as escreveu, mas que numa forma de sentimento verdadeiro mente ao
longo desta longa reportagem jornalística, que na verdade, quer pela força do
destino, encontrar a sua alma verdadeira que leia isto da maneira que eu a
escrevi e senti, porque por vezes não é dizer eu amo-te, mas sim, quero
descobrir quem és tu, porque gosto de ti pela forma de um jornal, do que pela
forma de outra coisa, que não um ser que sente de verdade… Assim folheio as
folhas deste jornal na tentativa de descobrir a verdadeira sensação de ser mais
que uma pessoa, ser o conjunto do jornal que a alma escreve na verdadeira
pastas de sentimentos que eu posso oferecer, agora deixo de ser fino como uma
folha, porque não sou uma folha, mas passo a ser da espessura deste jornal que
na verdade não passa de algo que alguém criou como forma de sentir mais que as
imagens ou os gestos, sentir tudo de qualquer forma…
terça-feira, 21 de agosto de 2012
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Não necessito de olhar para sentir...
Não quis ouvir ninguém, mas foi obrigado a ouvir tudo e todos os
que me rodeavam. A minha volta era só papéis com os meus gloriosos nomes. O meu
olhar era viciado e só retirasse para uma pessoa, era aquela que naquele
momento olhava para mim. A minha volta estavam uns bancos sem amor e sem
piedade, mas que eu os amava. Foram os nomes, neles inscritos que me fizeram
acordar para algo melhor. Agora sinto o som do relógio a tocar nos meus ouvidos
como se me pedisse autorização para entrar neste mundo que é meu. Mas porque me
visualizo noutro lugar? Eu estou aqui, dizia o vento quando passava nos meus
ouvidos, mas eu com medo nunca lhe respondi. As palavras com negação ao meu íntimo
seguiram-se logo após a separação do meu amor verdadeiro por aquele amor falso.
Estou sentado na areia e rodeado de pessoas, ao meu lado encontra-se a pessoa
que eu mais amei neste lugar, mas sem qualquer tipo de amizade para com ela. A
tempo do tremer das minhas mãos, sinto alguém a tocar nos meus sentimentos como
se eu fosse mais nada que uma simples pedra que todos ofendem e não pensam em
rematar em mim, os seus meros e apaziguados sentimentos. Despertam nos outros
meros sentimentos que cabem não só naquele funil com língua, mas também naquela
pequena caixa de madeira, dentro do seu peito. Deito a minha cabeça naquele
conjunto de penas, na minha cama, e na minha cabeça passam imagens sentidas,
mas que alguém, pela altura da sua vida se esqueceu. Naquele momento cai o véu
da minha felicidade, como se de uma simples manta se trata-se. Foram ditas
palavras sem amor, e foram sentidas com tristeza, e reveladas com lágrimas
verdadeiras. Os meus olhos choraram como se fossem independentes de mim, como o
provavelmente serão... Por fim, a minha alma estremeceu, porque não entende o
porque de tanta confusão gerada, em torno do meu intimo, quem sabe sentir, sabe
ler tais palavras, mas eu como sou maquina que faz o sentimento, nem sei sentir
nem sei fazer sentir... Agora gostava sentir, palavras verdadeiras vindas da
boca da velha idade, que naquele misero lugar se encontra, não basta somente
dizer que amo, mas sim dizer eu sempre te amarei, pois foram estas palavras que
eu escrevi a lápis no meu coração no acto daquele toque de falta de amor...
Assim fala a tristeza da algo, com revolta do seu intimo enfraquecido...
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Piano...
Sempre questionei o som do vento, mas nunca questionei a vontade
de soprar. Tentei não questionar o som da viola, mas questionei. Tentei ler o
som, mas não o consegui. Mas nunca questionei o som do piano. Tocou no
meu coração, mas foi como a morte, acontece uma vez e nunca mais acontece. O
som do piano é como a clara ideia de som, que passa pela nossa mente, mas
afinal o que é o piano? É mais um instrumento musical, ou simplesmente a linha
que orienta a minha vontade? Deixei-me de intrigas, mas liguei-me ao som. Será
só o som do piano que faz tocar uma nova melodia. Tenho medo da verdade do som,
mas a vontade de o amar é maior. Agora fico deitado sobre as teclas que suavemente
tocas, com carinho como se as pudesses magoar. Porque assim o fazes? O som
verdadeiro do piano traduz em mim, a vontade de procurar a origem desse som.
Ele passa entre os orifícios dos meus ouvidos e penetra com amor dentro da
minha mente, que sem segurança daquilo mente por não fugir a realidade. Que
será aquele som? Será o som da verdade? Depois de ler as minhas musicas
descubro que que são letras com erros e sem amor, porque não têm o seu som
predilecto. A melodia do piano é como a melodia do correr da água numa manhã de
primavera, que pelas bordas do rio ela corre. O seu som acalma a vontade das
pequenas pedras fugirem. Deixa para trás isso, diz a minha mente que não sabe
questionar aquele som. Disfarcei-me de pianista e compus a mais bela melodia de
amor, mas nem o som nem a pessoa em si, a adorou, que farei eu, este que toca
com amor a música? Em questão de segundos deixei este lugar e mergulhei no som
do piano, que sozinho tocava na sala da musica daquele palácio de outrora, que
não passava de uma velha sala de uma velha casa. Nos seus arredores eu busco a
harmonia das palavras para conquistar aquelas pautas e aqueles sons, porque
afinal não sou eu que toca, é alguém que o meu olhar desconhece, mas que o meu olhar
brilha ao som harmonioso daquele piano, mas e porque escrevo um texto com o título
de uma coisa que nem as palavras atingem? A frustração da minha alma é grande e
com ela vai a vontade de ser mais que uma alma, ser o som da alma do piano, a
minha alma é como uma jaula que guarda algo perigoso e eu sem dúvida das minhas
palavras, eu sou um perigo, porque escrevo com a forma dos sentimentos e não os
sinto, não copio, mas crio a minha música no piano e esta é a minha música.
Nunca chorei com lagrimas, mas chorei com palavras, por isso é que questiono o
som do vento, mas não a sua vontade, porque se eu questionei o som do vento e
não a sua vontade, também questiono o som das lágrimas e não a sua vontade de
fazer um som harmonioso, assim acontece o mesmo com o som do piano, não o quero
questionar, mas questiono quem o toca e quem o produz, porque produzem pautas
sem amor, e essas folhas, porque não passam de folhas, não são dignas de tocar
no piano. Assim fala o som do piano produzido pelas minhas letras, que outrora
foram sentidas por alguém que as quis sentir...
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